Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
Esportes

Ex-artilheiro, cantor e mestre: Barcos revê seu técnico na LDU nas oitavas

22.04.2014
09:09
FONTE: G1

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  • Barcos com Bauza pela LDU: sintonia que rendeu gols e títulos
A foto abaixo dá a exata ideia da tenra relação entre Hernán Barcos e Edgardo Bauza. Um abraço como se fosse de pai para filho. De quem usou a mesma casa para despontar para o futebol, fazer fama, amealhar conquistas. E, agora, em busca da Libertadores, se separam, defendem cores distintas. O centroavante e o técnico, ambos argentinos, só poderão repetir esse gesto fraternal antes de a bola rolar no Nuevo Gasometro, na quarta, pelo primeiro jogo das oitavas, entre San Lorenzo e Grêmio. Os tempos de LDU ficaram para trás.

Mas nunca é demais relembrar. Barcos e Bauza não se parecem apenas por serem conterrâneos ou iniciarem seus sobrenomes famosos com a letra B. Esses argentinos chegaram ao apogeu na LDU. Primeiro, Bauza, que pegou o time equatoriano em 2006, classificando a equipe para a Libertadores de 2007. No ano seguinte, venceu o torneio, mostrando o clube e o seu próprio trabalho para o mundo. 

Até então, Barcos defendia o Olmedo, também do Equador. Empilhava gols. Chamou a atenção de Bauza. O encontro, no entanto, só ocorreria em 2010, quando o técnico voltou para a LDU e já não tinha mais o seu artilheiro de anos atrás, o também argentino Claudio Bieler. Pelo jeito, Bauza, hoje com 56 anos, sabe fazer centroavantes jogarem. Sob sua tutela, Barcos marcou de todas as formas. Foram 54 gols em 92 partidas, uma incrível média de 0,58 tento por jogo. Lá, ganhou o apelido de Pirata por um jornalista local.

A admiração de Barcos sobre Bauza é evidente. Costuma falar com carinho do treinador, da forma como o convidou para ser peça importante de sua segunda passagem pela LDU - juntos, ganharam um campeonato equatoriano e uma Recopa Sul-Americana. Forma de tratamento que o centroavante compara quando fora chamado por Luiz Felipe Scolari para se juntar ao Palmeiras, em 2012.

- São técnicos importantíssimos, com uma grande trajetória, que ensinam muito - disse, à época.

A ideia era reativar essa parceria em 2014. Assim que assumiu o San Lorenzo, Bauza colocou Barcos no topo de sua lista de reforços. Pediu para o clube argentino sondar a situação do centroavante e, frustrado, viu que não havia possibilidade de o jogador deixar o Grêmio, a não ser que o clube arcasse com a multa. 

O 1m89cm de Bauza foi bem aproveitado em seus tempos de zagueiro. Fora ídolo no Rosario Central, tinha fama de defensor goleador - garante ter 108 gols em partidas oficiais, entre 1977 e 1992. É o quarto maior zagueiro artilheiro da história, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS). Quando ficou sabendo, pensou, inclusive, ser uma piada de alguma rádio argentina.

Bauza é assim mesmo, desconfiado. Também é conhecido como um técnico bastante metódico e sério à beira do gramado. Não é de muitos arroubos. Tanto que até hoje ficou marcante a imagem do choro interminável na decisão da Libertadores de 2008, contra o Fluminense, no Maracanã. A emoção era tanta que nem avivara-se, no momento, que havia ganhado um carro de presente pelo título inédito. 

Fora dos campos, sem as preocupações táticas, se permite a piadas. Até se arriscou como cantor, em 2000, quando ainda começava sua carreira como técnico. Foi convidado por um músico fã do Rosario para cantar uma das canções de um disco que teria sua renda revertida para ajudar crianças carentes. A letra era em sua homenagem, com o título "Patón y conductor".

Patón é seu apelido, que o acompanha desde criança. A tradução dá conta de que Patón é um "mau dançarino", um cara desajeitado, culpa de sua altura avantajada. Como treinador, no entanto, sabe dançar como poucos conforme a música. Sempre coloca a Libertadores como prioridade. Gosta de jogadores experientes, o que fez, por exemplo, recrutar Barcos em 2010. E começa suas equipes pela defesa, embora a veia goleadora. Com Bauza, não há romantismo, reina o pragmatismo. Quem sabe, assim, ele não consegue o seu primeiro título como técnico na Argentina - havia comandado Rosario, Velez e Colón.

Em melhor clube não poderia estar, embora ainda enfrente certa dose de desconfiança pelas bandas de Boedo. O San Lorenzo também anseia pela sua primeira Libertadores, e Bauza sabe o caminho, por vias equatorianas. Os gremistas esperam que o amigo Barcos consiga atrapalhar. E que o único a sorrir no último abraço, aquele clássico, dado após as partidas antes do ingresso no túnel dos vestiários, seja o argentino tricolor.

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