Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
Esportes

Dos cogumelos ao Timão, Felipe refaz "temporada" de trabalho no Mercadão

07.10.2015
08:33
FONTE: G1

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  • Felipe no Mercadão: lembranças do tempo em que o futebol parecia um sonho distante
Há cinco anos, um dos jogadores mais regulares do Corinthians no Campeonato Brasileiro acordava no meio da madrugada, deixava a cidade de Mogi das Cruzes antes do amanhecer e tentava ganhar a vida no centro de São Paulo com a venda de cogumelos. O zagueiro Felipe trabalhou durante um ano no Mercado da Cantareira, na capital, e só se tornou jogador de futebol por causa da insistência.

O defensor que conquistou a torcida em 2015 com gols e boas atuações foi reprovado em peneiras no próprio Corinthians para a categoria sub-20. Em 2010, aceitou a ajuda dos sogros para ter um emprego e faturar algum dinheiro. Com uma condição: ele poderia continuar procurando um clube para jogar.

– Eu jogava na várzea, não tive base nenhuma. Tentei testes no Corinthians e fui reprovado duas vezes. Não passei na Portuguesa também. Quando comecei a trabalhar com minha sogra, ela quis me ajudar, começou a me levar ao Mercadão. Falei para ela que ainda queria tentar, dar um último gás. Aí surgiu um convite do União de Mogi. Depois fiz um DVD, mandei para o Bragantino, e as coisas começaram a dar certo – contou Felipe.

O zagueiro vai na contramão da maioria dos jogadores de futebol: começou tarde, aos 21 anos, quando recebeu o convite da equipe de Mogi e deixou o box da Ilza, sua sogra, onde tinha uma rotina puxada.

 Um ano depois, chegaria ao Bragantino. Em 2012, quase desconhecido, desembarcou no Parque São Jorge e teve de esperar três anos até virar titular e destaque do líder do Brasileiro. Para orgulho da dona Ilza.

– Queríamos ajudá-lo e sabíamos que ele tinha esse sonho. Foi muito bem enquanto trabalhou por aqui, mas acho que é ainda melhor no futebol – disse a sogra do corintiano.

A convite da reportagem, o zagueiro fez uma visita ao seu antigo trabalho, onde não ia "há dois ou três anos", segundo o próprio. O box da Ilza é especializado em cogumelos, mas também vende ovos de galinha e de codorna. No local, Felipe relembrou a dura rotina que viveu durante aquela "temporada" atípica longe dos gramados.

– Eu acordava às 3h40 da manhã em Mogi das Cruzes, carregava o carro, pegava a estrada, chegava aqui e descarregava tudo. Correria total antes mesmo de amanhecer. Saía por volta das 7h com meu sogro para entregar os cogumelos em restaurantes e supermercados. Depois vinha ajudar no box. Fazia de tudo um pouco. Mas, ao contrário do futebol, a pressão aqui era bem menor – brincou o corintiano.

No Mercado da Cantareira, localizado em frente ao famoso Mercadão, Felipe é um rosto familiar. Em uma caminhada de dez minutos pelo galpão cheio de barracas com alimentos variados, o zagueiro cumprimenta dois, cinco, dez conhecidos dos velhos tempos. Muitos deles corintianos.

As perguntas e pedidos foram recorrentes, todos em torno do mesmo assunto: o título brasileiro. Tranquilo, Felipe repetiu a mesma frase.

– Tem de manter o pezinho no chão, tem muitos pontos a serem disputados. Mas queremos muito esse título e vamos atrás dele.

A rotina daquele ano fez o zagueiro criar alguns hábitos. A preocupação com a alimentação é o principal deles. Os cogumelos, claro, fazem parte de sua dieta. Como um bom vendedor, Felipe fez propaganda do que costumava vender e consumir.

– Eu como muito shimeji, escuro ou branco. Ovo de codorna é indispensável também, e o champignon fresco é de ótima qualidade. Nunca parei para perguntar à nossa nutricionista, mas faz bem, é natural, bem gostoso. Minha sogra costuma nos abastecer com tudo isso em casa, acho até que estou dando prejuízo – avisou.

Felipe não precisa mais acordar tão cedo para cumprir sua jornada de trabalho. Agora, porém, não representa só o box da dona Ilza. A responsabilidade também é de alegrar milhões de corintianos com o possível título brasileiro no fim do ano.

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