Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Cuiabano localiza irmã em MG após 59 anos sem contato: 'Saudades'

30.11.2015
11:50
FONTE: G1 MT

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  • Pedro já comprou passagem para Contagem (MG) em dezembro
O aposentado Pedro Alves Ferreira, de 76 anos, descobriu o paradeiro da irmã Maria José Alves Silva, de 74 anos, após 20 anos de procura e 59 anos sem contato. Eles moravam em Coxim (MS) e não se viram mais depois que Pedro se mudou para Cuiabá, na década de 50. Após várias mudanças, a família acabou perdendo o contato com ela. Os dois devem se reencontrar no próximo mês, quando Pedro deve viajar para Contagem (MG), cidade onde a irmã mora atualmente.

Pedro se mudou para Mato Grosso em busca de oportunidades de trabalho. “Tentava melhorar de vida. Queria muito estudar em Cuiabá. Na época, trouxe minha mulher e acabamos gostando da cidade. Ficamos e conseguimos construir muitas coisas. Por isso, não quisemos sair daqui”, afirma. Ele chegou na cidade em 1956, ano em que viu a irmã pela última vez.

O idoso explica que, por causa de algumas mudanças da irmã, a busca por ela, que começou em 1995, se tornou mais difícil. “Ela se casou em Campo Grande e, por causa do trabalho do marido, ela se mudou muito. Fiquei sabendo que ela passou por Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia, antes de eu achá-la em Minas Gerais. Além disso, teve a troca do nome. Quando solteira ela se chamava 'Maria José Ferreira'. Depois de casada o nome dela ficou 'Maria José Alves Silva'”, afirmou.

O aposentado tem dois filhos, de 32 e 33 anos, e mora no Bairro Osmar Cabral, na capital. Apesar de não trabalhar mais, tem como hobby tomar conta da fábrica de manilhas do filho. Para ele, “os mais velhos precisam continuar ativos. Além do que, cuidando aqui [da fábrica] eu consigo conversar com todo mundo do bairro, até com as crianças que gostam de ouvir histórias minhas”.

O sul matogrossense – que hoje em dia se considera cuiabano de coração – afirma que todos de sua família pretendem conhecer a irmã. “Já comprei a passagem de ônibus para o dia 4 de dezembro. Meus filhos e até minhas noras estão querendo ir pra Minas também. Eles estão se preparando para ir de carro e, caso forem antes, vou junto. Se não, irei sozinho mesmo, não tem problema”.

Sobre a conversa pelo telefone que teve com a irmã, ele conta que falou para ela apenas que “está com saudades e que não vê a hora do reencontrá-la”. A comunicação foi feita pelo telefone da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em Cuiabá.

Pedro afirma que o mais importante de história dele é o incentivo que pode dar a outras pessoas. “Sou privilegiado porque pude encontrar minha irmã. Acho que a gente precisa mesmo ir atrás dos parentes. Muitos deles morrem por falta de ajuda de um familiar. O que espero é que meu caso leve força para algumas pessoas que estão nessa busca”, revela.

Investigação
A investigação que resultou na localização da irmã de Pedro foi conduzida pela Polícia Civil em Cuiabá. O aposentado procurou uma delegacia em setembro deste ano e contou a história aos policiais. Investigadores da DHPP encabeçaram a procura até localizarem o antigo endereço de Maria José em Minas Gerais.

O investigador Auri Vieira Nascimento, do Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, explica que, além de um boletim de ocorrência ser registrado [para que a busca tenha legalidade], o primeiro passo do processo foi verificar o nome da irmã de Pedro em alguns órgãos.

“Tínhamos o nome dela, fornecido pelo idoso. A partir disso, consultamos setores como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), cartórios e delegacias de outros estados. Consultamos até no município onde a família nasceu [cidade de Pedro Gomes], mas o problema é que estávamos com o nome de solteiro dela”, afirma.

Os policiais então verificaram o registro de nascimento de Pedro e verificaram uma coincidência. “Quando fomos analisar o livro de registros, a partir da identidade de Pedro, verificamos que os outros irmãos foram registrados todos na mesma data. Por este indício, achamos que poderíamos tentar procurar a senhora também pela data de nascimento, já que eliminaria, inclusive, alguns homônimos”, elucida.

Auri afirma que com isso os investigadores conseguiram localizar o antigo endereço de Maria José e que a ideia de mandar uma carta escrita à mão foi dele. Na correspondência, ele explicou que não se tratava de um trote, nem de um golpe.

“Foi uma surpresa. Já tivemos alguns casos de reencontro, mas com esse tempo de distância, não”, ele conta sobre quando recebeu a ligação de um filho de Maria José. Ele relata que a investigação durou pouco mais de dois meses e que a conclusão feliz lhe fez sentir agraciado.

“O senhor Pedro ia na delegacia todos os dias durante esse período. Nunca mentimos para ele, mas o informávamos que estava difícil. A sensação de concluir o caso foi a melhor a possível, principalmente quando eu vi o brilho do olhar dele e o senso de gratidão eterna. Foi uma alegria total”, afirmou o policial.

O filho de Maria José e sobrinho de Pedro, César Augusto Benedites da Silva, de 53 anos, conta que a mãe ficou eufórica com a notícia.  Segundo ele, era o sonho dela poder rever o irmão. O funcionário público que mora em Contagem (MG) junto com a mãe conta que por pouco o reencontro não acontece.

“O pessoal da polícia de Mato Grosso conseguiu um endereço antigo nosso em Belo Horizonte. Eles enviaram uma carta para lá e demos sorte de um ex-vizinho que nos conhece achar a correspondência e nos ligar. Logo quando peguei, eu senti que poderia ser do meu tio. Fiquei com muita vontade de abrir a carta enquanto levava ela para minha mãe. A angústia só passou quando eu li o conteúdo para ela”, relembra.

Ele afirma que também procurava pelo tio e que seu sentimento de gratidão. “Temos que dar os parabéns tanto para o meu tio quanto para polícia. É muito bom ver que existe gente empenhada em fazer esse tipo de coisa. É uma história que tem um final muito bacana”, alega.

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