Mato Grosso, 16 de Abril de 2024
Esportes

Do gol ao ataque: as possibilidades para Mano reinventar o Cruzeiro

28.07.2016
10:51
FONTE: GloboEsporte

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  • Mano Menezes, técnico do Cruzeiro, durante entrevista
Começou a era Mano Menezes, de novo. Com ela, a missão de livrar a equipe do rebaixamento. Na primeira coletiva, o treinador avisou que o primeiro objetivo é procurar dar uma cara ao time. O mais rápido possível. Mas quem deverá se dar bem com o treinador, ganhando mais espaço, e perder com a chegada do novo treinador? O certo é que o desafio será ainda maior do que o do ano passado, já que o técnico chega com o time em posição pior no Brasileiro, mas com mais rodadas para conseguir a reação. 

O comentarista do Sportv, Henrique Fernandes, que fez uma análise do cenário que o treinador irá encontrar na Raposa. 

- Mano Menezes chega ao Cruzeiro em situação pior que a de 2015 quanto a tabela de classificação, mas com seis rodadas a mais para iniciar a reação do time. Em 2015 ele assumiu após uma vitória fora de casa (sobre a Ponte Preta, ainda com Deivid como técnico interino) e enfrentou em seguida o Figueirense em casa (e goleou por 5 a 1, com show de Willian). O bom início deu tranquilidade ao elenco nas primeiras semanas de trabalho. Mano também teve tempo para estar à beira do campo passando conceitos aos jogadores. Nos três meses em que esteve à frente do Cruzeiro, o time só teve jogos no meio de semana três vezes, ou seja, tiveram muitas sessões de treinamento. Em 2016, ele deve ter menos tempo para treinar, já que o calendário anda mais apertado e ainda terá que dividir atenções com a Copa do Brasil. Além disso, a tabela inicialmente é dura com um confronto complicado contra o Santos fora de casa e sem poder utilizar o Mineirão nos próximos dois jogos como mandante, contra Internacional e Coritiba. No meio do caminho, ainda tem jogo delicado contra o Corinthians, velho conhecido do treinador, fora de casa.

Mano vai encontrar também velhos conhecidos na Toca da Raposa, com quem teve sucesso na primeira passagem, casos de Willian, Ariel Cabral e Arrascaeta, por exemplo. No primeiro momento, para o jogo contra o Santos, domingo, às 16h (de Brasília), na Vila Belmiro, ele avisa que irá mudar o posicionamento tático. Confira, abaixo, quais certezas e interrogações Mano encontrará em cada setor, segundo Henrique Fernandes.

Goleiro: intocável

- Fábio era homem de confiança de Mano e seguirá assim. Intocável, capitão do time.

Laterais: a maior incerteza

- Setor mais incerto do Cruzeiro. Em 2015, Mano fixou Ceará (direita) e Fabrício (esquerda) como titulares, deixando o time mais estável defensivamente. Mayke sofreu com problemas físicos no ano passado e segue com os mesmos problemas, o que dará vantagem a Lucas no lado direito neste início de trabalho. Na esquerda, briga mais franca entre Edimar e Bryan. Se formos comparar com a escolha do treinador no ano passado, mais tendência para Edimar, que tem mais força e experiência e assemelha-se mais a Fabrício. Isso, claro, pensando numa possível tentativa de Mano de resgatar o que deu certo em 2015, inicialmente.
 
Zagueiros: continuidade ou mudança?

- Se quiser, Mano pode manter a dupla que mais utilizou em 2015: Bruno Rodrigo e Manoel. Para isso, precisa recuperar tecnicamente o primeiro (de longe, vivendo a pior temporada com a camisa celeste), e entender a situação física de Manoel. Melhor zagueiro do elenco, o jogador sofreu uma lesão grave, mas já voltou a trabalhar normalmente há quase um mês. Mesmo com Manoel relacionado para as partidas dentro e fora de casa nas últimas semanas, Paulo Bento nunca o utilizou. Em forma, será titular absoluto e referência do time. Agora, se quiser modificar o time que montou no ano passado, Mano tem opções importantes. Embora fosse do elenco em 2015, Léo estava se recuperando de uma grave lesão no joelho durante toda a primeira passagem do treinador. Foi com Mano, no Grêmio em 2007, que Léo teve sua primeira chance como titular em times principais. Bruno Viana também pode ter espaço. Embora só tenha aparecido com Paulo Bento em 2016 (e um pouco com Deivid), quem observou o jogador no time sub-20 e pediu para que subisse para o time principal foi o próprio Mano, que vai encontrar um jogador agora mais experiente pela sequência recente de jogos. Fabrício Bruno não deve aparecer muito no time.

Volantes:

- Em 2015, Mano fixou três jogadores mais defensivos no meio-campo celeste. Henrique era o primeiro homem, responsável pela proteção a defesa. Ariel Cabral ganhou espaço como um segundo homem pelo lado esquerdo, e Willians era o terceiro homem de meio, com mais liberdade para chegar à frente quase como um meia, devido à capacidade física diferenciada que tem. No setor, Mano terá que fazer adaptações. Henrique deve ser titular natural do time, mas é difícil pensar que Lucas Romero fique  fora depois que voltar das Olimpíadas. O argentino briga para ser primeiro homem ou fazer o papel que Willians desempenhava. Ariel não vive o momento que vivia quando chegou ano passado, e sente falta de ritmo. Pelo menos inicialmente, só vejo Henrique com lugar garantido. Além disso, ainda tem Denílson chegando, e com características para jogar nos papéis de Ariel e Henrique no time de 2015 e Robinho que pode fazer a função principalmente que era feita por Cabral, de qualificar o passe no meio e oferecer a bola mais longa acionando o ataque. Jovens apostas, Gino, Marciel e Bruno Ramires devem perder espaço, principalmente neste primeiro momento de crise de resultados e muita pressão.

Meias:

- Mano optou por um sistema, ano passado, com dois jogadores mais abertos fazendo a ligação. Quando Willians se adiantava, um dos homens abertos centralizava para encurtar o passe e fazer a bola chegar a Willian. Os dois mais usados no setor, em 2015, estão no clube: Arrascaeta e Alisson. Com Paulo Bento, o uruguaio amadureceu tecnicamente e entende cada vez melhor a dinâmica de jogo no Brasil. Tem tudo para ser uma peça importante com o novo treinador. Alisson é outro jogador que agrada bastante a Mano pela capacidade técnica e o mano a mano, mas ainda se ressente da questão física. O “problema” são as novas opções. Rafael Sobis, Rafinha, Robinho, Élber... o setor recebeu reforços que precisarão ser, ao menos, testados pelo novo treinador. Tem ainda o “problema” Marcos Vinícius. Lesionado desde antes do Brasileiro, o jovem ganhou espaço (e elogios) de Mano Menezes em 2015 e agora, recuperado, pode receber oportunidades. Trabalha aberto como meia ofensivo, ou até como um terceiro homem de meio-campo, conduzindo bola. Não seria surpresa se recuperasse algum espaço no time. Nomes “testados e reprovados” na gestão Paulo Bento como Pisano e Bruno Nazário não devem ter muitas chances até pela concorrência enorme no setor.

Atacantes: a boa fase de Willian voltará?

- A grande dúvida é: Mano Menezes conseguirá trazer o Willian versão 2015 de volta? Para não ser injusto, vamos aos números: ele tinha um gol até 25 de junho. De lá para cá, já fez mais cinco. Há sinais claros de melhora técnica e de confiança. Com Mano em 2015, o jogador viveu o melhor momento individual da carreira. Se jogar algo próximo do que jogou ano passado é titular absoluto. Como “falso nove”, atacante avançado com liberdade de movimentação nas laterais e entrada da área (como foi), ou até aberto para dar espaço a um centroavante fixo, como Ábila, que hoje é nova opção. Em 2015, Mano até teve Leandro Damião disponível, mas preferia utilizar o jogador vindo do banco, durante os jogos, para mudar a característica do ataque. A verdade, também, foi que Willian (que fez 4 gols na estreia de Mano em 2015) nunca deixou brechas para a concorrência. Sobis também pode fazer o papel de “falso nove” que foi de Willian e certamente Mano o conhece muito bem. O elenco ainda oferece como opção de ataque Douglas Coutinho, que embora tenha características interessantes, deve ficar atrás da concorrência neste momento inicial.

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