O Ministério Público do Estado (MPE) de Mato Grosso requereu à Justiça que o caseiro Anastácio Marafon, de 53 anos, acusado de matar a tiros o ex-secretário Vilceu Marchetti, de 60, seja levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. O crime ocorreu em uma propriedade rural da região de Santo Antônio de Leverger, cidade a 35 km de Cuiabá, na noite do dia 7 de julho deste ano.
De acordo com o parecer do promotor Natanael Moltocaro Fiuza, a forma pela qual Vilceu foi morto afasta as teses iniciais de crime passional ou suposta situação de legítima defesa.
"O acusado matou a vítima entrando inesperada e sorrateiramente no quarto onde esta repousava, atingindo-a de surpresa, recurso que retirou da vítima qualquer possibilidade de defesa. [...] Vilceu morreu deitado em sua cama, tal qual se encontrava, sem tempo de esboçar qualquer gesto de defesa ou pedido de socorro", disse o promotor no parecer.
O advogado de Anastacio, Oscar Cesar Ribeiro Travassos Filho, disse que o réu afirma que o ex-secretário teria assediado a mulher dele horas antes do assassinato. O caseiro contou à Polícia Civil que o assédio contra a esposa foi na casa sede da fazenda. A mulher, de 37 anos, estava dentro da residência quando Marchetti entrou e teria passado as mãos nas nádegas dela.
Anastácio contou que viu o fato do lado de fora, porque a porta estava entreaberta. Ele esperou Marchetti sair para abordar a esposa e perguntou o que havia ocorrido. Após a mulher confirmar o assédio, o acusado foi tomar satisfação com o ex-secretário, que estava dentro do quarto na casa ao lado. Houve uma discussão e o suspeito atirou, acertando três disparos na vítima.
O ex-secretário foi encontrado morto em cima da cama do quarto onde dormia. Pelos laudos da perícia, foi constatado que a vítima foi atingida por três disparos, sendo um a distância, outro a curta distância e o terceiro já encostado.
Maquinários
Vilceu Marchetti foi secretário de Infraestrutura durante o governo Blairo Maggi e foi morar na fazenda onde foi assassinado para se dedicar às atividades agropecuárias, depois de deixar o cargo no poder público. Em março deste ano, ele havia sido condenado pela Justiça Federal em Mato Grosso pela ação que ficou conhecida como ‘Escândalo dos Maquinários’.