Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Medicalização de crianças por mau comportamento escolar gera debates

29.10.2012
06:56
FONTE: Assessoria

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Contudo, atualmente, tornou-se comum medicar crianças e adolescentes que apresentam alguma conduta inadequada como se isso fosse uma doença.  As crianças, que no passado eram chamadas de 'arteiras' e 'danadas', hoje são diagnosticadas como portadoras de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA). “Parece que estamos abrindo mão da nossa função de educadores. Os pais e professores estão passando essa responsabilidade para os médicos e os remédios”, considera a pedagoga Jane Cotrin.
 
O termo 'medicalização' se refere à patologização dos processos escolares como a dificuldade de ler e escrever ou a apresentação de comportamentos considerados impróprios pela escola. Neste caso, esses fenômenos são transformados em doenças que devem ser tratadas, como é o caso da dislexia, entre outros transtornos. Dentre esses principais problemas, referem-se à questões ligadas à leitura, escrita e atenção.
 
Para a profissional, há um problema crônico na educação no Brasil ligado à aprendizagem da leitura e da escrita. Um número significativo de crianças não aprende a ler e escrever na idade considerada adequada no país. Medicalizar, então, é conceber que as crianças não aprendem porque têm uma doença, um distúrbio. Outra dificuldade que afeta o ambiente escolar é a indisciplina e a falta de atenção, o chamado TDA. “A medicalização reduz a compreensão dos problemas que afetam a escola e banaliza problemas sérios que alguma criança possa vir a ter”, ressalta Coltrin.
 
O grande desafio dos professores é ensinar todo tipo de aluno a aprender e isso pode fácil com algumas crianças e muito difícil com outras. A profissional recomenda que, quando uma criança apresenta um comportamento considerado hiperativo é importante ensiná-la a lidar com a situação. “Não se trata de negar que o problema exista, mas de discutir as causas e consequências do processo de medicalizar as crianças. Podemos e devemos buscar alternativas”, conclui.
 
Como a medicalizção no processo de aprendizagem ganha cada vez mais espaço o tema é um dos tópicos a serem discutidos no  Seminário de Educação (Semiedu 2012), organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e o Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que acontece entre 4 e 7 de novembro. O evento pretende discutir a visibilidade social, cívica e científica das crianças e trará a questão no Eixo “Saúde, doença e escolarização na infância”.
 
“O Semiedu, em todos os seus eixos, será a oportunidade de apresentação de trabalhos como resultados de estudos e pesquisas sobre essa etologia lúdica que carrega a criança desde o ventre materno. Podemos dizer, a partir de uma especulação da psicologia genética que afirma encontrar nos seres humanos e animais informações à disposição de uma natureza brincante desses seres”, ressalta o professor Cleomar Ferreira Gomes, um dos organizadores do evento, ao lado da professora Daniela Freire, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Infância (GPPIN).
 
Parceiros
O seminário conta com apoio da Capes, Fapemat, CNPq, Curso de Especialização em Educação Infantil da UFMT, Secretarias de Educação e de Cultura do Estado de Mato Grosso (Seduc/SEC), Secretaria Municipal de Educação/Cuiabá (SME), Grupo de Pesquisa em Geografia da Infância da Universidade Federal Fluminense (Grupegi/UFF), Unemat, Conselho Regional de Psicologia (CRP18MT), Casa de Cultura Silva Freire, Centro Internacional de Estudo em Representações Sociais e Subjetividade-Educação (CIERS-ED) e Colégio Ibero-Americano (CIA).

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