Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
Economia / Agronegócio

Estocagem de suínos está no 'limite', diz associação de criadores em SC

25.03.2017
10:00
FONTE: G1

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Uma semana após a operação Carne Fraca ser deflagrada, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) informou que o setor de suínos do estado trabalha no limite de estocagem e haverá sobrecarga de animais abatidos entre sábado (25) e domingo (26). Diversos países interromperam as importações ou retiraram a carne brasileira dos mercados, como é o caso de Hong Kong, anunciado nesta sexta-feira (24).

O Ministério da Agricultura informou na última quarta-feira (22) que o prejuízo aos exportadores de carne de todo país chega a R$ 1,5 bilhão. O governo do estado confirma que os frigoríficos estão diminuindo os abates para garantir espaço para armazenar as carnes, mas não divulga o prejuízo total no setor.

"Na verdade, essa semana é o limite. Esperamos respostas, ou vai começar a ser um problema. Nosso tempo máximo de estocagem é de uma semana. Nós estamos muito perto", disse o presidente da ACCS, Losivanio Luiz Lorenzi.

Segundo ele, mensalmente, Santa Catarina comercializa 800 mil toneladas de suínos abatidos. A capacidade de estocagem, no caso de retenção de produto, é de cerca de 200 mil toneladas mês.
"Daí os frigoríficos não começam a abater e se tornam altos os custos. A gente está ansioso por respostas. Nós temos total confiança na sanidade do nosso produto. A questão é pontual", complementa Lorenzi.

No estado, 8 mil famílias dependem de suínos, segundo a associação. São criadores, pequenos produtores do Oeste catarinense.

Setor de aves segue produção integrada
Conforme o governo do estado, cerca de 15% do PIB do estado é relacionado a comercialização de carnes em geral. De acordo com o Sindicarne, majoritariamente, o setor é composto de suínos e aves.

O secretário-executivo do Sindicarne, Ricardo Gouvêa, esclarece que é possível postergar por alguns dias o abate de suínos. Já a criação de aves não segue essa lógica, já que normalmente a própria empresa faz todos os processos, da criação até a venda para os supermercados.

"No setor de aves, 90% do trabalho é integrado. Ou seja, os produtores estão seguindo as rotinas normais de abate e armazenando, mandando para o mercado", disse Gouvêa.

O Sindicarne disse que não há redução na produção de aves, mas confirma que há uma retenção. "Sabemos que, com o embargo provisório, começa haver uma represa lá na distribuição. Nós estamos tendo que estocar", disse o secretário.

O secretário ainda diz que não há orientação para reduzir a produção, nem ao menos na fase incubatória, onde as aves ainda estão nos ovos. "Não teria cabimento", disse Gouvêa. Também não há informações sobre demissões ou férias coletivas no setor de aves.

Mercado interno segue processando carne
A Associação Catarinense dos Estabelecimentos Aderidos ao Sistema Brasileiro de Inspeção (Sisbi) afirma que está normal a rotina para as 70 empresas associadas, como frigoríficos e os chamados entrepostos de produtos de origem animal. Elas compram carne in natura para produzir alimentos processados como salame, linguiça e outros.

"Os estabelecimentos estão adquirindo carne normalmente. Nossos estabelecimentos fazem o comércio para o mercado interno e estão normalizados. Compra dos supermercados não mudou", disse o assessor jurídico da entidade, Alípio Egídio Kulkamp.

Kulkamp ainda esclarece que todas as empresas credenciadas passam pela fiscalização de ao menos três fiscais: o estadual, o municipal e um inspetor credenciado pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).

Preços e empregos
Ainda de acordo com Lorenzi, atualmente, o valor do preço do suíno continua o mesmo, cerca de R$ 4,30 o quilo na comercialização do produtor.

"O prejuízo é incalculável, os mercados vão querer barganhar, vai ser uma questão bem complexa. Principalmente nos novos contratos", prevê Lorenzi.

Conforme a ACCS, até esta sexta-feira (24) a associação não tinha informações sobre demissões ou férias coletivas. O mesmo foi informado pelo Sindicarne e a associação de frigoríficos.

"A longo prazo, quem deve sofrer é o pequeno produtor. A carne não vai conseguir ir para o mercado externo e vai inflar o mercado interno. Isso vai tornar a concorrência bastante acirrada, principalmente para as  pequenas agroindústrias", explica Kulkamp.

Situação portuária ainda não contabilizada
A situação portuária também preocupa o setor, embora não haja números oficiais sobre a quantidade de carga parada. "Esse produto parado está sendo pago, como por exemplo os navios parados que não entregam produto", disse Gouvêa.

O governo do estado também confirma a situação. “Nós temos algumas milhares de toneladas de carne que estão embarcadas, que não estão sendo descarregadas. Mas esperamos que nos primeiros dias a gente possa viabilizar esse descarregamento”, declarou na quarta-feira (22) o secretário de Estado de Agriculta, Moacir Sopelsa, após reunião no Ministério da Agricultura.

O Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes informou nesta sexta-feira (24) não ter balanço de diminuição de exportações ou retenção de contêineres. A APM Terminals, empresa responsável pela logística do porto de Itajaí disse que não se pronuncia oficialmente sobre o caso.

A Portonave, responsável pelo escoamento da produção em Navegantes, diz que o impacto não foi sentido porque as operações de retirada e entrega de contâiners ocorrem com cerca de 10 dias de antecedência. A empresa, no entanto, fala que está "acompanhando o desenrolar dos fatos".

Carne congelada foi o segundo produto mais exportado pela Portonave em 2016. A empresa detém 55% dos mercados de contêineres. Já a APM Terminals informou que, em 2016, 25% dos contêineres distribuídos foram de carne congelada.

Conforme o presidente do Sindicarne, outro problema é a greve dos caminhoneiros, que  afeta o embarque da carne. "Mas com a escolta da Polícia Militar, essa carne também está dando vasão", disse Gouvêa.

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