Após 13 dias de paralisação, os médicos da Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, voltaram às atividades nesta terça-feira (3). Em uma reunião no município, o secretário estadual de Saúde, Eduardo Bermudez, prometeu repassar o valor de R$ 1,6 milhões, até o final desta semana. O hospital não recebia recursos do governo Mato Grosso e da prefeitura municipal desde janeiro, acumulando R$ 3,6 milhões.
“Nós [da secretaria de Saúde] vamos passar os recursos para todo o estado. Rondonópolis também receberá, via município, ainda esta semana”, disse o secretário.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) pagou uma parcela no valor de R$ 593 mil, mais um valor referente as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), de R$ 504 mil. O montante deve manter os atendimentos de média e alta complexidade, pelo menos até o pagamento dos recursos atrasados.
A Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis é referência em atendimento em obstetrícia e cardiologia na região Sul do estado. De acordo com a assessoria da unidade, a maioria dos médicos não é contratada e trabalha mediante prestação de serviço com emissão de nota correspondente. Sem os recursos de repasse do estado e da prefeitura, os fornecedores do hospital também deixaram de ser pagos, prejudicando estoques de insumos, como agulhas, seringas e antibióticos.
“Essa falta de recursos e pagamentos fizeram com que nós tivéssemos dificuldades na aquisição de insumos e no pagamento dos médicos. Nenhum profissional consegue ficar três meses sem receber”, explicou o diretor da Santa Casa, Kemper Carlos Pereira.
Faltam UTIs
Com a falta de repasse da verba estadual, hospitais filantrópicos de Mato Grosso estão sem receber internação de UTI desde a última sexta-feira (29). Estas instituições atendem cerca de 80% dos casos de média e alta complexidade pelo SUS, no estado. Pacientes que precisam desta internação vem enfrentando a falta de vagas, agravada no último mês.
Assim como o caso de Rondonópolis, os quatro hospitais filantrópicos de Cuiabá estão sem receber os recursos estaduais. A dívida com o Hospital de Câncer de Mato Grosso, Santa Casa, Hospital Geral Universitário e Hospital Santa Helena somam cerca de R$ 5 milhões.
A última paralisação dos profissionais da saúde, em Cuiabá, aconteceu no dia 15 de abril. Os atendimentos só retornaram após o governo se comprometer a fazer o pagamento. Mas até a última terça-feira (2) nenhum recurso foi repassado.
O secretário de Saúde de Cuiabá, Ary Soares, confirmou o recebimento dos recursos do estado e disse que transferiu o dinheiro para os quatro hospitais filantrópicos de Cuiabá na tarde desta terça-feira (2). A Federação dos Hospitais Filantrópicos dise que, assim que confirmarem o recebimento, o serviço de ITIs para os pacientes do SUS será reestabelecido.