Mato Grosso, 01 de Maio de 2024
Economia / Agronegócio

Preços do algodão, do milho e da soja em queda deixam produtores do Cerrado em alerta

17.07.2014
15:07
FONTE: Assessoria/Cepea

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  • Soja e milho
Neste início de segundo semestre, período que antecede o plantio da safra principal, as três grandes culturas do Cerrado brasileiro, soja, milho e algodão, se caracterizam por quedas de preços. Levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, apontam que o ânimo do produtor desta grande região, em linhas gerais, é moderado para a próxima safra e ainda haveria tempo para algum ajuste nas decisões de plantio.

A colheita de algodão avança em muitas regiões do Cerrado, e os valores da pluma estão próximos do preço mínimo oficial. Quanto ao milho, as negociações já estão abaixo do mínimo em muitas regiões de Mato Grosso e também em algumas de Mato Grosso do Sul. As cotações da soja, por sua vez, têm recuado mesmo em período de entressafra, pressionadas pelas fortes baixas em Chicago. 
 
ALGODÃO – Levantamentos do Cepea mostram que produtores têm destinado os primeiros lotes de algodão da safra 2013/14 ao cumprimento de contratos, enquanto compradores postergam as aquisições à espera de novas quedas nos preços com o avanço da colheita e do beneficiamento do algodão. De acordo com dados divulgados no início deste mês pela Conab, a safra 2013/14 deve totalizar 1,7 milhão de toneladas, 29,5% superior à anterior. Com as recentes baixas, os preços médios regionais estão próximos do mínimo determinado pelo governo para esta safra, de R$ 54,90 por 15 quilos de pluma. 

De acordo com dados do Cepea, na parcial de julho (até o dia 15), os valores médios em Lucas do Rio Verde e em Campo Novo do Parecis (MT) estiveram apenas 4,2% superiores ao mínimo governamental. Na parte sul e sudeste do estado mato-grossense, os valores superaram em 6% o mínimo. Em Barreiras (BA), o preço está 6,6% acima do preço mínimo, em Chapadão do Céu (GO), 7%, e em Chapadão do Sul (MS), 7,4%. Se o ritmo de queda permanecer, a expectativa do mercado é que o governo intervenha na comercialização de algodão do Brasil.

No mercado internacional, as cotações da pluma também têm caído com força. O menor interesse por parte da China e a expectativa de maior oferta no Brasil e nos Estados Unidos explicam o cenário baixista. Além disso, os estoques norte-americanos ainda são considerados satisfatórios, enquanto a demanda internacional segue retraída. 

MILHO – A oferta de milho segunda safra superior à esperada inicialmente e o bom desenvolvimento das lavouras da temporada 2014/15 nos Estados Unidos têm resultado em consecutivas quedas dos preços no mercado doméstico. Em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores já são os menores do ano nos mercados de balcão (recebido pelo produtor) e disponível (negociações entre empresas). Em Mato Grosso e em algumas praças de Mato Grosso do Sul, os valores do milho estão abaixo do preço mínimo. No Paraná, caso o movimento baixista persista, as cotações podem cair para baixo do mínimo oficial nos próximos dias.

Mesmo com o consumo interno bastante aquecido, pesquisadores do Cepea destacam que uma possível recuperação dos valores dependeria de maiores volumes de exportação, visto que reduziriam o excedente doméstico. Porém, até junho, os embarques nacionais estiveram enfraquecidos, e a concorrência do cereal dos Estados Unidos tende a aumentar a partir do último trimestre de 2014.

A Conab estimou a primeira safra 2013/14 de milho em 32 milhões de toneladas e a segunda, em 46,2 milhões de toneladas, gerando, portanto, 78,2 milhões de toneladas, apenas 4,1% abaixo da oferta de 2012/13. Nesse cenário, representantes do setor produtivo já têm pressionado o governo para que tome medidas que visem a manutenção da renda do produtor, como o escoamento do milho para regiões deficitárias e/ou para exportação. 

SOJA – Mesmo em entressafra e com exportações recordes, os valores da soja têm caído no Brasil, voltando aos patamares verificados no início de fevereiro deste ano – fase inicial da colheita. No geral, as quedas têm sido influenciadas por estimativas indicando colheita recorde nos Estados Unidos, que deve superar as 103 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos com vencimento entre o Setembro/14 e o Julho/15, período em que os norte-americanos disponibilizam sua produção ao mercado internacional, estão operando na casa dos US$ 11,00/bushel, patamar que não era observado desde a primeira quinzena de dezembro/11. 

No Brasil, as quedas têm sido amenizadas pelos reajustes dos prêmios de exportação e pela valorização do dólar. Porém, como as negociações antecipadas da safra 2014/15 ainda estão em fase inicial, as perspectivas são preocupantes. Os negócios a termo FOB Paranaguá (PR) para embarques da soja em março e maio de 2015 estão sendo fechados na casa dos US$ 25,00/sc de 60 kg, valor que não observado desde agosto/10. No primeiro semestre de 2014, saíram de portos brasileiros 31,8 milhões de toneladas de soja em grão, o equivalente a quase 75% de todo o volume exportado em 2013, com aumento da participação dos portos de Santos (SP) e de São Francisco do Sul (SC).

Agora, a atenção passa a ser a finalização do planejamento da safra 2014/15. Segundo análises da Equipe de Custos de Produção Agrícola do Cepea, em Mato Grosso (principal estado produtor de soja), 95% das compras de fertilizantes e de sementes já foram finalizadas. No Paraná, em Cascavel, que geralmente é uma das primeiras regiões do estado a semear, 90% das compras de fertilizantes e de sementes também foram concluídas; em Londrina, 80% e, em Guarapuava, 75%. Mato Grosso e Paraná estão em período de vazio sanitário, com o cultivo devendo ser iniciado a partir de 15 de setembro, especialmente nas lavouras que contam com financiamento de custeio.

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