Mato Grosso, 20 de Abril de 2024
Economia / Agronegócio

CNI prevê retração de quase 3% para o Produto Interno Bruto em 2015

08.10.2015
15:35
FONTE: G1

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) passou a prever uma retração de 2,9% para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o pior resultado do últimos 25 anos, informou a entidade nesta quinta-feira (8) por meio do "Informe Conjuntural". Até então, a estimativa era de uma contração de 1,6% para o PIB deste ano.

"A insegurança econômica causada pela forte deterioração das contas públicas e as dificuldades para construir o ajuste fiscal determinaram uma recessão de magnitude mais intensa do que a inicialmente esperada para o ano de 2015. O ambiente de instabilidade se completa com a taxa de inflação anual próxima a 10% e grande volatilidade nos mercados de câmbio e de juros", avaliou a CNI.

Segundo análise do chefe da Unidade de Política Econômica da entidade, Flavio Castelo Branco, para retomar o ciclo de crescimento, é preciso um ajuste fiscal mais amplo do que a busca por uma meta de superávit primário em 2015 e 2016.

"É preciso ir além, pensar em um ajuste fiscal de longo prazo, que implica em revisão de critérios e mecanismos que determinam reajuste automático de despesas, como nós temos. E cada vez mais estão aparecendo novas determinações como novas despesas. Ontem mesmo foi aprovada uma emenda da desaposentação, a possibilidade de rever o seu benefício. Isso implica em custos para a Previdência, que vão se manifestar ao longo do tempo em necessidades de recursos e em implicações para o longo prazo", avaliou ele.

Indústria é o setor mais afetado

A indústria, de acordo com avaliação da entidade, é o setor mais afetado pela deterioração da economia. Para a CNI, o PIB industrial fechará o ano com queda de 6,1%. Será a segunda redução anual consecutiva do PIB industrial, que encolheu 1,2% em 2014. A previsão anterior da confederação para o recuo do PIB industrial neste ano, feita em julho, era de uma queda menor: de 3,8% em 2015.

Na decomposição da previsão de PIB, a indústria extrativa apresentará alta de 7,1% neste ano, segundo a CNI, mas o PIB da indústria de transformação deverá ter um tombo de quase 10% (-9,5%), enquanto a construção civil deverá recuar 8,2% e os serviços deverão registrar contração de 2% neste ano. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias deverá cair 2,3% e os investimentos deverão ter recuo de 13,4%. Com queda maior das importações do que das vendas externas, o setor externo deverá contribuir positivamente com alta de 1,5% para o PIB neste ano.

Inflação, juros e câmbio

Para a inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referêcia para o sistema de metas brasileiro, a previsão avançou de 8,9%, em julho deste ano, para 9,6% no documento divulgado nesta quinta-feira, acima do "teto" deste ano, de 6,5%.

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Quanto maiores as taxas, menor a quantidade de crédito e de pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a baixar ou estabilizar os preços. Para 2014, 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Para a taxa básica de juros, a entidade também prevê, assim como a maior parte dos analistas do mercado financeiro, estabilidade em 14,25% ao ano até o fechamento de 2015. Sobre a taxa de câmbio, a CNI subiu de R$ 3,25 para R$ 4 por dólar sua estimativa para o dólar em dezembro deste ano.

Balança comercial e contas públicas

A CNI baixou de US$ 202 bilhões para US$ 188 bilhões a perspectiva das exportações e de US$ 197 bilhões para US$ 178 bilhões a previsão das importações. Já a expectativa de  superávit da balança comercial (exportações menos importações) subiu de US$ 5 bilhões para US$ 10 bilhões em 2015 fechado.

Sobre as contas públicas, a estimativa da entidade é de um déficit primário de 0,05% do PIB para este ano, ou seja, abaixo da meta de superávit (receitas menos despesas, sem incluir juros da dívida pública) de 0,15%, ou R$ 8,7 bilhões, fixada para a equipe econômica para este ano. Em julho, a previsão da CNI era de que o setor público teria um superávit de 0,4% do PIB.

"A queda real na arrecadação do setor público será determinante para o não cumprimento da meta de superávit primário em 2015. Apesar da redução de despesas, até mesmo a meta reduzida não deve ser alcançada, em função do impacto da retração da atividade econômica sobre o recolhimento de tributos", avaliou a entidade.

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