Mato Grosso, 24 de Abril de 2024
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Fechamento de manicômios e investimentos para a saúde mental são cobrados

18.05.2015
17:06
FONTE: Assessoria

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Discriminados e excluídos por grande parte da população e esquecidos pelo poder público, os usuários da rede de saúde mental de Cuiabá foram às ruas na manhã desta segunda-feira (18) para cobrar melhorias no setor. Além deles, psicólogos, estudantes e representantes de movimentos ligados à saúde mental também participaram do Ato Político da Luta Antimanicomial, realizado na Praça da República, na Capital. A ação faz parte do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que tem como objetivo reforçar a importância da reforma psiquiátrica para o melhor atendimento e tratamento das pessoas com intenso sofrimento psíquico. Entre as principais bandeiras de luta do movimento nacional estão o fechamento de manicômios e a ampliação da rede de atendimento.

Coordenadora de Saúde Mental do Município de Cuiabá, Daniele Auxiliadora Bastos Novaes, acredita que ainda há muito que se fazer no setor psiquiátrico para dar melhor tratamento aos pacientes. Segundo ela, uma das primeiras barreiras a ser derrubada é o preconceito, não só da sociedade, como dos próprios profissionais da área da saúde. "Temos casos de médicos de unidades públicas que se negam a atender um paciente em surto psiquiátrico ou que apresente algum transtorno mental. O preconceito dificulta muito o atendimento e tratamento às pessoas com sofrimento psíquico".

Para a professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e integrante do Coletivo de Saúde Mental, Vanessa Clementino Furtado, outro fator que contribui para a situação negativa em que se encontra a saúde mental em Cuiabá é a baixa quantidade de unidades como os Postos de Saúde da Família (PSF) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). De acordo com Vanessa, o número não atende a demanda da população, fazendo com que os pacientes da saúde mental também sejam afetados.

"Em uma cidade como Cuiabá temos apenas um CAPS para atender usuários de álcool e drogas, um para adolescentes e assim por diante. É uma quantidade extremamente pequena e precarizada. Se engana quem pensa que porque temos o Adauto Botelho, em Cuiabá, os pacientes com sofrimento psíquico estão recebendo o tratamento adequado".

Exclusão 
Há 30 anos, o Sistema Conselho faz parte da Luta Antimanicomial promovendo a discussão e estimulando a conscientização da sociedade e dos governos quanto à situação das pessoas com transtorno mental. Presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), Alcindo José Rosa, afirma que a entidade, assim como outras organizações cobram o fechamento de manicômios e hospícios como forma de evitar a exclusão e perda dos direitos humanos dos indivíduos ali internados. Segundo ele, a permanência de pessoas fechadas sem qualquer vínculo com a sociedade não é benéfica para a saúde mental.

"Internar não é a solução para o sofrimento psíquico dessas pessoas. A psicologia aponta diversas outras formas de tratamento e acompanhamento. Precisamos acabar com esse modelo instituídos pelos manicômios e implantar a reforma psiquiátrica em todo o país".

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