Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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Aos 40 anos, Minotouro se inspira em Hendo para manter-se em alto nível

20.10.2016
08:25
FONTE: G1

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  • Minotouro se inspira em Dan Henderson para se manter longevo no MMA
São 40 anos de idade e 29 lutas de MMA nas costas. A carreira de Antônio Rogério "Minotouro" Nogueira pode até estar perto do fim na opinião pública, mas não na cabeça do meio-pesado (até 93kg), que faz a luta principal do UFC São Paulo, dia 19 de novembro, contra Ryan Bader. O brasileiro teve lesões no joelho e nas costas, nos últimos anos, que dificultaram uma sequência de combates. Mas, agora, com algumas mudanças de hábito, como a adesão a fisioterapia entre treinos, além de inspiração em Dan Henderson, Minoto celebra a boa forma.

- Estou fazendo fisioterapia todo dia, isso tem me ajudado. Vou para academia e, depois, passo na fisioterapia e faço duas horas antes do treino da noite. Isso tem mudado um pouco esse meu último ano e me dado sobrevida. Uma lesão me tiraria esse ano e ano que vem do alto rendimento. Tem que estar treinando e competindo em alto rendimento, isso é o mais difícil. Dan Henderson é um exemplo. Sempre tenho referência boas. Procuro o mais velho e sigo (risos) - afirmou, em entrevista no "Media Day" organizado pelo UFC na última terça-feira (18), no Rio de Janeiro.

Além da fisioterapia, Minotouro também revela que mudou sua forma de treinamento, principalmente com a diminuição de sparrings. O lutador diz que costumava fazer três meses de simulação de lutas antes de seus duelos, e que conseguiu diminuir esse tempo pela metade no último um ano e meio. Com isso, vai realizar dois combates neste ano - o primeiro, contra Patrick Cummins, no UFC Curitiba, e, agora, frente a Bader, caso não haja contratempos. A projeção é aumentar este número em 2017. 

- Eu vinha de uma fase ruim de lesões. O Dana White até falou que não dava para apostar em mim na luta principal por causa disso. Acho que é porque os treinamentos estão ficando mais intensos. Um sparring é praticamente uma luta. Às vezes você se machuca menos em uma luta de cinco rounds do que em um sparring. Você chega a trocar três sparrings num treino. Primeiro round é o Vitor Miranda, depois o Rafael Feijão, depois o Rick Monstro. No último um ano e meio, tenho diminuído a intensidade desses treinos. Eu só faço sparring de MMA há um mês e meio da luta, e substituo por outros sparrings de manutenção em vez disso. Foi isso que melhorou. Fui abençoado de fazer essa segunda luta no ano e, se Deus quiser, com uma vitória, ano que vem eu faço três.

Minotouro ainda falou sobre a opinião pública, que, segundo ele, tentou o aposentar depois de ser irmão, Rodrigo Minotauro, tomar a decisão de encerrar a carreira. 

- Senti (essa pressão) quando meu irmão se aposentou. Mas ele teve um problema muito sério no quadril. Em 2010, ele teve fez cirurgias uma de cada lado. Tinha muita vontade, mas já não conseguia mais render. Não tinha a mesma explosão para colocar para baixo, tinha que trocar em pé. Comigo, o pessoal tentou me aposentar. Fiz uma luta boa e esse ano fiz uma luta melhor. Mostrei que dava para continuar lutando em alto rendimento e vamos lá - afirmou.

Confira, abaixo, outros trechos importantes da entrevista com Rogério Minotouro da última terça:
Expectativa para fazer luta principal no Brasil

- A expectativa tá grande, muito tempo que não faço a luta principal. É uma luta esperada, tem seis anos que eu fiz a primeira com o Bader. Queria fazer essa luta há mais de três anos. Veio numa hora boa, o Bader está em grande fase. Eu também venho de uma fase boa, logo depois que me recuperei da lesão. Fiz duas grandes lutas nos últimos dois anos, então acho que é a hora certa de a gente se encontrar novamente.

Lesão de Gustafsson

- O Gustafsson é um grande adversário, sempre quando eu falava, todo mundo me dizia que era um lutão. Era um grande desafio. Mas acho que o Ryan Bader tem o peso dele também. É o número 4, tem vencido os melhores. Já venceu Phil Davis, Rashad Evans. Só perdeu para Jon Jones, Anthony Johnson, que são números 1 e 2 da categoria. Ele está muito bem colocado. Se eu conseguir essa vitória em cima dele, vou ficar muito bem na categoria.

Terceira vez que uma luta com Gustafsson é cancelada

- Na primeira vez, eu operei meu joelho. A segunda vez, eu estava com o mesmo problema dele, nas costas. Desta vez, eu estava na clínica de fisioterapia, mas já bem, e ligaram de lá dizendo que o Gustafsson estava machucado. Estava ali, já focado, treinando com sparrings grandes e cancelou a luta. A gente recebe como uma notícia ruim, mas temos que reverter. Minha vontade de lutar no Brasil era muito grande, não tinha como perder essa oportunidade. Mudou o adversário e, no mesmo dia, na mesma hora, eu já aceitei e bola para frente. Vamos seguir para pegar o Ryan Bader agora.

Mudança na preparação

- Já estava fazendo sparring há duas semanas, tudo certo, os caras grandões. Estava fazendo com o Montanha, um grandão lá da academia, estávamos trazendo outro cara maior e um terceiro sparring ainda maior. O treino já estava todo voltado para um cara grandão. Com o Bader é diferente, ele é menor. Eu sou o cara grandão dessa luta. Com o outro, eu tinha que balançar a cabeça e ir para dentro. Agora, eu luto na longa distância, focado na defesa de queda e na mão direita. Com o Gustafsson, era a mão esquerda, porque é um cara muito forte no jab, mantém a distância e é perigoso. 

Qual luta é mais difícil? Com Bader ou Gustafsson?

- Na minha trajetória, tanto no Pride, quanto no UFC, 80% ou 90% das lutas foram "lutas-teste", lutas mais difíceis. Apesar de todas as minhas lesões, nunca deixei de aceitar uma luta mais dura. Os dois caras são duros. Não tem como mensurar o grau de dificuldade de cada a luta. Com certeza, o Gustafsson é muito perigoso, é contundente, bate duro, tem envergadura. E ele é rápido, mais habilidoso que o Bader. Mas o Bader é perigoso porque vai te levando no jogo corpo a corpo, te cansando. É muito bom fisicamente. Se você deixar você deixar ele impor a estratégia dele, ele vai te levando assim até o fim. Estamos concentrando nesse jogo, nas defesas de queda. E eu acho que a melhor forma de se defender de com um cara como o Ryan Bader é atacar ele primeiro. Se esperar muito, ele entra e leva. Tem que se impor para ele não colocar iniciativa no combate e colocar para baixo. Na nossa luta, em 2010, acho que no terceiro round, fiz a luta perfeita com ele. Acho que é mais ou menos essa luta que quero fazer.

Evolução desde a luta com Bader em 2010

- Como eu vinha do Pride, não estava tão acostumado a lutar com wrestlers. Estava acostumado a lutadores que param na frente, ficam ali na distância de chute e soco, quase como boxe e muay thai.

 Com um lutador de wrestling, ele tira sua distância e você não pode golpear. Então você tem que atacar mais. Você tem que aprender a se defender na grade, a se levantar quando cair no chão. Na luta com o Phil Davis, já estava lutando um pouco diferente. De quatro anos pra cá, tenho trazido alguns estrangeiros para treinar com a gente. Trouxe o Eric Albarracin, trouxe o Khetag Pliev, que é um atleta de wrestling russo. Todo esse treinamento de quatro anos pra cá mudou um pouco minha característica, de como eu me defendo, minha experiência. Quando você chega em um nível de cansaço, você não luta para bater, mas para se defender. Vamos tentar essa experiência agora contra o Ryan Bader.

Evolução de Bader

Acho que o Ryan Bader melhorou fisicamente, você pode notar que ele é mais forte. Está mais confiante no boxe, jogando umas mãos direitas perigosas, vem melhorando na trocação. mas acho que ele não tem a mesma experiência em pé que eu. Tenho que explorar movimentação, jogo de pé. Acho que essas são brechas no jogo dele. Se ele não amarrar essa luta, vai terminar por nocaute. 

O jogo a se fazer é o mesmo do que foi contra Patrick Cummins, em Curitiba?

Sim, bem parecido contra o Patrick Cummins. É um jogo de acertar a distância. Ele está bem vivo na parte do jogo de pernas. Ele vem, meio manhoso, abaixa a cabeça e entra na perna. Tenho que estar bem vivo nessa parte, surpreender com joelhadas, usar golpes de surpresa. De repente, isso pode fazer diferença na luta. Pode ser o caminho para conseguir a vitória. Quando você luta contra wrestlers, eles são muito estratégicos. A gente tem que fazer algo diferente para surpreender.

Lutar no Brasil

A gente viu várias fases do MMA, tanto eu, meu irmão, o Anderson Silva... Vimos o MMA nascendo no Brasil, lutamos no Japão, fomos aos EUA. E o UFC demorou para chegar ao Brasil, só em 2011. E todo mundo lutava no Brasil e eu vim lutar só no ano passado contra o Shogun. Me emocionei bastante. E, dessa vez, em Curitiba, que foi um grande evento. Foi um dos melhores cards no Brasil. No dia da pesagem, fui um dos atletas que a torcida mais apoiou. Para mim, foi muito bom. Aquele ginásio lembrou os tempos em que a gente lutava no Pride. Quando voltei para a arena, que a vi lotada, pensei: "Hoje vai ser igual o Tokyo O'Dome"

Expectativa para o futuro

Concentrar no Bader e entrar entre os cinco da categoria. Estava entre os cinco, me machuquei e me tiraram do ranking. Fiquei triste. Me colocaram de novo depois da luta com o Shogun, em 15º. Depois da vitória contra o Cummins, fui para nono. Agora é chegar entre os cinco, depois entre os três e, quem sabe, um dia, fazer essa tão sonhada disputa de cinturão.

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