O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta quinta-feira (8) que o ajuste fiscal que o governo tem promovido para tentar equilibrar suas contas está sendo aplicado em um ritmo abaixo do esperado diante do conflito político com o Congresso.
Tombini discutiu com outros presidentes de bancos centrais o desafio que as instituições têm enfrentado durante o encontro internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Lima, no Peru.
As perspectivas do Fundo Monetário Internacional sobre o desempenho da economia brasileira neste ano pioraram e os técnicos já enxergam uma retração de 3%, o dobro da estimativa anterior. A queda prevista é até mais intensa que a dos economistas do mercado financeiro brasileiro, que acreditam em um recuo de 2,85%.
O FMI estima ainda que a inflação no Brasil chegue a 8,9%, acima do teto da meta do Banco Central, que é de 6,5%. Em relação às previsões dos economistas brasileiros, que veem uma inflação de 9,53% no final do ano, a estimativa do FMI é menos pessimista. Em setembro, de acordo com dado mais recente do IBGE, a taxa já está em 9,49%.
Resultados fiscais
Há menos de um mês, o presidente do Banco Central afirmou que a melhora das contas públicas com geração de superávits primários - economia para pagar juros da dívida pública - tem ocorrido em "velocidade inferior à inicialmente prevista".
Na ocasião ele disse que era fundamental que fosse mantida "determinação para a retomada de resultados primários positivos". "Considerando que o ajuste fiscal também possui suas próprias defasagens entre a discussão e a adoção das medidas e seus resultados, quanto mais tempestiva for a implementação do processo em curso, mais rápida será a retomada de uma trajetória favorável para a dívida pública e para a confiança de famílias e empresas."
Dólar
Na semana em que o dólar atingiu sua maior cotação em relação ao real da história, Tombini sugeriu que o Banco Central poderia vender dólares de suas reservas internacionais. Desde 2013, o BC vem atuando no câmbio por meio da oferta de contratos de "swaps cambiais", operações que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, e, mais recentemente, com os chamados leilões de linha – venda de dólares no mercado à vista, mas com retorno posterior para as reservas cambiais.
Inflação
Diante do avanço da inflação – que vem refletindo principalmente nos últimos meses o realinhamento de preços administrados, – a expectativa do Banco Central é que o índice oficial acumulado em 12 meses atinja seu pico neste trimestre e permaneça em níveis elevados até o final do ano. Conforme afirmou Tombini, em agosto deste ano, nos primeiros meses de 2016, a trajetória de queda dos preços deverá ser iniciada.
Juros
Com a expansão da inflação, Tombini já sinalizou que o BC manterá a atual estratégia de manter a taxa Selic no nível em que está, 14,25% ao ano, por um período "suficientemente prolongado" de tempo.