Se Valencia tinha como companheiros inseparáveis os exames, os tratamentos e as lesões musculares em 2013, que o fizeram pensar em deixar o Brasil, uma meia milagrosa passou a ser sua fiel escudeira na temporada que se sucedeu. É com este artifício da medicina, capaz de fortalecer a musculatura de uma panturrilha que o impediu até de defender a Colômbia na Copa do Mundo, que o volante de 29 anos virou o fiador de um Fluminense que ataca o tempo todo e encanta no Brasileirão. A ponto de criar um dilema a Cristóvão Borges para o confronto com o Goiás, domingo, no Maracanã.
Ainda não está definido se Valencia vai atuar. Porém, caso entre em campo, fará o mesmo na vitória por 3 a 0 sobre o Atlético-PR, em Curitiba: proteção aos zagueiros e liberdade a volantes e meias para se juntarem aos atacantes. É o que ele sabe, é o que ele gosta de fazer dentro de campo. E o time soube aproveitar: passeou mesmo como visitante.
- Dou proteção à defesa. Cumpri bem o papel pedido pelo treinador, de dar mais segurança ao time. A volta (à titularidade) foi muita boa. Me preparei muito bem para o jogo. Graças a Deus, fiz uma boa partida. Falta ter mais confiança, ritmo de jogo, mas creio poder ajudar sempre que for chamado – disse o colombiano, titular pela primeira vez com Cristóvão.
Até então, tinha entrado duas vezes no segundo tempo em partidas pelo nacional, antes da Copa. Depois, ao se apresentar a Jose Perkerman, com lesão na panturrilha direita, foi cortado do Mundial. Voltou a atuar contra o Santos, com três meses entre férias, tratamento e treinos. Qual a diferença? Um trabalho integrado da preparação física com os fisiologistas e fisioterapeutas do Flu. Além, claro, da meia milagrosa. Trata-se uma vestimenta elástica, usada por baixo do meião, que, ao comprimir o músculo, previne lesões. O lateral-esquerdo Carlinhos usa o mesmo recurso, porém, sobre o meião.
- Uso nos treinos e nos jogos, por baixo da meia normal. Me ajuda bastante, sinto a diferença, tanto que não tive mais o problema. Uso em casa também, vendo TV. Às vezes, a esposa fala para tirar e para descansar. Se tiver que usar ela 24h, vou usar. Não quero mais ter problema – contou o gringo.
A eficácia é atestada pelo preparador físico do Flu, Rodrigo Poletto:
- Ela comprime o músculo ao apertá-lo. Isso fortalece a região.
Os números comprovam o sucesso. Se em 2013 Valencia atuou em apenas 11 jogos, a frequência aumentou em 2014. São 14, mesmo sendo reserva, e estando apenas na metade do ano.
- Fiquei triste, claro, por não ir para a Copa. Mas eu sabia que havia este risco. Viajei machucado. Agora penso no Fluminense. E sei que temos condições de ser campeões. Fui em 2010 e 2012. A receita é fazer o que o treinador pede, ser aplicado e unido. Eu confio que podemos ganhar – afirmou Valencia.