Alexandre Mattos está de volta. Após cumprir a suspensão de 120 dias imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pelos incidentes com a bandeirinha Fernanda Uliana Colombo, no clássico com o Atlético-MG, no primeiro turno do Brasileirão deste ano, o diretor de futebol do Cruzeiro retomou ao cargo. Nesta quarta-feira, enfim, poderá retornar ao estádio e ver, de perto, a partida entre o time comandado pelo técnico Marcelo Oliveira e o ABC, primeiro duelo pelas quartas de final da Copa do Brasil.
Neste período, Alexandre Mattos não deu entrevistas, não foi ao vestiário do Cruzeiro e/ou ao gramado nos dias de jogos e nem assinou nenhum documento como diretor de futebol do clube. O trabalho de Mattos de observar e estudar o futebol e atletas de outros times, no entanto, permaneceu sendo feito.
O dirigente cruzeirense afirmou que evoluiu e aprendeu com os próprios erros durante o tempo em que esteve suspenso e acredita que está mais maduro. Nesta conversa com o GloboEsporte.com, Alexandre Mattos também falou sobre um possível interesse do Flamengo em seu trabalho, saída de jogadores e permanência de Marcelo Oliveira no comando do Cruzeiro, pedido de desculpas à Fernanda Colombo e a excelente relação que tem com a torcida azul.
Aprendizado com a punição
- Evolução... o ser humano precisa sempre estar evoluindo. A gente evolui, muitas vezes, em situações que não desejamos. Talvez toda a maturidade acontece quando surge alguma coisa fora do ritmo normal. A gente vai sempre aprendendo e lidando com situações novas. Isto é que faz o crescimento humano.
Polêmica com a bandeirinha
- Na época, eu me desculpei com ela, que é única pessoa que eu tinha que dizer alguma coisa. Falei com o pai dela também e expliquei toda a situação: a pergunta que fizeram e porque dei aquela resposta. Meu erro foi este. Quem me conhece sabe que não tenho nenhum tipo de preconceito. Foi um momento de cabeça quente.
Com os pés, Marcelo Salles não conseguiu alcançar a carreira vitoriosa do pai. Como brinca o preparador físico Ronaldo Torres, o auxiliar de Joel Santana "não jogou nada, mas diz que jogou". A carreira nos gramados foi curta, mas o interesse pelo futebol vem de berço. E no berço de um campeão do mundo numa das seleções mais marcantes do futebol brasileiro. Marcelo é filho de Marco Antônio, lateral-esquerdo do time de Pelé, Jairzinho, Tostão, Gerson e tantos craques da seleção canarinho que encantou o mundo no México. Fora das quatro linhas, o auxiliar preferiu interromper sua segunda experiência em carreira solo como treinador por gratidão a Joel Santana, que o adotou a partir da última passagem pelo Flamengo.
Formado em educação física, Marcelo Salles tem a breve carreira mais ligada ao rival até agora. Foram 10 anos como profissional de comissões técnicas na Gávea, desde ajudante da preparação física a auxiliar de treinador, como Andrade e o próprio Joel, em duas passagens pelo time rubro-negro. Fora do Flamengo, Marcelo também trabalhou com Américo Faria - era ele quem dava boa parte dos treinos no Boavista. No contato que teve com o filho de Marco Antônio, Joel aprovou a parceria e levou o pupilo para o Cruzeiro e o Bahia. Como treinador, Marcelo Salles teve experiências no Rio Branco, do Espírito Santo, e era o treinador do Nova Iguaçu neste ano, até aceitar o convite do Vasco para auxiliar Joel Santana. Foram apenas três partidas, com dois empates e uma vitória.
Quem trabalhou com Marcelo o descreve como uma pessoa muito organizada, com boa leitura de jogo e bom relacionamento no futebol. No Nova Iguaçu, tratou pessoalmente de arranjar amistosos na preparação para a Copa Rio com os quatro grandes do Rio. Torcendo pela recuperação de Joel, Andrade elogiou o auxiliar do veterano treinador.
- Apesar de ser jovem, o Marcelo tem muito conhecimento dentro do futebol. No Flamengo, ele trabalhou com vários treinadores. Ele gosta de trabalhar usando informática, sempre fazia no computador o que pedia para ele, em termos de posicionamento, de mostrar marcação. Está preparado para ajudar o Joel - comenta o técnico, que tinha Marcelo Salles como auxiliar na campanha do título brasileiro de 2009. Na época, o auxiliar chegou a motivar o grupo com um hit evangélico chamado "Conquistando o impossível".
De parceria recente, Ronaldo Torres, que começou a trabalhar com Joel há quase 20 anos no Botafogo, afirma que o treinador confia muito em Marcelo Salles. E revela que contou com a ajuda do auxiliar quando precisou assumir interinamente o time do Fluminense após a saída do técnico Muricy Ramalho em 2011.
- Quando o Muricy saiu só tinha eu para assumir o time. Mas eu nunca quis ser treinador e pedi ajuda para o Marcelo. Ele preparou tudo pra mim, preleção, apresentação. Não era funcionário do clube, mas só foi para me ajudar - conta Torres.
A partir do treino desta quarta-feira, Marcelo Salles deve começar a definir o time que entra em campo nesta sexta contra o Bragantino. Claro que a escalação será definida em conjunto com a comissão técnica e terá a última palavra do treinador Joel Santana, que pode ter alta do hospital durante o dia, mas segue inteirado sobre todos os passos da preparação do Vasco. Sempre com um campinho e as peças representando os dois times em mãos, Marcelo se aproxima constantemente de Joel durante os treinos e principalmente nas partidas.
- O Joel confia muito nele. É a voz do Joel nos treinos, agora nesses dias também. Ele vai ser um excelente treinador. É um cara muito organizado, bom de treinamento, tem boa visão de jogo, mostra isso no intervalo e no contato com o Joel, quando tudo bate no que ele está falando. Até falo para ele isso, mas peço para ele não se empolgar. E o Joel também brinca com ele: "Você está aprendendo bem com o Papai. Papai vai te ensinar tudo. Precisa melhorar ainda um pouco" - diz o preparador físico de Joel.
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