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Era para ser um mega projeto de irrigação, implantado pelo governo do estado, que beneficiaria mais de 400 famílias do município de São Mateus do Maranhão, a 180 quilômetros da capital maranhense, na região central do estado. Em uma área de 2 mil hectares deveriam ser cultivados arroz e frutas.
O valor inicial do projeto era de R$ 70 milhões. As obras começaram no ano de 1996, mas o projeto Salangô nunca foi concluído, nunca funcionou como deveria e os sinais de desperdício de dinheiro público estão por todo lado.
Em um galpão estão cinco mil canos que deveriam ser usados na estrutura de irrigação do projeto. Eles estão por lá há 16 anos. Como não tem vigia, muitos já foram roubados e os que ficaram, viraram casa de maribondo.
Canos de PVC e de alumínio estão abandonados. Em outro galpão, dezenas de bombas, conexões, tubos e milhares de metros de mangueira para irrigação estão do mesmo jeito.
No prédio onde seria um centro de treinamento para os pequenos produtores, nunca alguém foi para a sala de aula.
A estrutura para captação da água do Rio Mearim e do Lago dos Veados está construída: um canal principal de seis quilômetros de extensão, com vários canais secundários, sistema de comportas, casas de máquinas e uma rede elétrica específica para o projeto. Uma grande estrutura subaproveitada.
Hoje, apenas 60 produtores trabalham no projeto e nem sempre aproveitam a estrutura de irrigação, que começa a ficar deteriorada por falta de manutenção.
Mesmo com toda essa estrutura de irrigação, as famílias trabalham de forma improvisada, do jeito que podem. O problema é que elas podem muito pouco. Todos os produtores têm dívida acumulada com os bancos, e assim, não têm acesso à linha de crédito para tocar o projeto em frente.
Para produzir o pouco que conseguem, às vezes, os produtores recorrem às parcerias, onde o lucro nem sempre é o esperado.
De acordo com o governo do Maranhão, o estado deixou de ser responsável pelo projeto Salangô desde 2002.
Já um integrante do Sindicato dos Produtores Rurais de São Mateus informa que a responsabilidade pela instalação dos equipamentos para irrigação era do governo do estado e que eles não têm como assumir o trabalho por falta de conhecimento técnico.