Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
Esportes

Do interior ao bairro Tanque: estrela de clássicos, Richarlison vive sonho no Flu

25.03.2017
09:51
FONTE: G1

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  • Richarlison em sua casa, no Tanque, em Jacarepaguá: jogador preferiu fugir dos holofotes no Rio
Se Nova Venécia, no interior do Espírito Santo, não é uma cidade muito conhecida, o bairro do Tanque, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ganhou notoriedade ao aparecer nas telas de cinema em "Tropa de Elite 2". E assim como Major Rocha no filme, o que Richarlison quer morando por ali é simplicidade. Após trocar a pequena cidade por Belo Horizonte e "da noite para o dia" chegar ao Fluminense, o atacante vive um sonho pelo clube em 2017. Mas não foi sempre assim. 

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, o jovem de 19 anos citou as críticas pelo valor de sua transferência - em torno de R$ 10 milhões - como maior dificuldade no clube. Após o "salseiro" da irregularidade em sua chegada, o jogador colhe os frutos da boa fase, com os dois gols no clássico contra o Botafogo, a invencibilidade pelo Flu em 2017 e a boa participação pela Seleção sub-20.

- O ano passado não foi o que eu esperava. Infelizmente eu tive algumas lesões e fui muito criticado pelo preço que o Fluminense pagou para me contratar. Acontece. Esse ano eu estou evoluindo, a Seleção ajudou muito, muito mesmo. Voltei outro jogador, mais maduro. O Abel também tem um papel importante. É um paizão para mim, me dá força todos os dias. Tudo isso que vem acontecendo na minha carreira é um sonho para mim - disse Richarlison.

Mesmo com um planejamento de morar em um lugar tranquilo com a família, longe dos holofotes, o jogador teve dificuldades em sua chegada ao Rio.

- Foi difícil de me enturmar com todo mundo, eu sou um pouco tímido. Logo que cheguei, os mais experientes me deram moral, mas aí vieram as lesões, fiquei um pouco para baixo, quando comecei a jogar mais, acabei tendo uma má fase, saí do time. Não foi fácil. Mas estar aqui ajudou. Aqui é o meu cantinho (risos). É tudo calmo e simples por aqui. Tem uma sinuquinha ali embaixo, quando dá um tempo fico lá com meus amigos, gosto muito daqui. A ideia era essa para me adaptar mais rápido, ficar mais afastado do "burburinho", sentir menos a cidade grande - explicou.

A trajetória no Tricolor é bem parecida com a da própria carreira como jogador. Se o começo foi difícil, nas escolinhas de várzea do interior, o sucesso chegou. Com ele, os próximos sonhos.

- Comecei a treinar com 10 anos, na escolinha do Tião Borboleta, que faliu. De lá, fui para a escolinha do Régis, que também era da Gazetinha - campeonato amador do estado. Fiz testes no Figueirense e no Avaí, mas não passei. Voltei, fui para o Real Noroeste-ES e acabei sendo artilheiro do campeonato sub-20, com 16 anos. Daí para a frente, foi só alegria - disse o atacante, que prosseguiu.

- Não esperava. Foi do dia para a noite. Eu fui completar um treino no profissional do América-MG, dei uma arrancada, fiz um golaço e recebi uma chance. Fiz um gol logo na estreia, contra o Mogi Mirim. Agora que eu já jogo num gigante do futebol brasileiro e já joguei na seleção de base, meu próximo objetivo é jogar na Seleção. Quero conquistar mais títulos pelo Flu, também - projetou.

Invicto em 2017 pelo Flu - são cinco vitórias e três empates em oito jogos - Richarlison comemora a boa fase. No último clássico, contra o Botafogo, ele comandou a virada tricolor anotando duas vezes e dando o passe para o outro gol da equipe, de Renato Chaves. Ele definiu o momento com a palavra mais repetida na entrevista: sonho.

- Eu nem tinha reparado que estava invicto (risos). A Seleção me ajudou bastante, tive uma evolução enorme. Fico triste por não ter classificado para o Mundial mas ao mesmo tempo fico feliz pela experiência e pelo aprendizado. Essa fase boa é um sonho que está sendo realizado. Uma coisa que eu venho querendo faz tempo, um desejo antigo. Ontem (contra o Botafogo), o Wellington me deu passe para gol, me deixou bater o pênalti porque eu disse que estava confiante. Peguei a bola, coloquei embaixo do braço, bati e fui feliz. Pude fazer dois gols, dar uma assistência. Não tem nem o que dizer. É um sonho - exaltou.

E se pela Seleção marcou sobre a rival Argentina, no Fluminense não foi diferente. Dos nove gols pelo Tricolor, três foram em clássicos. O primeiro deles veio em grande estilo, decidindo o Fla-Flu na Arena das Dunas em Natal, no Brasileiro 2016. Os gols em jogos grandes, inclusive, já começam a virar uma marca para Richarlison. Questionado se preferiu marcar no Rubro-Negro ou nos hermanos, ele não titubeou.

- Flamengo, claro (risos). Foi melhor, foi o meu primeiro. Acho que comecei bem, né? (risos). Primeiro gol com a camisa do Fluminense justamente em cima deles. Eu nem dormi, só fiquei revendo o gol, ainda está guardado na memória. Eu gosto de jogos grandes. Gosto do estádio cheio, é diferente para mim. Quando eu entro em campo e vejo que a torcida está em peso, dá um arrepio, eu gosto muito da torcida do Fluminense, é diferente para mim. É uma felicidade para mim ouvir meu nome sendo gritado. Mexe comigo.

Quem também mexeu com o jovem de 19 anos foi o técnico Abel Braga. Chamado de "paizão" pelo jogador, o treinador é peça importante para seu bom momento com a camisa tricolor.

- Não conhecia ele pessoalmente. Cheguei e nossa identificação foi rápida. Ele me deu um abraço, se apresentou e me perguntou se eu queria jogar contra o Volta Redonda. Eu disse que queria, e a partir daí ele gostou de mim. Ficou feliz que eu não fiz questão das férias. Se eu fizesse férias, seria pior, teria que fazer uma outra pré-temporada, então eu preferi ficar sem férias e ficar com o grupo. Ele sabe conversar com os atletas. Na hora de dar bronca, ele dá bronca, mas na hora de elogiar, ele é carinhoso com a gente. Essa receita tem dado certo.

E falando em bronca, o camisa 70 contou mais detalhes sobre o "chacoalhão" de Abelão na equipe no intervalo do clássico contra o Botafogo, quando o Flu perdia por 2 a 0.

- A conversa foi pesada. O homem estava bravo (risos). Ele xingou a gente mesmo, mandou a gente tomar naquele lugar, mas foi preciso. A gente fez um primeiro tempo horroroso, nada deu certo. Precisávamos de uma chacolhada mesmo. Depois do intervalo, a equipe voltou com outro espírito e conseguimos virar o jogo. A gente fez o que vinha mostrando nos jogos anteriores. O espírito de equipe pesou - finalizou.

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