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Esportes

Com América em "nova ordem", Del Valle e Nacional fazem final alternativa

27.07.2016
11:50
FONTE: Jorge Natan, em Medellín, Colômbia

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  • "Final do Centenário" terá times com menor tradição na Libertadores

Pela primeira vez na história da Taça Libertadores, não há na final representantes de Brasil ou Argentina, as duas maiores forças futebolísticas da América do Sul, nem Olimpia ou Peñarol, maiores campeões fora desses países. Em 2016, a competição terá uma decisão "alternativa". O colombiano Atlético Nacional, campeão em 1989, e equatoriano Independiente del Valle, finalista inédito, duelam nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), em Medellín, pela sonhada taça contintenal. O SporTV transmite ao vivo.

Apelidada de "final do Centenário", em referência ao aniversário da Conmebol, a partida decisiva no estádio Atanasio Girardot pode ser símbolo, entre os clubes, de uma "nova ordem" que já ameaça surgir entre os países do continente. Os resultados das últimas duas Copas América e do primeiro terço das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2018 apontam que, hoje, equipes de menor tradição conseguem dar muito mais trabalho aos gigantes continentais.

A seleção brasileira, por exemplo, ocupa atualmente a sexta colocação nas eliminatórias e foi eliminada na fase de grupos da Copa América Centenário, neste ano (além de cair nas oitavas de final, para o Peru, em 2015). A Argentina chegou à final da Copa continental duas vezes seguidas, é verdade - mas perdeu ambas para o Chile, que jamais havia conquistado um título em sua história. Enquanto isso, o Equador se configura como sensação das eliminatórias, na terceira posição. Nacional e Del Valle também estão aí para mostrar que as coisas mudaram na esfera dos clubes.

A decisão desta quarta interromperá um domínio de oito anos da dupla Brasil-Argentina, um dos maiores da história da Taça Libertadores. O último campeão não-oriundo desses países foi a LDU, do Equador, em 2008 - e, antes dela, o Once Caldas, da Colômbia, quatro anos antes. Curiosamente, esta será a primeira final entre times colombianos e equatorianos, e também a primeira desde 1991 sem times brasileiros ou argentinos. E para fazer história com este confronto, os dois times tiveram que superar equipes tradicionais.

O Independiente del Valle, que joga a Libertadores apenas pela terceira vez em sua história, tornou-se o que os outros países da América chamam de "Mata Gigantes" durante a campanha surpreendente: conseguiu vitórias sobre os ex-campeões Atlético-MG (fase de grupos), River Plate (oitavas de final) e Boca Juniors (semifinais). Do outro lado, o Atlético Nacional despachou o tricampeão São Paulo nas semifinais e venceu duas vezes o pentacampeão Peñarol na fase de grupos.

Entre o apoio da torcida e a pressão do favoritismo

O Atlético Nacional chega à sua terceira decisão de Libertadores na história com um favoritismo praticamente declarado pela própria equipe. Com 76,9% de aproveitamento nos pontos até aqui - nove vitórias, três empates e apenas uma derrota em 13 partidas -, a equipe comandada pelo técnico Reinaldo Rueda se tornou uma das mais temidas da competição e não surpreendeu ao chegar à decisão. Caso vença o Del Valle no tempo regulamentar, o time colombiano se tornará o campeão com mais pontos conquistados na história do torneio: 33, superando os 32 do Boca Juniors em 2003.

Os números tão favoráveis somados ao fato de jogar a segunda partida em casa, com o apoio de mais de 40 mil torcedores, aumentam a expectativa de que os Verdolagas deixem o estádio Atanasio Girardot como bicampeões da América do Sul. O clima por Medellín é de muito otimismo - a ponto de cerca de 3 mil fãs terem acompanhado o último treino aberto antes da final, na última segunda-feira, no CT de Guarne, a 25 quilômetros da cidade.

Os meios de comunicação colombianos - seja jornais, rádios ou canais de televisão - também tratam do favoritismo do Atlético Nacional abertamente, principalmente por conta do rival não ter tanta tradição na Taça Libertadores. Bem cotado para assegurar o título, a equipe pode ter problemas ao ver o otimismo se transformar em pressão - ainda mais pelo fato do Del Valle vir de uma empolgante vitória como visitante por 3 a 2 diante do Boca Juniors, dentro da Bombonera.

O único problema que o técnico Reinaldo Rueda terá para escalar a equipe é a suspensão do volante Sebastián Pérez, um dos mais badalados da campanha do Atlético Nacional na Libertadores. O jogador, que já teria sido sondado pelo Porto, pode ser substituído por Guerra - que daria mais opções ofensivas ao time - ou Arias, que daria maior força à marcação.

Azarão tranquilo, mas com artilheiro em dúvida

Do outro lado do confronto, o Independiente del Valle surge no papel de grande azarão da competição. Dominado em boa parte do primeiro jogo, em Quito, na semana passada, conseguiu o gol do empate em 1 a 1 perto do apito final e chega a Medellín podendo empatar para levar a decisão para os pênaltis - já que não há peso maior para os gols marcados fora de casa.

Os jogadores e o técnico Pablo Repetto mostraram muita tranquilidade e não se incomodaram quando questionados sobre o favoritismo do Atlético Nacional na partida. O comandante da equipe equatoriana fez questão de elogiar o adversário, mas também frisou que os colombianos respeitaram o Del Valle no jogo no Equador "mais que outros" clubes.

- É um grande time, que tem jogadores muito bons. Além disso, jogam como mandante, e ao longo da Copa ganharam o favoritismo. Essa é uma realidade, e os respeitamos muito - disse Repetto.

A tranquilidade da equipe equatoriana, porém, pode ser fortemente abalada por um desfalque de peso na equipe. O atacante José Angulo - um dos artilheiros do time na Libertadores, com seis gols - dificilmente terá condições de jogo, depois de sofrer uma pancada nos minutos finais da partida de ida. Pablo Repetto apontou que quem não estiver 100%, não será escalado.

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