Mato Grosso, 08 de Maio de 2024
Economia / Agronegócio

Joaquim Levy era chamado de 'mãos de tesoura' no 1º mandato de Lula

27.11.2014
15:47
FONTE: G1

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  • Joaquim Levy dá entrevista no ministério da Fazenda em 2004, quando era secretário do Tesouro.
A presidente Dilma Rousseff escolheu o nome de Joaquim Levy, que estava na diretoria da administradora de investimentos Bradesco Asset Management, para comandar o Ministério da Fazenda em um momento de fragilidade das contas públicas – o que vem afetando o nível de confiança do empresariado e dos investidores.

Considerado ortodoxo, com uma atuação mais tradicional na economia, Levy, de 53 anos, é uma indicação de maior rigor fiscal e do abandono de manobras contábeis realizadas no passado recente para inflar o chamado "superávit primário" – a economia para pagar juros da dívida pública – capitaneadas pelo atual secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. No primeiro mandato de Lula, quando chefiou o Tesouro, Levy ganhou o apelido de "mãos de tesoura" por conter gastos públicos.

Mesmo com as chamadas "manobras contábeis" e com recursos de parcelamentos, as contas do governo registraram forte deterioração nos últimos anos – com a erosão do chamado superávit primário. A expectativa do mercado é que o resultado das contas públicas de 2014, após o pagamento de juros, seja o pior em 11 anos. Para ajustar contas, governo pode cortar benefícios e aumentar impostos, dizem economistas.

A expectativa dos economistas é que, com a recomposição do superávit primário, fruto de um ajuste a ser implementado nas contas públicas, a nova equipe econômica consiga um controle maior da inflação e, consequentemente, a redução da taxa básica de juros da economia brasileira – atualmente em 11,25% ao ano, o maior patamar em três anos. O juro real (após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses) no Brasil é o maior do mundo. Com juros menores no futuro, haveria melhores condições para os investimentos e para um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB).

Economista de bem avaliado pelo mercado financeiro e dentro do governo, Levy costuma ser bem humorado, gentil no trato, mas pode ser irônico quando deseja. Casado com uma advogada, é pai de duas filhas. Quando estava na equipe econômica no primeiro mandato de Lula, costumava conduzir longas jornadas de trabalho no comando do Tesouro Nacional.

A indicação de Levy para o Ministério da Fazenda foi elogiada por Aécio Neves, que concorreu com Dilma Rousseff nas eleições deste ano para Presidência. Segundo ele, Levy é um "grande amigo pessoal". Ao blog do Camarotti, Aécio citou ainda uma frase de Armínio Fraga, que seria ministro da Fazenda caso ele ganhasse as eleições, sobre Levy: "É como se um quadro da CIA fosse indicado para comandar a KGB".

Currículo             
  
  Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, identificada com o neoliberalismo, Levy chefiou o Tesouro Nacional entre o início de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, e março de 2006. Ele é considerado menos sujeito a pressões da presidente Dilma Rousseff que economistas que estão no governo ou que já participaram dele. Espera-se do novo ministro da Fazenda uma atuação mais previsível, com regras mais claras.

Nascido no Rio de Janeiro e formado em Engenharia Naval, Levy obteve o doutorado em Economia pela Universidade de Chicago em 1992 e o mestrado em economia pela FGV em 1987. Iniciou sua carreira em 1984, no Departamento de Engenharia e na Diretoria de Operações da Flumar S/A Navegação.

Também foi professor do curso de mestrado da Fundação Getúlio Vargas em 1990, antes de integrar os quadros do Fundo Monetário Internacional, onde, de 1992 a 1999, ocupou cargos nos Departamentos do Hemisfério Ocidental, Europeu I e de Pesquisa, em particular nas Divisões de Mercado de Capitais e da União Européia.

No período de 1999 a 2000 exerceu, como economista visitante no Banco Central Europeu, atividades nas Divisões de Mercado de Capitais e de Estratégia Monetária. No ano de 2000 foi nomeado Secretário-Adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e, em 2001, Economista-Chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, assumindo o Tesouro Nacional em 2003.

Após deixar o governo federal, em 2006, Levy foi vice-presidente de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento, cargo que ocupou por oito meses. Depois, assumiu a secretaria de Fazenda do estado do Rio de Janeiro no governo Sérgio Cabral, onde permaneceu por mais de três anos, indo em seguida para o comando do Bradesco Asset Management.

Ajuste nas contas públicas

Quando Levy assumiu o Tesouro Nacional há 11 anos, assim como acontece no fim deste ano, havia forte desconfiança do mercado e dos empresários com os rumos da economia brasileira. No início da era Lula, Levy, sob o comando do ex-ministro Antonio Palocci, executou um ajuste fiscal que aumentou fortemente o esforço fiscal (a economia de gastos do governo).

Entre 2003 e 2006, ele realizou superávits historicamente elevados. Quando chefiou o Tesouro Nacional, o esforço fiscal médio médio (em 12 meses) do setor público consolidado (governo, estados e municípios) somou 3,5% do Produto Interno Bruto (série histórica revisada, sem as empresas estatais), o que contribuiu para afastar os temores sobre a condução da economia no início do governo Lula e a acalmar os investidores.

Na gestão de Arno Augustin, que teve início em junho de 2007, o superávit primário do setor público médio ficou um ponto percentual menor: 2,55% do PIB. Se forem levados em consideração apenas os últimos 12 meses (entre outubro de 2013 e setembro deste ano), o valor recuou mais ainda, para 1,55% do PIB. No acumulado de 2014, até outubro, houve déficit primário pela primeira vez na história.

Além disso, na proporção com o PIB, as despesas totais do governo cresceram e atingiram o recorde de 19% no ano passado. Até o momento, o maior percentual registrado era o de 2010 (18,6% do PIB). A série histórica do Tesouro para este indicador tem início em 1997.

Em 2014, o aumento de despesas teve continuidade. Além disso, em ano eleitoral, as receitas desaceleraram, por conta do fraco ritmo de crescimento da economia e das desonerações – o que levou o governo a enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional abandonando completamente a meta fiscal fixada anteriormente.

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