A commodity que, atualmente, possui o melhor nível de remuneração ao produtor brasileiro, o café, tem sofrido pressão por diversos fatores e está com as vendas travadas até o início da colheita, prevista para meados de maio.
Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que neste período da safra passada, cerca de 30% da produção já estava comercializada.
Nesta temporada, o volume não ultrapassa 15%.
"Essa queda de braço no café, em relação a preço, já vem acontecendo desde o ano passado. O tamanho da safra, os estoques e o movimento do câmbio geram uma soma de fatores que têm feito com que haja divergência entre produtores e compradores", avalia o analista de mercado do Cepea, Renato Ribeiro.
Para se ter uma ideia da volatilidade, a mínima do mês no contrato maio em Nova York foi de 128,75 centavos de dólar por libra-peso atingida em 13 de março. Quatro sessões depois NY teve a máxima do mês, de 146,75 centavos de dólar por libra, em 19 de março.
Neste momento, NY parece buscar uma acomodação, como destaca o analista de Safras & Mercado, Gil Barabach.
Segundo Ribeiro, a última notícia que tem afetado o mercado nesta semana foi a divulgação do relatório da Organização Internacional do Café (OIC), que aponta um crescimento no consumo global.
"Os mercados mais maduros, como a União Europeia, estão relativamente estáveis, enquanto que os mercados emergentes, particularmente na África e na Ásia, registraram um aumento significativo", diz a publicação mais recente da entidade, de março. Estima-se que o total da produção do ano-safra de 2014/2015 gire em torno de 141,9 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg, enquanto estimativas iniciais do consumo mundial de café no ano civil de 2014 são de 149,3 milhões de sacas.
Conforme publicado no DCI, a questão dos estoques é uma preocupação do setor desde o início do ano. De acordo com o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, no ano passado, foram realizados contratos para exportação de 57 milhões de sacas, para uma produção de 47 milhões, ou seja, a cooperativa precisou ir a mercado para adquirir outras dez milhões e honrar os compromissos.
"A qualquer momento teremos que entrar no estoque e não temos tanto estoque nesta safra" disse Paulino. A diminuição no nível produção ainda é fruto da forte Estiagem que afetou as lavouras nos primeiros meses de 2014.
Robusta Depois de atingir patamar recorde em março, o preço interno do café robusta tem se enfraquecido no correr de abril, com a entrada de lotes da safra 2015/2016. O ritmo de negócios está lento, com poucos fechamentos sendo observados tanto no spot (venda à vista) quanto para entrega futura.
Na última segunda-feira (20), o Indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 295,72 por saca de 60 kg, queda de 2,32% no acumulado parcial de abril.
Para o Cepea, muitos produtores estão retraídos, à espera de que os preços parem de cair, ao passo que compradores apostam em novas baixas, pelo menos no curto prazo.
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