Aos 17 anos, o atacante Malcom, do Corinthians, foi escalado como titular em um jogo difícil contra a Chapecoense. Não sentiu a pressão, partiu para cima e fez um gol logo nos primeiros minutos da partida, disputada na última quinta-feira, na Arena. No intervalo, os microfones foram todos em direção ao garoto, que deu entrevistas sem gaguejar. Aos poucos, ele se solta e pode até ser titular contra o São Paulo, neste domingo, no estádio alvinegro. No mundo ideal de Mano Menezes, não era para ser assim. A falta de atacantes acelerou o amadurecimento do jogador e abriu portas para outros nomes da base.
Malcom tem características para ser o representante de uma nova era no Corinthians, que nos últimos anos se acostumou a revelar bons jogadores e não aproveitá-los – casos clássicos do meia Willian, do zagueiro Marquinhos e do lateral-esquerdo Dodô, todos lembrados por Dunga na convocação mais recente da seleção brasileira, mas que jogaram pouco pelo Alvinegro. Com Malcom, o Timão quer fazer diferente: a intenção é lançá-lo aos poucos e tê-lo por muitos anos no clube.
Por isso, Mano não planejava escalar o garoto com tanta frequência neste início. Titular contra Criciúma e Chapecoense, Malcom ganhou espaço porque o Timão não contratou um ou dois atacantes tão desejados pelo técnico desde o fim do Campeonato Paulista. Marcelo, do Atlético-PR, e Nilmar, recém-contratado pelo Internacional, eram alguns dos nomes indicados. Só Paolo Guerrero é unanimidade. Luciano e Ángel Romero, os outros atacantes do elenco, vivem entre altos e baixos.
O gol sobre a Chapecoense aumentou a certeza de Mano Menezes sobre o futebol do garoto, maduro mesmo sendo tão jovem. Apesar do peso do clássico contra o São Paulo, Malcom tem chances de participar bem, seja como titular, seja como opção para o segundo tempo. O atacante vai ganhar rodagem rapidamente.
- Tenho adiantado uma coisa que pretendia fazer mais lentamente com o Malcom, mas é porque precisamos. Podemos estar nessa situação de ter poucos atacantes no segundo jogo da Copa do Brasil diante do Atlético-MG (Guerrero estará na seleção peruana). Aí, temos de ter rodagem, estamos acelerando o processo justamente por isso - explicou Mano Menezes.
Malcom subiu para a equipe profissional em janeiro, após o vice-campeonato da Copa São Paulo, torneio mais tradicional das categorias de base no Brasil. Logo depois, teve contrato ampliado e uma integração maior no time de cima. Esta era a ideia do Timão desde a chegada de Mano e da efetivação do ex-lateral Alessandro como uma espécie de ponte entre todas as categorias do clube.
Com o sucesso de Malcom, outros garotos podem ganhar espaço. O zagueiro Pedro Henrique é o próximo da fila, já que o clube descartou a contratação de um nome mais experiente e efetivou o garoto como segundo reserva da defesa – atrás de Felipe, com Gil e Anderson Martins titulares. Em vez de acertar com um dos dois nomes experientes que estavam na mira – André Dias e Vilson – o clube deu confiança extra a Pedro.
Na lateral esquerda, Guilherme Arana é a terceira opção, atrás de Fábio Santos e Uendel. No meio-campo, Zé Paulo sofre com o excesso de nomes para o setor, e por isso deve ser emprestado até o fim do Campeonato Brasileiro.
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