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Nas últimas semanas foram ouvidos pela reportagem, funcionários, ex-funcionários e autoridades de três países que investigam a entidade que manda no futebol sul-americano. O retrato pintado por quem conhece as entranhas da Conmebol é o de um empreendimento de fundo de quintal, administrado de maneira amadora – que no entanto serviu para enriquecer seus chefões.
Após a realização das primeiras eleições desde 1986, a Conmebol passou ao comando do empresário paraguaio Alejandro Domínguez em 26 de janeiro deste ano – dois meses após a prisão de Napout, período em que a confederação ficou acéfala. Nas semanas seguintes, não pararam de chegar cobranças. Pessoas e empresas procuravam a confederação para receber por serviços supostamente prestados.
Narra um funcionário da confederação:
– Nós perguntávamos: “Se você prestou um serviço, onde está o contrato com a Conmebol?” Com frequência não havia contrato nenhum. Nós não tínhamos, eles também não. Alguns serviços até eram de fato prestados, outros não. Os pagamentos eram feitos de qualquer maneira, sem nenhum tipo de controle.
Algumas situações foram regularizadas e contratos foram feitos. Outros "fornecedores" foram dispensados. Quase todos eram ligados a Nicolas Leoz, que está preso em sua casa em Assunção há um ano, enquanto aguarda o julgamento de um pedido de extradição formulado pelos EUA. Ainda é impossível saber quanto dinheiro era gasto dessa maneira ou quanto se economizou com as torneiras que foram fechadas.
Leoz, de 87 anos, tem informantes em cada um dos nove andares do prédio da Conmebol. Para evitar o vazamento de informações importantes, pessoas que tomam decisões na confederação evitam usar os e-mails e os telefones oficiais; reuniões são marcadas de maneira informal. Fala-se muito, escreve-se pouco.
A Conmebol completou 100 anos neste mês, em 9 de julho, e nunca, jamais, em tempo algum, publicou um balanço financeiro. Os documentos produzidos pelo Departamento de Justiça dos EUA e pelo FBI ajudam a explicar os motivos: os três últimos presidentes e vários dos cartolas mais importantes dos 10 países que formam a confederação enriqueceram recebendo propinas nos últimos 25 anos.
O primeiro resultado público dessa intervenção foi sentido nesta semana: a demissão de Gorka Villar, diretor-geral da Conmebol. Gorka é filho do presidente da Federação Espanhola de Futebol, Angel María Villar, e muito próximo do trio que por muitos anos mandou no futebol sul-americano: Nicolas Leoz, Julio Grondona e Ricardo Teixeira.
Leoz está preso em sua casa em Assunção, Grondona morreu em 2014 e Teixeira foi indiciado pela Departamento de Justiça dos EUA. Gorka foi diretor jurídico da Conmebol nas administrações de Leoz e Figueredo, ascendeu a diretor-geral pelas mãos de Napout.
Uma empresa de recrutamento foi contratada para encontrar um substituto para Gorka Villar, que é acusado no Uruguai de ameaçar clubes que pretendiam processar a Conmebol. Uma das principais atribuições do novo diretor-geral da confederação será limpar a área de influência de Nicolas Leoz.
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