Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Aguirre pode fazer história no Gre-Nal e ser 1º gringo campeão desde 1950

29.04.2015
09:22
FONTE: G1

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  • Jorge Fossati chegou até a semifinal da Libertadores, mas acabou demitido em 2010
Como era Porto Alegre em 1950? Só para se ter uma noção da mudança, a capital gaúcha sediava a Copa do Mundo, mas o estádio era o Eucaliptos, antiga casa colorada. Naquela época, o Beira-Rio sequer sonhava em brotar em frente ao Guaíba. Agora, 65 anos depois, no palco remodelado do Mundial de 2014, Diego Aguirre pode fazer o que um técnico estrangeiro não faz desde o ano em que o seu país calou o Brasil no Maracanazo: ser campeão pelo Inter.

Para isso, Aguirre precisa vencer o Grêmio por qualquer placar no Gre-Nal decisivo de domingo, no Beira-Rio. Uma prova de fogo que pode consagrar um de seus objetivos pessoais desde que aportou no Brasil: quebrar o gelo da desconfiança que paira sobre a legião estrangeira de treinadores. Aguirre é o 13º gringo a treinar o Colorado e com a chance de mudar o histórico pouco animador - não só no clube, mas no país. 

Dos outros 12 estrangeiros que comandaram o Inter, só três foram campeões. O primeiro deles, quem diria, foi o uruguaio, Ricardo Diéz, vencedor do estadual de 1942. Depois, a honra coube aos argentinos Carlos Volante (campeão dos Gauchões de 1947 e 1948) e o último, Alfredo González (campeão do Gauchão de 1950). 

É bem verdade que o antecessor de Aguirre esteve muito perto de ser campeão. O também uruguaio Jorge Fossati levou o Inter à semifinal da Libertadores de 2010, mas acabou demitido no intervalo da Copa do Mundo - o presidente era Vitorio Piffero, como agora. 

Até Fossati, o clube tinha dado um tempo na ideia de apostar em técnicos gringos. O último havia sido Elias Figueroa, em 1996, de curta passagem. Na verdade, o chileno era diretor de futebol e assumiu de forma interina. Mesmo assim, foi bem e a torcida chegou a pedir sua permanência para 1997, o que a cúpula vermelha não atendeu.

- Não é fácil ser técnico estrangeiro no Brasil. Nunca quis ser técnico. Naquele momento, fui mais para ajudar o Inter - lembra ao GloboEsporte.com o ex-zagueiro que só perdeu dois Gre-Nais e se tornou um dos maiores ídolos do clube nos anos 1970. - Mas o Diego tem a experiência como treinador no Uruguai. Uruguaios sempre têm algo especial, ele está fazendo um bom trabalho. Mesmo assim, quem decide são os jogadores em campo.
 
A imprensa uruguaia observa com expectativa o Gre-Nal 406. Os jornalistas locais não entendiam a pressão exercida sobre Aguirre diante de uma largada com números tão positivos. Afinal, o Inter tem a melhor campanha do Gauchão e encerrou a fase de grupos da Libertadores como o melhor clube brasileiro, em terceiro no geral.

- Aguirre é um técnico que se encanta com desafios importantes. Quando aceitou ser o técnico do Inter, sabia das dificuldades que teria, com o histórico de treinadores que fracassaram e que exigem o dobro dos estrangeiros. Mas é um técnico preparado, estudioso, sabe o que uma equipe precisa. Talvez não seja uma equipe vistosa, mas consegue armar equipes muito compactas - analisa o jornalista Alejandro Etcheverry, do site uruguaio "Embajadores del Gol".

Etcheverry lembra bem ao mencionar o conhecimento prévio de Aguirre sobre as agruras de um gringo no Brasil. Antes mesmo de começar a comandar o Inter, em entrevista ao jornal uruguaio "El Observador", o treinador admitiu saber que era a "quinta opção" de Piffero. Enquanto tentava convencer nomes como Abel Braga e Mano Menezes, o presidente colorado chegou a descartar com veemência a contratação de uma alternativa de outro país.

- É a hora de um treinador estrangeiro fazer sucesso aqui no Brasil. Aqui existe muita exigência. Todo mundo tem de ser campeão. Treinadores estrangeiros têm problemas no Brasil porque o futebol é muito competitivo. A exigência de jogos é muito grande, mas temos de ver o melhor, mesclando o time, vendo o rendimento dos jogadores - disse Aguirre, em 23 de dezembro, ao ser apresentado no Beira-Rio.

Quem foram os gringos campeões no Inter

O conterrâneo de Aguirre, Ricardo Diéz, construiu trajetória bem diferente à do atual comandante colorado. Para começar, não há registro de que tenha sido jogador. Também já tinha experiência como treinador no Brasil antes de assumir o Inter. Curiosamente, seu primeiro clube foi gaúcho, o Grêmio Santanense, em Santana do Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai. Díez conquistou o Gauchão de 1937, ainda amador e que não contou com a participação de Grêmio e Inter, já profissionais. 

Depois, fez sucesso também em Minas Gerais, aplicando treinamento diferente a época, de valorização da parte física - elemento que só seria plenamente valorizado em solo gaúcho nos anos 1950. De volta ao estado, já pegou o Inter embalado, com dois títulos consecutivos. Venceu o tricampeonato de 1942 e ainda melhorou o mítico esquadrão chamado de Rolo Compressor ao descobrir Nena, que se transformaria num dos maiores zagueiros da história do clube.

O argentino Carlos Volante pode não ter sido tão inovador em termos de método, mas foi mais vencedor. Aliás, reúne histórias memoráveis, como, quando jogador, popularizou a denominação "volante" a jogadores de meio-campo. Quando atuava na França, acabou contratado como assessor e massagista pela seleção brasileira em 1938, durante a Copa do Mundo. 

Assim como Díez, Volante também pegou o período do Rolo Compressor e retomou a hegemonia, após um título do Grêmio. Conquistou o bicampeonato estadual do Inter em 1947 e 1948. O último estrangeiro a ser campeão foi o argentino Alfredo González, treinador do Inter em 1950 e início de 1951. Conquistou o Gauchão em 1950 - na verdade, foi disputado no início de 1951, já perto do fim do momento clássico do Rolo Compressor.

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