Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Esportes

Da vaquinha ao choro no sofá, Pepe briga com a ansiedade pré-Olimpíada

29.07.2016
15:50
FONTE: Cassius Leitão, no Rio de Janeiro

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  • Pedro Gonçalves, confiante num bom resultado da equipe de canoagem slalom

Jogos Olímpicos fazem sinônimo com garra, dedicação, perseverança e, sobretudo, com histórias marcantes de realização. Não deve haver no mundo um desportista que não almeje a possibilidade de participar deste evento tão grandioso. Com Pedro Gonçalves, representante do Brasil na categoria K1 (caiaque individual) de canoagem slalom, não é diferente. Ainda mais depois da frustração de quatro anos atrás. Na corrida por uma vaga para Londres, Pepe, como é conhecido, não alcançou o feito por um triz. Mais precisamente por 13 centésimos, devido a um toque na penúltima baliza. Erro que acarretou na perda de dois pontos cruciais. Com o episódio, o canadense David Ford ficou com a vaga. Foram meses de inconformismo, e retomar a motivação foi algo difícil para o canoísta. 

No entanto, seu sonho continuava palpável. Com muito empenho e força de vontade, ele conseguiu o feito. E logo no país natal, o que faz o sonho se misturar com uma dose extra de ansiedade para viver tudo aquilo que imaginou um dia, quando era menino em Piraju, cidade do interior de São Paulo. Ele conta como foi assistir de casa à última Olimpíada e projeta suas metas para a oportunidade ímpar.

- Me preparei muito para este momento. Perdi a vaga em Londres por 13 centésimos. O ciclo olímpico começou de novo e o sonho seguiu vivo apesar da decepção de não ter ido para 2012. Demorei meses para assimilar. Acordo todos os dias pensando nos Jogos. Fiquei chorando no sofá ao ver a abertura dos Jogos de Londres, pois foi uma oportunidade que escapou das minhas mãos. Eu sonho com uma medalha. Sei do meu potencial e acredito que o fator casa vai ser fundamental. Pode fazer a diferença para nós brasileiros. O meu objetivo mesmo é chegar à final olímpica. Já ficarei satisfeito e orgulhoso – contou Pepe. 

A relação com a canoagem teve início quando Pedro tinha 10 anos. A equipe brasileira que representaria o país nos Jogos de Atenas, em 2004, fez a sua preparação na cidade natal do então menino sonhador. No Rio Paranapanema, que corta o município de Piraju (a 760 km da capital São Paulo), houve amor à primeira vista pelo esporte. Pouco depois da passagem do time nacional, um projeto dispôs da prática de vela, remo e canoagem. Pepe estava decidido que queria ser canoísta. Porém, seu pouco peso e a baixa estatura o levaram inicialmente à vela. Apesar de contrariado, não mediu esforços para evoluir na atividade. Uma oportunidade casual fez com que os rumos mudassem justamente para o caminho que pensava trilhar.

- Foi difícil me inserir no esporte, mas consegui. Apesar de treinar na vela, houve uma ocasião em que peguei o caiaque e saí remando. Um professor viu aquilo com gosto e logo me estimulou a mudar de esporte. Respondi prontamente que sim e admiti que era o que mais desejava. Não demorei a demonstrar que levava jeito. Aos 12 anos, fiquei na nona posição de uma competição da categoria sub-18 – lembrou com ar orgulhoso.

Anos passaram e uma chance de dar um salto maior no esporte surgiu. Mas primeiro precisava convencer a sua mãe de que teria de ir atrás dos sonhos. A possibilidade de se aprimorar em um local distante de casa não causou apoio imediato dentro de casa. Persuasivo, Pedro não deixou a oportunidade passar. Para isso, contou com a fundamental contribuição de familiares e amigos de Piraju, que ajudaram nos custos.

- Em 2010, recebi convite para treinar em Foz do Iguaçu. Minha mãe não queria deixar pois era considerada uma das cidades mais perigosas do país. E eu não tinha muito dinheiro para me manter. Mesmo assim, não abri mão do desafio e fui. Fiquei um ano lá e aprendi muito. Minha família e meus amigos faziam uma vaquinha para me manter, principalmente para não ter problemas na alimentação. Ou seja, todos têm uma parcela nessa minha chegada aos Jogos do Rio 2016. Sou grato a eles.

O sonho de Pedro vai se concretizar de fato no próximo dia 7 de agosto, quando se iniciam as eliminatórias da canoagem slalom. Caso avance de fase, ele volta às águas no dia 10, em que serão disputadas a semifinal e a final de sua categoria, a K1. Uma das principais conquistas de Pepe na carreira é a medalha de ouro do Pan-Americano da modalidade em Puebla, no México, em 2014.

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