Mato Grosso, 29 de Março de 2024
Economia / Agronegócio

Meteorologista alerta para mudanças no clima mato-grossense

27.03.2015
07:43
FONTE: Assessoria

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Prospectando a condição climática daqui a 10 anos, o meteorologista Luiz Carlos Molion, afirmou que o mundo caminha para um resfriamento global e não um aquecimento global, isso porque o oceano Pacífico tem dado sinais de que está esfriando, segundo o pesquisador. 

“Nos últimos 17 anos o Pacífico tem mantido sua temperatura estável com tendência de um ligeiro resfriamento para os próximos 10 anos. A previsão de redução de chuva no total pluviométrico do ano fica em torno de 10% a 20%. Porém a maior preocupação não é com esse total pluviométrico e sim com a distribuição dessas águas e não temos dados suficientes para afirmar  se os veranicos estão mudando suas datas de ocorrências”, informou Molion. 

Durante os anos em que o oceano permaneceu quente e que houve um aquecimento global natural, os veranicos aconteciam a partir do dia 20 de janeiro e duravam duas ou três semanas entrando em fevereiro. 

“Ultimamente os veranicos já estão começando no terceiro decêndio de dezembro, ou seja, um mês antes do que aconteciam. O importante para a produtividade não é tanto a quantidade de chuva, mas a distribuição da mesma levando em consideração o estágio da planta. Então é preciso que as pesquisas se concentrem nesse fator para verificarmos realmente se está ocorrendo essa mudança e se a frequência deles vai aumentar. Se isso for constatado nos deparamos com o fator mais difícil nessa situação que é fazer o produtor mudar o calendário de plantio”, declarou o meteorologista.

Molion ressalta que essa alteração não seria um problema, uma vez que no Brasil as lavouras não sofrem com quedas de temperatura, como ocorrem em outros países produtores de soja. 

“Portanto podemos mudar nossa janela de plantio de acordo com a disponibilidade de água da chuva. Porém, em Mato Grosso, acredito que o agricultor poderia preferir plantar na época tradicional e ter menos produtividade, com o argumento de que depois ela ainda teria a safrinha”, acrescentou o pesquisador. 

O meteorologista explica que o clima de Mato Grosso depende muito das frentes frias que chegam a região. 

“Se essas frentes frias não chegarem, como foi o caso do ano passado em que o índice de chuva ficou abaixo do esperado, o produtor terá que ter determinados cuidados e tomar medidas para se conservar mais água no solo, como ter mais matéria orgânica na terra e construir obstáculos para obrigar água a se infiltrar. Nesse sentido o que me preocupa são as partes em que o solo está mais compactado, o que dificulta a infiltração no solo e sem água a planta não tem como se desenvolver”, observou Molion.

Crise da água
Sobre a “crise da água” registrada no estado de São Paulo, o pesquisador reafirma que essas estiagens são cíclicas. 

“O pluviômetro da Estação da Luz tem dados desde 1888 que mostram que secas como essa, até mais severas, já ocorreram no início da década de 30, de 60, ou seja, isso nada mais é que uma repetição. A diferença é que o impacto social é maior devido ao fato de a população também ser maior”, analisou o meteorologista. 

Molion avalia que na década de 60 não foram tomadas medidas necessárias para se prevenir uma nova crise. 

“Ninguém parou para pensar no que aconteceria se aquela seca voltasse a se repetir daqui a alguns anos em uma realidade em que a população fosse maior e o que isso acarretaria. Claro que o fenômeno é forte e extremo, mas já ocorreu antes e parte da culpa cabe a um erro de administração”, advertiu o pesquisador. 

A tendência para os próximos cinco anos é a de que a incidência de chuvas fique em torno do normal ou abaixo da media. 

“Reservatório como o Cantareira, por exemplo, não se recupera em um curto espaço de tempo, estamos falando de um problema que deve existir até cerca de 2021”, finalizou Molion.

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