Os números do desemprego não param de subir em Campinas(SP) e, pela primeira vez em 20 anos, o índice chegou aos dois dígitos: 10,23%. Em dois anos, o número de desempregados na cidade mais que dobrou, passando de 28.589, em abril de 2014, para 68.015 em junho deste ano.
Os números revelam que, em abril de 2014, 4,67% da população economicamente ativa estava sem emprego. No fim do mesmo ano, em dezembro, esse número subiu pra 6,75% e continuou crescendo. Em abril do ano passado, o índice chegou a 7,48% e, em dezembro, foi a 9,56%. Já em junho deste ano, o índice de desemprego chegou aos 10,23%.
A cidade, que tem mais de um milhão de habitantes e 665 mil pessoas economicamente ativa, possui hoje pouco mais de 68 mil desempregados. Este é, praticamente, o mesmo número de pessoas que trabalham no centro expandido da cidade: 66 mil. É como se, de repente, todo o comércio do Centro fechasse as portas e demitisse seus funcionários.
Histórico
Este é o pior número registrado em 20 anos, segundo dados do IBGE, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados e da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic).
O comerciante Francisco Dias de Paiva, que trabalha há 46 anos no Centro, conta nunca ter passado por situação tão crítica. Pela primeira vez, teve que demitir muitos funcionários. “Mandei 50% do meu quadro de funcionário embora. Se não fizesse, fechava as portas”, lamentou.
André Alberich é dono de uma empresa que produz comida para festas há 22 anos e precisou fazer um corte de quase 30% no quadro de funcionários. Para manter o negócio, ele investiu em cafés para empresas e trocou os empregados que ganhavam mais por gente que estava procurando o primeiro emprego.
“São cortes que a gente vai fazendo dosado, mas dói. É um momento muito difícil porque a gente sabe que vai dispensar quem precisa daquele trabalho e quem tem família”, contou André.
O economista Eli Borochovicius não vê solução fácil e acredita que só em 2018 economia vá dar sinais de melhora.
“A partir do momento que o tem o índice de desemprego está mais alto, a população deixa de consumir e isso acaba afetando todas as outras cidades da região. É um número relevante e preocupante para economia. A gente precisa ter paciência porque a expectativa é que a gente comece a girar a economia agora e só tenha resultado a partir de 2018. O ano de 2017 ainda vai ser um ano difícil para nós”, acredita.