Mato Grosso, 29 de Março de 2024
Economia / Agronegócio

Trigo e laranja podem ser afetados por frio nos EUA

09.01.2014
10:44
FONTE: DCI

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Caso o frio se prolongue, a produção local pode cair e elevar as cotações, beneficiando os concorrentes brasileiros, segundo analistas e representantes de ambos os setores consultados pelo DCI.

A onda de frio já cobriu de neve plantações de trigo em estágio de desenvolvimento e congelou pés de laranja na Flórida, mas ainda não se sabe se as baixas temperaturas foram suficientes para reduzir a produção nas duas culturas. Por enquanto, as cotações na Bolsa de Chicago estão reagindo às especulações sobre o clima norte-americano. Desde a última quinta-feira (2), a cotação dos contratos futuros do suco de laranja com vencimento no mês de março subiu 3,15%, de US$ 1,3795 por libra-peso para US$ 1,4230 por libra-peso.

Se o frio afetar a produção de trigo e laranja nos Estados Unidos, o Brasil ganha por um lado e perde por outro. Ganha se houver redução na produção citrícola, já que o País é exportador de suco de laranja, mas perde se houver redução da colheita de trigo nos Estados Unidos, uma vez que os moinhos brasileiros já estão procurando importar o cereal dos norte-americanos para garantir os estoques até o início da safra nacional.

Uma eventual quebra da produção de laranjas na Flórida reduziria a já diminuta safra local, prevista até então em 121 milhões de caixas. A possibilidade pode agravar o cenário de redução global da oferta de suco, já que a safra brasileira também será menor e o rendimento industrial, baixo.

"Se os Estados Unidos precisarem de suco, vão comprar do Brasil. Tem oportunidade de negócio para suprir uma eventual deficiência na Flórida", diz Ibiapaba Netto, diretor executivo Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR).

Na Flórida, a temperatura chegou a menos 1 grau celsius, ainda insuficiente para matar uma árvore, mas capaz de comprometer a produtividade da fruta, segundo Hilton Silveira, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. "Para matar uma planta, a temperatura teria que ficar abaixo de 4 graus celsius na folha", afirma.

No caso do trigo, uma eventual quebra de safra já preocupa o setor moageiro nacional. "Para o Brasil é ruim, porque nós vamos depender de trigo de fora do Mercosul", afirma Cristhian Saigh, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Trigo (Sindustrigo). "Se continuarem essas temperaturas, podem prejudicar a safra e os preços devem responder", encarecendo o custo de importação do cereal, afirma Guilherme Haluska, analista da FCStone.

Os moinhos brasileiros compraram 750 mil toneladas de trigo da Argentina para repor os estoques, que devem se esgotar no fim de fevereiro. Porém, sem a liberação das licenças de embarque do cereal no Brasil por parte do governo argentino, as indústrias nacionais já estão procurando fornecedores no mercado externo. Até o início da safra brasileira, em agosto, o País precisará importar mais de seis milhões de toneladas de trigo. Se os Estados Unidos não conseguirem suprir a demanda nacional pelo cereal, a opção dos moinhos será buscar trigo no Uruguai, segundo Saigh.

A possibilidade de quebra de safra norte-americana só é positiva para os agricultores brasileiros, que estão surfando na onda de altos preços do trigo desde o ano passado. Em uma semana, a cotação interna no Paraná variou 0,9%. Saigh acredita que "o produtor brasileiro terá chance de vender um pouco mais caro seu produto" caso o preço do trigo importado aumente.

Os analistas preferem ainda não cravar uma previsão, mas o risco de dano à cultura norte-americana do cereal é alta. Segundo Silveira Pinto, do Cepagri, o trigo pode ser afetado com temperaturas de 4 graus celsius negativos, mas em algumas regiões produtoras, como nos estados de Kansas e Nebraska, as temperaturas já chegaram a 20 graus celsius negativos.

Coincidência de fatores

Sem avaliações precisas sobre o impacto do frio na produção agrícola até o momento, as cotações têm variado porque o cenário das commodities está mais vulnerável, afirma Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados. "Houve uma coincidência de fatores. Por um lado, há a expectativa de que a economia norte-americana melhore, e por outro lado há a ocorrência de anomalia climática, que é normal que afete as cotações em momento de movimentos especulativos mais acentuados", explica o economista.

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