Mato Grosso, 28 de Março de 2024
Economia / Agronegócio

Para Mantega, calote da Argentina é 'impasse' e não afeta o Brasil

31.07.2014
11:24
FONTE: G1

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou nesta quinta-feira (31) que a Argentina não deu novo calote em sua dívida externa e que o país enfrenta, na realidade, uma situação de "impasse" com os detentores de seus títulos da dívida externa.

"Eu não creio que a Argentina esteja em um 'default' [calote] porque ela esta pagando suas dívidas. Ela depositou a parcela dos credores. Algumas semanas atrás, ela pagou o Clube de Paris. Ela não está dando calote. É uma situação 'sui generis'. Situação excepcional. Porque quem está impedindo ela de fazer o pagamento é um juiz americano. Agora, eu ainda acho que há margem de negociação", declarou o ministro da Fazenda.

De acordo com ele, o mercado está apenas "observando" a situação da Argentina, apesar de uma agência de classificação de risco já ter rebaixado a nota do país.

"Porque as negociações ainda poderão continuar. Existem algumas outras soluções. Por exemplo, alguma instituição financeira comprar os títulos dos 'abutres'. Porém, com valores menores. Porque eles também estão jogando tudo ou nada. Mas, para eles, a negociação vale a pena. Tem que ser estes dias [a negociação]. Eles ainda têm espaço para isso", disse o ministro.

Na quarta-feira, expirou o prazo para a Argentina conseguir um acordo com credores que se recusaram a negociar com desconto os débitos argentinos. Com isso, o país entra em calote, confirmou o mediador nomeado pela Justiça dos Estados Unidos.

Mercado já 'precificou'

Segundo Mantega, o mercado internacional já teria "precificado" a decisão da corte norte-americana sobre a dívida da Argentina, ou seja, já teria se ajustado a um possível novo calote do país. "Portanto, não terá consequência maior no curto prazo. Depois, de fato, se caracteriza uma impossibilidade de pagamento, talvez tenha um impacto um pouco maior", acrescentou Mantega.

Questionado sobre qual seria o impacto para a economia brasileira, ele afirmou que, em um "primeiro momento", seria "nulo". "Não tem um impacto direto. Porque nos estamos falando de um segmento de mercado muito pequeno. Afeta sim a questão de futuras restruturações de dividas que venham a ser feitas no mundo", afirmou.

Consequências

Entretanto, o ministro da Fazenda também admitiu que o não pagamento de uma parcela da dívida argentina para os denominados "fundos abutre" pode afetar a atividade econômica no país vizinho e, com isso, também seu comércio exterior. "Embora ela continue exportando 'commodities' [produtos básicos com cotação internacional]", declarou.

A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. O comércio exterior com o país vizinho se concentra, principalmente, em automóveis e autopeças. Recentemente, foi renovado acordo automotivo com o país vizinho - permitindo o retorno de uma liberalidade maior no fluxo comercial de veículos e peças.

No primeiro semestre deste ano, momento no qual a Argentina já se ressentiu de um nível de atividade mais fraco e enquanto estava sendo negociado um novo acordo automotivo, as importações exportações do Brasil para o país vizinho recuaram 19,8%, para US$ 7,41 bilhões. As compras feitas na Argentina também caíram fortemente: 19,4%, para US$ 7,03 bilhões.

Mantega observou que, além da perda de ritmo de atividade econômica na Argentina, outra consequência para aquele país pode ser uma dificuldade maior em captar recursos no mercado internacional, por meio do lançamento de títulos da dívida externa. "Eles poderão ter dificuldade de captar no mercado internacional. Se bem que não vêm captando", afirmou.

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