Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Esportes

De Carol Portaluppi a Bilic e De Gaulle: citações indicam como será era Ceni

09.12.2016
09:11
FONTE: G1

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  • Rogério Ceni foi ao Morumbi para acertar seu contrato de técnico do São Paulo
Ao longo dos 49 minutos de sua entrevista coletiva de apresentação como técnico do São Paulo, Rogério Ceni deixou pistas valiosas de que como será sua trajetória na nova profissão. Goleiro que por muitos anos simbolizou a equipe, por ser o maior ídolo, o recordista de jogos, conquistas, gols etc, etc, Ceni tratou de afastar, logo de cara, a impressão de um treinador personalista, um centro das atenções. Falou em "delegar", "distribuir funções", disse que escolheu seu auxiliar para compensar seus pontos fracos e fez inúmeras citações.
 
Pelos mais variados motivos, das mais variadas formas, introduziu em sua primeira entrevista de Carol Portaluppi, filha de seu agora colega de profissão Renato Gaúcho, a técnicos como Juan Carlos Osorio, Slaven Bilic e até o estadista francês Charles de Gaulle.

– Quanta gente!
Acostumado a grandes públicos nos estádios pelo mundo, Rogério Ceni se espantou ao entrar na sala de imprensa do CT da Barra Funda. Em seguida, prestou condolências às famílias das vítimas do acidente com o avião que transportava a delegação da Chapecoense. Daí para frente, esbanjou seus contatos criados durante o curso de técnicos da Federação Inglesa, com exemplos de como cada um teve importância em sua decisão de se tornar técnico.

– Numa das conversas que tive com o croata Slaven Bilic, treinador do West Ham, ele me falou que às vezes a gente espera e idealiza uma oportunidade perfeita na vida da gente, e ela é tão perfeita que nunca acontece. Então eu resolvi interromper os estudos neste momento e seguir meu coração, minha paixão, o São Paulo Futebol Clube, e iniciar minha carreira de treinador.

Ainda no perfil "pouco conhecido do público brasileiro", foram lembrados o francês Claude Puel, do Southampton, e o italiano Walter Mazzari, do Waftord. Sem alterar o tom de voz em qualquer momento que fosse, Rogério também citou Jorge Sampaoli, sua inspiração no modelo de jogo a ser adotado, e o colombiano Juan Carlos Osorio, que, em quatro meses de convívio, durante o ano de 2015, fez o então goleiro mudar muitos de seus conceitos sobre futebol.

Houve também menções "provocadas" por perguntas de repórteres: casos de Dorival Júnior, elogiado pelo tempo em que está à frente do Santos, e Renato Gaúcho. O técnico do Grêmio afirmou tão logo sua equipe conquistou a Copa do Brasil que quem não sabe futebol vai estudar na Europa, e quem sabe pode tirar uma semana de folga na praia.

Uma posição evidentemente contrária ao que pensa Ceni, que, independentemente disso, não apenas elogiou Renato como jogador e técnico, como também citou o antecessor Roger Machado, "estudioso e detalhista", parabenizou pelo título e ainda se mostrou antenado:

– Vi uma entrevista da filha dele dentro de campo dizendo que provavelmente o pai continuaria no Grêmio, ele mostra a cada dia todas as qualidades que tem como treinador.

Mas o detalhe que mais chamou atenção foi o cuidado em valorizar todos que de alguma forma farão parte de seu dia a dia. Ceni relatou o reencontro com Ratinho, roupeiro do clube desde que ele começou como goleiro. Disse que, se for necessário, trabalhará com a psicóloga para incutir espírito vencedor na mente de cada jogador. Falou os nomes de Luis Felipe Batista e Raony Thadeu, integrantes do departamento de análise de desempenho e protagonistas na busca por material de opções de mercado para reforçar o São Paulo em 2017.

Parabenizou André Jardine pelo trabalho na equipe sub-20, ressaltou a importância de ouvir Pintado, auxiliar da comissão fixa e interino nessa reta final de Campeonato Brasileiro.

Inteligente, Rogério sabe que, por mais extensa que tenha sido sua preparação, por mais ricas que sejam as fontes onde bebeu em busca de conhecimento para ser técnico, há fatores mais abstratos, lúdicos e variáveis que podem condicionar seu êxito ou seu fracasso. Ter uma equipe de trabalho que se sente importante e abraça a causa do líder é importante em qualquer ramo profissional. Num time de futebol também.

Ter um inglês que seja seu ponto de equilíbrio é a grande tacada. Michale Beale fará aquilo que Ceni ainda não sabe tão bem. E dará tempo para que Ceni faça o que sabe melhor. Tentarão aplicar uma ideia de jogo ousada e terão a lealdade como alicerce na relação com o grupo.

– A ingratidão é uma necessidade política de trabalho – disse o diretor executivo Marco Aurélio Cunha, a pedido de Rogério Ceni, que admitiu: vai se apropriar da frase de De Gaulle, líder das forças francesas durante a Segunda Guerra Mundial.

E assim, da entrevista de Carol ao reencontro com Ratinho, dos conselhos de Pintado à filosofia de De Gaulle, poderá se ver a construção do técnico Rogério Ceni.

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