Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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Índios kayapós querem indenização por queda de avião da Gol em MT

10.07.2016
09:38
FONTE: G1MT

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  • Avião da Gol caiu em mata fechada após colidir no ar com jato Legacy
Os índios da etnia Kayapó querem receber uma indenização da empresa Gol Linhas Aéreas por danos materiais e imaterais sofridos por aquele povo após a queda do avião da Gol, em 2006, na terra indígena Capoto-Jarina, que pertence à etnia, próximo ao município de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá.

A proposta foi apresentada durante uma reunião entre líderes da etnia e representantes da empresa aérea em fevereiro deste ano. A reunião foi mediada pelo procurador da República Wilson Rocha Fernandes Assis, que atua no Ministério Público Federal (MPF) de Barra do Garças, a 516 km da capital. Posteriormente, um inquérito civil foi instaurado para investigar os possíveis danos sofridos por aquele povo por causa do acidente.

Segundo o procurador, a proposta de acordo foi formulada pela comunidade indígena durante o encontro, mas a empresa não se pronunciou sobre o assunto, na ocasião. Ao G1, a empresa informou que foi notificada sobre o inquérito e ter conhecimento da proposta feita, mas que trata-se de uma política interna não tecer comentários sobre esse tipo de assunto.

De acordo com o MPF, os índios da etnia Kayapó alegam que, após a queda do avião no interior da terra indígena, a área se tornou vedada ao uso tradicional dos índios, pelo respeito que a comunidade dispensa às 154 pessoas mortas no acidente. “Segundo a cultura Kayapó, a área constitui uma 'mekaron nhyrunkwa', uma casa dos espíritos, vedada ao uso da comunidade para fins de caça, pesca, roça ou construção de aldeias”, explicou o procurador.

Segundo os indígenas, a área vedada ao uso daquele povo corresponde a cerca de 1.200 km², uma circunferência com raio aproximado de 20 km. Nesse espaço se encontrariam os destroços do acidente, conforme o MPF, razão pela qual as kayapós solicitam o pagamento de uma indenização pecuniária, cujo valor não foi informado, mas que seria revertido a projetos destinados à garantia e promoção dos direitos coletivos da comunidade indígena da região.

Inquérito
A portaria que determinou a instauração do inquérito civil foi assinada pelo procurador Wilson Rocha Fernandes de Assis no dia 3 de junho, que alegou levar em consideração “a necessidade de aprofundar a instrução relativa aos danos gerados em razão da queda de aeronave na terra indígena”

“Há uma investigação em andamento, aguardando a elaboração de laudo antropológico que circunstancie a narrativa da comunidade, de modo a demonstrar mais claramente a extensão dos danos provocados ao povo Kayapó”, afirmou o procurador.

Acidente e sentença
O avião da Gol fazia o voo 1907, entre Manaus e Rio de Janeiro, e caiu após se chocar com um jato Legacy que seguia para os Estados Unidos, com sete pessoas a bordo. Ao todo, 154 pessoas que estavam no voo da Gol morreram no acidente, entre passageiros e tripulantes. O Legacy conseguiu pousar numa base aérea no Pará e todos os ocupantes sobreviveram.

Os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram condenados a três anos, um mês e 10 dias de prisão em regime aberto, por terem provocado o acidente com o avião da Gol. Em 2015, o processo transitou em julgado e a Justiça determinou que os pilotos iniciassem o cumprimento da pena.

No dia 25 de maio, o juiz Murilo Mendes, da 1ª Vara Federal de Sinop, determinou que os pilotos poderão escolher se cumprirão a pena nos Estados Unidos da América ou em solo brasileiro. Os pilotos ainda precisam ser notificados para se pronunciarem à Justiça brasileira.

Ao longo do andamento processual, Lepore e Paladino mantiveram-se em território norte-americano. A decisão do juiz federal de Sinop, que os desobriga do cumprimento da pena no Brasil, baseia-se em convenção internacional da qual Brasil e Estados Unidos da América são signatários.

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