Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
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Entidades cobram apuração de assassinatos ligados a conflitos agrários em MT

19.08.2014
17:15
FONTE: ExpressoMT

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Entidades que atuam na luta pelos direitos de trabalhadores rurais, como a Comissão Pastoral da Terra, Movimento Sem Terra - MST, entre outras, cobraram transparência na apuração de crimes cometidos contra lideranças rurais em Mato Grosso. Foram três homicídios registrados somente na última semana. Em nota, as  entidades repudiam e denunciam os assassinatos de lideranças do campo.

O primeiro assassinato aconteceu no dia 13, no município de União do Sul, Gleba Macaco, Assentamento Nova Conquista II, área reconhecida legalmente como Terras da União. Neste caso, as ameaças foram denunciadas na Ouvidoria Agrária Nacional e foram testemunhadas, inclusive, por oficiais de justiça. A sindicalista Maria Lucia foi assassinada dentro do assentamento.

Os outros assassinatos aconteceram sábado, no Distrito de Guariba, no Município de Colniza. As vítimas foram Josias Paulino de Castro, presidente da Associação ASPRONU (Associação de Produtores Rurais Nova União), de 54 anos, e sua esposa, Ireni da Silva Castro, 35 anos. O casal foi morto após denunciais ações policiais e de políticos de Mato Grosso. Josias denunciou a grave situação de conflito agrário que perpetua na região. Dentre as suas denúncias acusa a inoperância e o descaso do Intermat, a grilagem de grandes áreas de terras públicas promovida por fazendeiros inescrupulosos, a expedição de títulos irregulares pelo Estado, extração ilegal de madeira, envolvimento de alguns políticos do Estado e o suposto favorecimento a ilegalidade na região pela Polícia Militar. "Neste ponto, é preciso ressaltar que, conforme noticiado pela imprensa, a arma utilizada no crime do casal era de uso restrito, portanto, somente poderia estar sendo utilizada, com a devida autorização, pelos órgãos de segurança do Estado", ressalta a nota encaminhada ao ExpressoMT.

"Afirmamos que, inequivocadamente, os 03 assassinatos foram execução de lideranças que lutavam pelo direito à terra e, por isso, denunciavam a corrupção e a violência que o povo sofre, com a omissão e conivência do Estado de Mato Grosso e a União, através dos seus órgãos competentes", acrescenta.

As entidades afirmam que estes assassinatos não são fatos casuais num Estado que vem promovendo a concentração de terra e a violência programada, para perpetuar o privilégio de uns poucos que detêm o poder político e econômico, em detrimento de uma maioria de trabalhadores e trabalhadoras rurais. "Muitas mortes estão sendo anunciadas pelo número de ameaças que vem crescendo exponencialmente nas zonas rurais do Estado". Somente no ano de 2013 foram 27 pessoas ameaçadas no campo, 21 em 2012 e 10 em 2011.
Portanto, com essa estrutura e a impunidade recorrente podemos afirmar que nos encontramos numa situação de barbárie social.

"A Maria Lucia, o Josias e a Ireni foram assassinados dias depois de apresentarem a grave situação em que vivenciavam as diversas famílias no campo. As denúncias junto á Ouvidoria Agrária e a respectiva Audiência, além de não resolverem a situação, acirrou ainda mais o conflito, demonstrando a incompetência e o descaso com a vida das pessoas. A luta e a coragem para diminuir as injustiças significou morte. Será que a impunidade também prevalecerá nestes casos? Exigimos apuração imediata e julgamento dos crimes, assim como a solução dos conflitos nos quais estavam envolvidos os assassinados", cobram as entidades.

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