Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Economia / Agronegócio

Estrangeiros põem R$ 4,2 bi na bolsa em julho e impulsionam Bovespa

22.07.2016
08:23
FONTE: G1

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

Mesmo com o país ainda em recessão, a melhora das expectativas em relação à recuperação da economia brasileira combinada com ventos um pouco mais favoráveis do exterior tem garantido fortes ganhos da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira acumula alta de quase 10% em julho e de 30,66% no ano.

Da mínima de 37.497 pontos atingida em meados de janeiro, o Ibovespa saltou nesta semana para um patamar acima de 56 mil pontos, o maior desde maio do ano passado, chegando a registrar uma sequência de 10 altas seguidas, a série mais longa desde agosto de 2010. Nesta quinta-feira (21), o índice fechou em alta de 0,11%, aos 56.647 pontos.

Os investidores estrangeiros, que respondem por cerca de metade do volume financeiro movimentado na Bovespa, vêm elevando suas apostas e contribuindo para o avanço do índice. Em julho, no acumulado até o dia 19, as entradas de capital externo (compras de ações) superaram as saídas (vendas de ações) em R$ 4,219 bilhões, segundo os últimos números disponibilizados pela BM&FBovespa.

Em junho, o ingresso de recursos externos somou R$ 1,16 bilhão, após uma retirada de R$ 1,8 bilhão em maio. 

Entre janeiro e julho, a entrada líquida (entradas menos saídas) de capital estrangeiro na Bovespa está em R$ 16,86 bilhões. O valor já supera o resultado fechado de 2015, quando as compras de ações por investidores e fundos de outros países superaram as vendas em R$ 16,38 bilhões.
 
Sinais de recuperação mais rápida
Ainda que alguns analistas vejam um “certo exagero” no ritmo de subida do indicador, cresce a percepção de que sinais de melhora no ambiente político e econômico, associados à perspectiva de maior ingresso de recursos estrangeiros, justificam o otimismo e podem dar suporte à manutenção do atual patamar e até mesmo a uma alta adicional até o final do ano.

“A bolsa e os mercados financeiros em geral costumam antecipar os movimentos da economia real e, sem dúvida, a gente vê sinais de virada de preços e da economia”, afirma Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos.

“Ainda não estamos vendo uma recuperação agressiva. Mas já parou de cair e está se estabilizando, o que já é grande coisa”, acrescenta o economista, citando ainda a melhora nas previsões para o PIB, como a última divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que passou a avaliar que o Brasil voltará a crescer em 2017, após 2 projeções de crescimento zero.

Fatores externos
Outro fator que contribui para a alta da Bovespa é a perspectiva de que um aumento de juros nos Estados Unidos irá demorar mais do que se imaginava. Nas últimas semanas, ficaram menores também os temores em relação a uma ruptura na União Europeia após a vitória do Brexit no Reino Unido.
 
“Há uma percepção clara de que os riscos externos ainda vão permanecer reduzidos e que os juros internacionais vão ficar muitos baixos por um bom tempo”, diz Eduardo Velho, economista-chefe da A2A Asset.

Taxas de juros próximas de zero nos Estados Unidos, Europa e no Japão tendem a fazer com que investidores busquem ativos de maior rentabilidade, como ações, e costumam garantir também um fluxo maior de capital estrangeiro para países emergentes como o Brasil. Com uma taxa de juros básicos em 14,25% ao ano, o país segue na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), com uma taxa de 8% ao ano – espécie de termômetro do retorno oferecido a detentores de títulos do Tesouro.

O mercado financeiro avalia que a tendência de fluxo cambial negativo (saída de dólares maior que a entrada) vista neste ano deverá ser revertida nos próximos meses. "Não vamos ver uma megaentrada de recursos como vimos anos atrás, mas acredito que a direção está virando", diz Velho.

Na última semana, a entrada total de dólares, somando os canais financeiros e comerciais, superou o saída de recursos no país em US$ 1,1 bilhão, segundo informou o Banco Central. No acumulado no ano até julho, entretanto, US$ 11,04 bilhões deixaram a economia brasileira.

A recente queda do dólar e a redução das projeções de desvalorização do real para o final de 2016 e 2017 também estariam contribuindo para tornar o país mais atrativo para o investidor estrangeiro. "Quando há uma expectativa de desvalorização da moeda internacional frente à local e de maior estabilização do câmbio, o investidor tende a antecipar a entrada e reduzir a saída", explica o analista.
 
'Cota de exagero'
Para Adeodato Volpi Netto, especialista em Mercado de Capitais da Eleven Financial, apesar da melhora das expectativas em relação à recuperação da economia há uma "cota de exagero" no comportamento das ações na bolsa.
 
"Quando há uma mudança de quadro, o mercado começa a precificar a tendência e a antecipar movimentos da economia real, mas na minha leitura o mercado superestima a velocidade da melhora", diz o analista, lembrando que até o momento "praticamente nenhuma medida econômica saiu do papel".

Ele cita, por exemplo, a expectativa em torno de privatizações como as de empresas do setor elétrico. Segundo Netto, a venda de alguns ativos pode sim melhorar a performance de estatais, mas o processo de venda não será simples e enfrentará um cenário ainda repleto de incertezas e obstáculos.

"Sem a aprovação de medidas fiscais e econômicas no Congresso, sem a confirmação do fim da interinidade deste governo, sem que medidas efetivas aconteçam, qualquer patamar no Ibovespa acima de 55 mil pontos tenderá a ser artificial, sem suporte na realidade da economia", avalia Netto.

Dependência de medidas no Congresso
Os analistas alertam que alguns papéis já estariam sobrevalorizados, o que pode motivar a qualquer momento um movimento de venda expressiva de ações para o embolso de ganhos por parte dos investidores, o que faria cair as cotações das ações.

"Hoje ainda existe uma pressão compradora muito grande, mas não se pode esquecer que o lucro só vira lucro quando realizado", observa Netto, lembrando que o o mercado de ações é um investimento de risco, composto por múltiplos ativos e sujeito a mudanças repentinas.

"O movimento ainda é de compra, mas obviamente em algum momento vai ter uma parada para esperar qual vai ser o formato da PEC fiscal, da reforma da Previdência e da capacidade do Banco Central atingir a meta de inflação", avalia Eduardo Velho, da A2A Asset.

Bovespa acumula 3 anos de perdas
A bolsa lidera o retorno de investimentos financeiros feitos no país no 1º semestre, de acordo com ranking elaborado pelo administrador de investimentos Fabio Colombo.

Apesar da alta de mais de 30% no ano, o Ibovespa ainda está bem longe das máximas históricas. O patamar recorde foi registrado em 20 de maio de 2005, quando o índice chegou a 73.516 pontos. Já a barreira dos 60 mil pontos não é rompida desde setembro de 2014.

A bolsa brasileira acumula 3 anos seguidos de perdas. Em 2015, a Bovespa foi o pior investimento do ano, com perda de 13,31%. Em 2014 e 2013, o Ibovespa também acumulou baixas, de 2,91% e de 15,5%, respectivamente.

A série de desempenhos frustrantes levou a uma fuga de investidores do mercado de ações brasileiros. A Bovespa fechou junho com 559.518 investidores individuais pessoas físicas, ante um total de 562 mil em maio e um pico de 610 mil em 2010.

Maiores altas e baixas
Da carteira de 59 ações do Ibovespa, apenas 10 acumulam perda no ano, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ENVIE SEU COMENTÁRIO