O ingresso de dólares no Brasil superou a saída em US$ 6,5 bilhões em abril, informou nesta quarta-feira (4) o Banco Central. Com isso, os dólares voltaram a fluir para a ecomomia brasileira após dois meses de retiradas motivadas pela crise e pelo rebaixamento da nota de crédito do país.
Esse também foi o maior ingresso mensal de recursos desde abril do ano passado, quando US$ 13,1 bilhões entraram na economia brasileira, ainda segundo números da autoridade monetária.
Entretanto, no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, US$ 3,84 bilhões deixaram a economia brasileira. No mesmo período de 2015, houve ingresso de US$ 17,87 bilhões no país.
Impacto no dólar
A entrada de dólares em abril favoreceria, em tese, a desvalorização da moeda. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a cair. No mês passado, de fato, o dólar registrou queda.
No fim de março, estava cotado em R$ 3,59 e, no fechamento de abril, foi cotado a R$ 3,44 - uma queda de 4,34% no último mês.
Veja a cotação do dólar
Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Os operadores têm dito que a tendência do dólar é de queda sobre o real por conta do cenário político, diante do iminente afastamento da presidente Dilma Rousseff na próxima semana, pelo Senado.
Se concretizado, o vice Michel Temer assume o comando do país. Ele já deixou claro que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, nome que agrada o mercado, será seu ministro da Fazenda.
Na véspera, Temer disse em entrevista que, caso assuma a Presidência, pretende apresentar de imediato medidas econômicas que tenham um impacto positivo para o país.
No exterior, no entanto, prevalecia o tom de cautela, com receios sobre o crescimento global na esteira de dados recentes na China e na Europa. Desta forma, o dólar ganhava força em relação a uma cesta de moedas, assim como a moedas de países emergentes como México.
Pesquisa Reuters mostrou que o dólar não deve voltar a bater recordes contra moedas de países emergentes neste ano, inclusive no Brasil, após a forte queda dos primeiros meses de 2016 em meio a dúvidas sobre o aumento dos juros nos Estados Unidos.
Intervenção do BC
Outro fator que influencia a cotação do dólar são as operações de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares), ou de "swaps reversos" - que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro.
Com estas operações, a autoridade monetária impede uma alta maior do dólar no mercado à vista e oferece garantia (hedge) às empresas contra a valorização do moeda, ou atua para conter uma queda mais forte.
Após as recentes valorizações, que levaram o dólar a fechar no patamar de R$ 3,57 nesta terça-feira (3), o BC não anunciou novo leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólar.
A percepção de muitos operadores é que o Banco Central não quer o dólar abaixo de R$ 3,50 para não prejudicar as exportações brasileiras e estaria confortável com o atual nível. Por isso, atuou com força no final da semana passada e início desta, após o dólar fechar abaixo de R$ 3,45.