O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, conheceu na tarde desta sexta-feira os experimentos de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) desenvolvidos na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Durante a visita, pesquisadores apresentaram algumas das pesquisas desenvolvidas de maneira multidisciplinar e integrada.
Neri Geller esteve em dois experimentos. Um deles é um sistema integrado visando a pecuária leiteira. Em uma área de 80 hectares, há rotação de culturas como milho, feijão-caupi e pastagem, além de árvores de eucalipto e castanheira como componente florestal. O outro experimento, de cerca de 100 hectares, tem como foco a pecuária de corte. Nela há rotação de culturas como soja, milho e pastagem integradas com eucalipto.
Ambos os experimentos são de larga escala e de longa duração. Neles, dezenas de pesquisadores trabalham de maneira integrada, avaliando diferentes aspectos do sistema produtivo.
“É extraordinário a ciência que está sendo implantada aqui. Aqui é centro da produção. Ver in loco me deixa muito motivado e feliz pelo grande trabalho que a Embrapa está fazendo”, disse o ministro.
Geller visitou obras em execução no campo experimental, como casa de ordenha, sala de veterinária, galpões e currais. Também andou por um experimento que avalia níveis de irrigação de dendezeiro para a produção de biodiesel, passou por um experimento de restauração de reserva legal e conheceu um equipamento único no Brasil, que faz coleta e avaliação automática das emissões do solo de gases de efeito estufa. Com este dispositivo, é possível obter dados em tempo integral, contribuindo para o conhecimento do comportamento dos sistemas produtivos, e consequentemente para o desenvolvimento de processos com menor taxa de emissão.
iLPF
A integração lavoura-pecuária-floresta é uma estratégia produtiva que integra diferentes componentes agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. A iLPF possui combinações variadas, não sendo necessária a presença dos três componentes simultaneamente.
Entre os principais benefícios atribuídos à iLPF estão a otimização e intensificação da ciclagem de nutrientes no solo, a melhoria do bem-estar animal em decorrência do conforto térmico, diversificação da produção, aumento da produção de grãos, fibras, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros, maior eficiência de utilização de recursos naturais, redução da sazonalidade do uso da mão de obra, redução na pressão pela abertura de novas áreas com vegetação nativa e a flexibilidade, que permite ser adaptado para diferentes realidades produtivas.
Por todas estas vantagens, a estratégia faz parte do Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), programa federal que incentiva a adoção de tecnologias sustentáveis.
Para o ministro Neri Geller, as pesquisas desenvolvidas são importantes para embasar os programas de governo.
“Com estas pesquisas poderemos ver exatamente a dimensão destes investimentos, para onde eles vão e qual o resultado prático em termos de sustentabilidade e também de produtividade”, disse.
De acordo com estudo realizado pela doutoranda da Universidade de Hohenheim Juliana Gil, em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril e com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso possui atualmente cerca de 500 mil hectares com sistemas integrados, sendo 89% da área com integração lavoura-pecuária, 5% com integração pecuária-floresta, 5% com iLPF e 1% integração lavoura-floresta. Esta área representa quase um quarto da extensão estimada para este tipo de estratégia de produção em todo o país.
Embrapa Agrossilvipastoril
A Embrapa Agrossilvipastoril é uma das 46 Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Foi criada em maio de 2009 e teve sua sede inaugurada em julho de 2012.
Atualmente a Unidade conta com 89 empregados, sendo 31 deles pesquisadores. Outros 19 empregados de outros Centros de Pesquisa da Embrapa, incluindo 12 pesquisadores, são lotados na Embrapa Agrossilvipastoril e desenvolvem seus trabalhos em Sinop e região.
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