O clima no vestiário gremista era de frustração plena, digno de um velório. Não poderia ser diferente, após a dolorida eliminação precoce para o Rosario Central nas oitavas de final da Libertadores, com derrota por 3 a 0 na Argentina (4 a 0 no placar agregado), nesta quinta-feira. Ali mesmo no Gigante de Arroyito, em meio ao ambiente de abatimento, os gremistas já começaram, porém, a remobilização, com planos de um futuro melhor, que vislumbram avaliações internas e reforços para a sequência do ano.
Os discursos afinados do técnico Roger Machado e do presidente Romildo Bolzan após a queda apontam para a necessidade imediata de buscar qualificações ao elenco. Isso, sem fazer terra arrasada à terceira eliminação na temporada – antes, a equipe caiu na semifinal do Gauchão, para o Juventude, e na Primeira Liga, para o maior rival, Inter – e ao insistente jejum de 15 anos sem títulos de expressão nacional. As deficiências da equipe foram admitidas até pelo próprio treinador.
– Claro que a eliminação dói. É pesada. Foi a terceira no ano, mas precisamos nos remobilizar porque o ano não acabou. Tão grande quanto a frustração é a necessidade de dar a volta e fazer do Brasileirão e da Copa do Brasil um resgate por títulos. Dentro do Brasileiro, temos um grupo que mescla experiência com juventude. Precisamos de alguns reforços, o que está sendo discutido internamente. O reflexo da eliminação evidentemente que é dolorido. A ferida vai demorar para cicatrizar. Teremos um ano melhor e, acredito eu, com conquistas – projeta Roger.
A avaliação imediata não aponta para a queda do comandante ou da diretoria de futebol, ainda que o executivo Rui Costa seja pressionado pela torcida e por conselheiros. Até porque reina o entendimento de que o planejamento em busca do tri da América não foi errôneo, apesar de o grupo ter apresentado deficiências, culminantes na eliminação em solo argentino. A grave lesão de Bolaños, baixa por mais de um mês após fratura na mandíbula, foi citada como exemplo.
– As mudanças passam pelo plantel. Temos de qualificar no que estamos deficientes. A eliminação passa pelos jogadores, pela comissão técnica e passa pela direção. Agora, depende da direção prover os meios para as coisas saírem melhores. A avaliação antes da Libertadores passa pelos jogadores, comissão técnica, direção. Não foi equivocada. Tivemos o Bolaños, com 50 dias parado. Isso não foi equívoco. No contexto, não foram só os jogadores. Foi um conjunto, mas se tivéssemos mais recursos humanos ao Roger, poderíamos fazer uma situação diferente – avalia o presidente Romildo Bolzan.
Sem citar nomes nem apontar culpados, o mandatário admite, porém, que a aposta na manutenção de algumas peças, em detrimento de vasculhar o mercado por reforços, não teve o efeito esperado. O diagnóstico explicitado por Bolzan é de que alguns jogadores, vitais para a conquista da vaga na Libertadores em 2015, não renderam o mesmo até o momento em 2016. São os casos de Maicon e de Marcelo Oliveira.
O capitão gremista, pilar da equipe, teve atuações apáticas nas duas derrotas para o Rosario Central nas oitavas de final. O lateral-esquerdo, por sua vez, chegou a ser alijado do time, para o ingresso de Marcelo Hermes, nesta quinta-feira, no Gigante de Arroyito.
– O grupo não é insuficiente. Apresentou deficiências. Não é questão de diagnóstico errado. Tem situações de jogadores do ano passado que não corresponderam. Tudo isso não estava no script. O grupo precisa sofrer correções. Temos avaliações específicas – ressalta Bolzan.
Após a queda traumática, o Grêmio atribui foco total ao Brasileirão, com 10 dias livres para treinos até a estreia, diante do Corinthians, no próximo dia 15, em São Paulo. A sequência põe no horizonte gremista adversários complicados nas cinco primeiras rodadas do Nacional: além do Timão, Flamengo (casa), Atlético-MG (fora), Coritiba (casa) e Palmeiras (fora).
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