Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
Esportes

Conselheiro e ex-diretor do Timão são acusados de enganar empresário

01.05.2016
06:15
FONTE: G1

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  • Eduardo Ferreira é diretor adjunto de futebol do Corinthians
Enquanto Tite tenta levar o time às quartas de final da Taça Libertadores, o Corinthians mergulhou nas últimas semanas em um escândalo administrativo. Um empresário americano acusa Fábio Barrozo, ex-gerente geral das categorias de base, e o conselheiro Manoel Ramos Evangelista, o Mané da Carne, de enganá-lo na venda dos direitos econômicos de um garoto das categorias inferiores, além de cobrá-lo por procurações para representar o clube no exterior. O prejuízo calculado pelo agente é de US$ 110 mil (R$ 378 mil na cotação atual). 

A manobra começou em dezembro do ano passado, quando Helmut Niki Apaza, piloto de aviões da American Arlines e agente Fifa (segundo o perfil dele em um site de empregos), se interessou pela contratação de Alyson José da Motta, jogador de 16 anos das divisões menores do Timão.

Bem conhecido entre integrantes da base corintiana, Niki desembolsou US$ 60 mil por 20% dos direitos econômicos do jogador, divididos em três parcelas de US$ 20 mil, a última delas paga em dinheiro em fevereiro de 2016. A negociação foi conduzida e assinada por Fábio Barrozo, na época gerente geral do futebol amador.

A Fifa, porém, proíbe, desde o dia 1º de maio de 2015, que investidores tenham participação em direitos econômicos de atletas. Sendo assim, o agente americano não poderia ser dono de uma “fatia” do jogador a partir de dezembro. Outro problema que invalida a transação: não há na carta a assinatura do presidente Roberto de Andrade.

– Quando o atleta chegou, em novembro de 2014, ficou acordado que no contrato, a partir dos 16 anos, o clube teria 60%, a família 20% e o empresário 20%. Mas neste meio tempo as regras da Fifa mudaram. A família, então, abriu mão de ter porcentagem por aumento salarial. Já o beneficiário (empresário do jogador) negociou para um empresário chamado Niki. Como ele fez essa cessão, eu tive de anexar uma cláusula extra ao contrato dizendo que houve venda de 20% para o Nick por US$ 60 mil e como foi feita a negociação. Por isso, fui falar com o Niki. Os 20% negociados, na verdade, não são direitos econômicos, são comissão por futura venda dos direitos econômicos – argumentou Fábio Barrozo.

Quatro dirigentes que tiveram acesso aos documentos do caso relataram ao GloboEsporte.com que Barrozo alegava em troca de mensagens com o agente que o dinheiro seria destinado a Manoel Ramos Evangelista, o Mané da Carne, conselheiro vitalício e ex-assessor da presidência durante a gestão de Andrés Sanchez (entre 2007 e 2011). 

Evangelista é uma das pessoas mais influentes dos bastidores do Corinthians e sempre foi ligado às categorias de base. Ele tem fácil acesso a todos os departamentos do clube e aparece como figura constante em viagens do elenco profissional em partidas da Taça Libertadores e do Campeonato Brasileiro. Procurado pela reportagem do GloboEsporte.com, o conselheiro não atendeu aos telefonemas.

Helmut Niki Apaza alega ainda que pagou mais US$ 50 mil a Barrozo por uma procuração para ser representante do Corinthians nos Estados Unidos. O termo só tem a assinatura de Barrozo e não consta a anuência de Roberto de Andrade – única pessoa autorizada a eleger um procurador pelo clube. É aí que entra também o nome de José Onofre de Souza Almeida, atual diretor de futebol de base do Timão. Barrozo diz que o dinheiro foi usado pelo agente para custear a estadia dele e de Almeida na América do Norte. 

– Esse valor de US$ 50 mil é referente a gastos que ele (Niki) teve comigo e com o Onofre em duas viagens que fizemos para Miami, com passagens e hospedagens – justificou Barrozo.

Uma foto publicada no Twitter em 10 em setembro do ano passado, no entanto mostra  empresário na "função" de representante do clube (veja imagem no início da matéria). Niki aparece ao lado de Jean Ferrari, diretor esportivo do César Vallejo, do Peru, em uma reunião para discutir um convênio internacional com o Corinthians. O clube garante que não conduziu nenhuma negociação nesse sentido.
Futebol profissional também deu procuração ao agente

Em janeiro de 2016, durante a participação do clube na Florida Cup, nos Estados Unidos, Niki recebeu uma outra carta da diretoria do Corinthians. Agora, para representar o clube em negociações do departamento profissional de futebol no exterior – ele tentava vender o atacante Gabriel Vasconcelos, destaque da equipe sub-20, para uma equipe dos Estados Unidos. 

A segunda carta tem a assinatura de Eduardo Ferreira, diretor adjunto de futebol do Timão, mas não a Roberto de Andrade. Ferreira nega qualquer envolvimento no caso e garante que autorizou o agente apenas a trazer propostas por jogadores do clube. Em março deste ano, o Corinthians emprestou o atacante colombiano Mendoza ao New York City, mas diz que Niki não teve participação na negociação.

– Essa carta é comum no futebol para dar o direito a pessoa falar em nome do clube para aquele determinado assunto. Infelizmente as pessoas querem misturar as coisas colocando a maldade na frente. O que eu fiz foi defender os interesses do Corinthians, quando me foi solicitada a carta eu comuniquei a direção que me liberou para que eu a fizesse, como faço sempre – justificou o dirigente.

Sentindo-se lesado, o empresário procurou a diretoria do Corinthians para relatar o caso. A novidade caiu como uma bomba nos bastidores do clube. Toda a documentação foi entregue ao presidente Roberto de Andrade, que passou o caso ao departamento jurídico. Niki tenta receber os US$ 110 mil que investiu, mas ainda não teve um posicionamento do Timão. Ele não descarta entrar com uma ação na Justiça.

O Corinthians alega que não teve participação e que não sabia das negociações. Além disso, justifica que Barrozo foi demitido assim que as provas foram apresentadas pelo empresário. Em carta divulgada à imprensa em 13 de abril, o ex-dirigente sustenta que pediu demissão.

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