Mato Grosso, 23 de Abril de 2024
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Pantanal sofre com represamento dos rios para geração de energia

27.03.2014
08:24
FONTE: Assessoria

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A construção de represas e barragens nos rios que formam a bacia do pantanal mato-grossense é o maior fator de escassez dos peixes e da desestruturação ambiental nesse bioma. A afirmação partiu da doutora em ecologia  Débora Calheiros,  com base em um trabalho realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O relatório foi apresentado  à Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa.
 
Nesse trabalho, denominado Wokshop Internacional Diálogos e Saberes: Os impactos das represas e da fragmentação dos rios na pesca artesanal e modos de vida locais no pantanal, a Embrapa reuniu pesquisadores e sociedade civil dos países que compõem a Bacia do Prata -  uma das afluentes do pantanal ,   ao lado da Bacia do Alto Paraguai (BAP)-  considerada a maior área úmida de água doce do planeta.
 
“ Trata-se de uma região transfronteiriça e o esgotamento de seus recursos naturais afeta, de forma direta, mais de 20 milhões de pessoas que dependem dessas áreas úmidas para viver com qualidade”, explicou a ecóloga.
 
O relatório final dos trabalhos aponta que somente na BAP estão previstas 135 barragens para aproveitamento de energia elétrica. Quarenta e quatro dessas já estão em operação -  sendo 8  Usinas Hidrelétricas com maior potencial destrutivo e 36 Pequenas Centrais Hidrelétricas – e outras 91 previstas .  O pleno funcionamento de todas essas empresas, na visão da ecóloga, poderiam causar danos irreversíveis ao pantanal não só na área pesqueira e ao turismo,  mas também na criação de bovinos, já que o pulso de inundação é importante para a pecuária tradicional, pois limpa a pastagem e faz com que o alimento fique mais nutritivo para o gado.
 
Débora Calheiros ficou surpresa com a afirmação do deputado estadual Dilmar Dal’ Bosco de que já existe na Assembleia Legislativa de Mato Grosso um projeto de lei, elaborado a partir da CPI das PCHs, que proíbe a implantação de novas usinas nas bacias do pantanal mato-grossense.
 
“Nossa equipe técnica teve um entendimento muito parecido com relação aos prejuízos causados pelas empresas hidrelétricas nos rios que desembocam no Pantanal. O reservatório consegue ser tão nocivo ao bioma quanto  o despejo de esgoto “in natura” e o assoreamento dos rios”, afirmou Dilmar.
 
Os estudos apresentados também apontaram omissão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente  no tocante a emissão de licenças. Ela  afirma que, nos casos das Pequenas Centrais Hidrelétricas,   o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)  analisa  os danos de maneira individual, sem levar em consideração o que o conjunto de PCHs instaladas no leito do mesmo rio podem causar ao ecossistema.
 
“O melhor exemplo disso é o Rio Jauru, onde   uma usina hidrelétrica e sete PCHs em seu leito. Lá a pesca profissional deixou de existir pois os cardumes  não resistem  as alterações contantes no nível do rio, que fica cheio e completamente vazio em um mesmo dia. E os ribeirinhos estão na miséria, pois nem são considerados atingidos por barragens”, afirmou a estudiosa.

A alteração da análise ambiental, de acordo com Dal’ Bosco, é uma das sugestões propostas no relatório da CPI das PCHs.
 
LEI DO PANTANAL – Os estudiosos mostraram-se preocupados com um projeto apresentado pelo senador mato-grossense Blairo Maggi (PR), que  proíbe a pesca em toda a extensão pantaneira, que inclui os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, pelo período de cinco anos. Eles pediram intervenção da Assembleia Legislativa junto a bancada federal para vetar a proposta.

Os   vereadores Valter Pereira da Silva, A cidade, que   tinha o turismo e a pesca amadora na sua base econômica, sofre as consequências da implantação das PCHs. 

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