Mato Grosso, 23 de Abril de 2024
Economia / Agronegócio

Economia dá sinais de busca por estabilização, dizem analistas

31.08.2016
10:18
FONTE: G1

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A queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre veio em linha com as expectativas, de acordo com economistas ouvidos pelo G1. Os especialistas apontam ainda expectativa de que a economia se estabilize ou retome o crescimento a partir do quarto e último trimestre do ano.

“Estamos tateando o fundo do poço”, afirma Thaís Marzola Zara, economista chefe da Rosemberg Associados. “O resultado veio em linha com o que a gente estava esperando. Basicamente, já temos os primeiros sinais de que a economia está buscando a estabilização", diz.

"Provavelmente, ainda vai ter outra queda no terceiro trimestre para aí começar a buscar a estabilidade ou crescimento no quarto”, avalia Zara, acrescentando, no entanto, que “a recuperação vai ser bem lenta e gradual”.

Já Miguel Daoud, consultor da Global Financial Advisor, ressalva que, “se a questão do impeachment não melhorar o humor do investidor, no ano que vem provavelmente no ano que vem a gente não terá uma reversão desse cenário negativo”.

Para Pedro Raffy Vartanian, economista do Mackenzie, a queda de 0,6% veio dentro do esperado, “em função da conjuntura atual de política monetária de combate à inflação, tentativa de ajuste fiscal e instabilidade política”.

Em relação às perspectivas para a economia, Vartanian espera uma recuperação gradual a partir de 2017, e no segundo semestre o PIB deve voltar a ter variação positiva. “Não deverá ser uma grande taxa de crescimento, mas será superior a 1%. Dois anos consecutivos de queda no PIB não é comum na história brasileira”, diz. O professor prevê ainda que o desemprego deverá inverter a tendência de corte de vagas a partir do segundo semestre com a estabilidade da inflação.

Forte queda da agropecuária
A agropecuária foi o que registrou a maior queda no trimestre, com perda de 2%. Zara aponta que o desempenho negativo do setor já era esperado, já que “tivemos dificuldades com a safra de algumas culturas especificas”.

Daoud explica que o setor foi impactado pelo clima, a queda do preço das commodities no exterior e pela valorização do real.

Para Vartanian, a queda na agropecuária chama a atenção porque o setor vinha reagindo bem. “Mas tem a ver com sazonalidade e algumas culturas foram afetadas pela perda da produtividade”, diz.

Indústria tem leve alta
A indústria teve alta de 0,2% no trimestre, dado que é apontado por Zara como um sinal de “recuperação em ritmo moderado”.

Daoud comenta que “a indústria foi o setor que respondeu mais imediatamente” à crise econômica, “e agora está se recuperando em decorrência do exagero que houve no passado”.

O economista afirma que o setor foi beneficiado pelo câmbio, ao contrário da agricultura. “O que ajudou a indústria foi o câmbio, não a demanda”, diz o especialista, referindo-se à queda de 0,7% do consumo das famílias.

Apesar da alta da indústria, Vartanian alerta que esse indicador não pode ser visto como uma recuperação do setor.

“Comparada com o ano anterior, a queda foi de 3%. É que no 1º trimestre houve férias coletivas, carnaval e interrupção de atividades para ajuste nos estoques, então é normal na base de comparação haver alta no segundo semestre. O que vale é a base de comparação com o mesmo trimestre do ano anterior”, afirma.

Consumo e serviços em queda
Daoud credita a queda do consumo, assim como o recuo de 0,8% do setor de serviços, à alta do desemprego. Vartanian complementa que a queda do consumo das famílias e do setor de serviços também está relacionada ao aumento da taxa de juros.

“No caso do consumo das famílias, houve queda por receio de desemprego num cenário de crédito caro. Nos serviços tem a ver com o poder de compra dos trabalhadores. A inflação afetou o orçamento das famílias e a demanda por serviços”, explica.

Investimentos sobem
Zara destaca o crescimento dos investimentos após uma sequência de quedas. “Vale a pena destacar a formação bruta de capital fixo, que são os investimentos. Subiu 0,4% depois de 10 trimestres de queda. Subiu pouco, mas subiu, mostrando que a gente começa a vislumbrar um horizonte melhor para 2017”, diz a especialista.

Já Daoud avalia que “o investimento melhorou muito pouco, e não estabelece uma tendência”. “O investimento melhorou muito pouco. Como teve nos últimos tempos uma queda muito forte, esse aumento não é grande coisa pelo tamanho da nossa economia."

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