O grupo de telecomunicações Oi pretende se reunir com detentores de bônus e bancos credores na próxima semana para voltar a discutir estratégias para equacionamento de sua dívida, após o pedido de recuperação judicial da companhia aceito na quarta-feira (29) pela Justiça do Rio de Janeiro, afirmou o presidente-executivo da empresa, Marco Schroeder.
Segundo ele, entre as alternativas que a empresa levará aos credores enquanto inicia a preparação do plano de recuperação judicial a ser apresentado à Justiça nos próximos 60 dias estão propostas de corte no valor principal da dívida (haircut), alongamento de prazos e conversão de parte dos débitos em ações do grupo.
Ele não forneceu detalhes sobre os termos de reestruturação de dívida que a Oi pretende levar para discussão com os credores.
Venda de ativos no Brasil por ora está descartada, diante da complementariedade das operações de telefonia fixa, móvel e banda larga da empresa. Porém, a opção de venda dos ativos africanos estará incluída no plano de recuperação, afirmou Schroeder à Reuters por telefone nesta quinta-feira.
Ativos da Oi no exterior
"Não acredito em venda de ativo aqui no Brasil porque são integrados. Talvez os ativos no exterior porque continuamos com operações na África e em Timor (Leste). Tem alguns interessados. O plano deve contemplar possivelmente a venda desses ativos", disse Schroeder.
Nesta quinta-feira, a agência de notícias Lusa publicou que o empresário timorense Nilton Gusmão está perto de fechar a compra dos ativos da Oi em Timor Leste, e citou fontes afirmando que a operação rondaria os US$ 45 milhões, incluindo US$ 25 milhões em dívida.
Schroeder disse que há interessados nos ativos em Timor Leste, sem entrar em detalhes.
No caso da Unitel, o presidente da Oi lembrou que há um processo de arbitragem em Paris envolvendo pagamentos de dividendos da empresa angolana para a Oi, que possui 25%da companhia africana.
"Já tivemos negociações para vender a Unitel, mas nunca houve entendimento sobre o preço", afirmou.
Os acionistas controladores da Unitel são a empresária angolana Isabel dos Santos, filha do presidente do país e mulher mais rica da África, o grupo angolano Sonangol, o fundo Helios e a Oi, por meio da PT Ventures, cada um com 25%.
Schroeder negou que a Oi tenha mantido contatos recentes com o magnata egípcio Naguib Sawiris, que afirmou à Bloomberg dias atrás que está pronto para investir na empresa brasileira se ela concordar com uma reestruturação, obter capital novo e preparar um forte plano de recuperação.
"Ele não teve contato com a Oi ainda", afirmou o executivo.
Próximos passos
O presidente da Oi elogiou a decisão do juiz do processo de recuperação do grupo que deu à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prazo de cinco dias para indicar até cinco empresas especializadas para serem avaliadas para o papel de administrador judicial da empresa.
Na quarta-feira, o presidente da Anatel, João Rezende, e o secretário de telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, André Borges, afirmaram que o governo não está vendo necessidade em intervenção na Oi no curto prazo diante da continuidade dos serviços prestados pela operadora.
As ações ordinárias da Oi exibiam queda de 4,57% por volta das 11h35. Desde a apresentação do pedido de recuperação judicial, em 20 de junho, até o dia 29, os papéis acumularam valorização acima de 55%.