Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
Mato Grosso

'Preferia um abraço', diz filha sobre pai condenado por 'abandono afetivo'

02.08.2015
03:33
FONTE: G1

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

A filha, de 37 anos, que ganhou uma ação de indenização na Justiça, no valor de R$ 150 mil, por abandono afetivo do pai, declarou que trocaria tudo por um abraço e pela oportunidade de ter algum tipo de convivência com ele. “Trocaria tudo para receber um abraço, para estar ao lado dele, para ter uma convivência legal. Tenho a esperança de que um dia ele me aceitará e vai me procurar espontaneamente”, desabafou. O pai foi condenado a pagar a indenização à filha, que só foi reconhecida por ele aos 35 anos de idade, por decisão do juiz da Terceira Vara de Família e Sucessões de Cuiabá, Alberto Pampado Neto. A decisão cabe recurso.

O processo corre em sigilo e os nomes das partes não podem ser revelados. O direito da filha de ser indenizada pelos danos que sofreu em razão do abandono foi reconhecido pelo juiz, em decorrência da omissão do dever legal, visto que todo pai tem que manter convivência familiar com os filhos, segundo o Código Civil, e promover-lhes a guarda e educação, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A reportagem esteve na residência da moradora, que contou que não gosta muito de tocar no assunto, mas garante que não ingressou com a ação por dinheiro e, sim, pela presença. Ressalta que o dinheiro que pode receber não vai pagar a ausência do pai no período da infância.

Aos 8 anos de idade, a filha conta que procurou o pai acompanhada da mãe, no consultório odontológico onde ele trabalha, em Cuiabá. Na ocasião, segundo ele, o pai não teria dado a atenção merecida as duas.

 Passado um longo período, no ano de 1999, a filha teria procurado novamente o pai para revê-lo e apenas receber uma abraço. “Marquei uma consulta odontológica para que ele não negasse a minha presença. Ele avaliou meus dentes, fez o orçamento do que pedi e não me reconheceu. Somente no final contei que não era apenas uma paciente e, sim, a filha dele. Na ocasião, ele até reagiu bem e pediu que queria o exame de DNA para comprovar”, relatou.

O exame foi feito e ficou comprovado que ela é filha do dentista. Mesmo após a confirmação, a mulher disse que o pai não a procurou e nem teve mais contato. “Ele disse que não quer saber de filha, de netos e bisnetos”, disse. A mulher relata ainda que chegou a até escrever uma carta para o pai, mas sem resposta. “Falei dos meus sentimentos, como ele fazia falta na minha vida. Deixei endereço e telefone, porém, ele não me procurou. Já me conformei que ele não quer saber de mim”, disse entristecida a filha, que se encontra desempregada.

Ela completou: “se eu dizer que eu o amo estarei mentindo, até porque não tive nenhuma convivência, mas tenho sentimentos afetivo por ele”, afirmou. A mulher relata ainda que casou-se quando tinha a idade de 14 anos e há 5 anos está divorciada. Ela tem duas filhas, sendo uma de 13 e a outra de15 anos. Declarou ainda que toma remédios controlados contra depressão, que foi criada pelo avó e que a mãe dela a teve quando tinha 16 anos, período em que manteve um relacionamento com o dentista.

A defesa do dentista alega que ele reconheceu a filha, após o exame de DNA, mas contesta a informação de que ele teria sido procurado por ela na infância. O advogado Samir Hamound informou que vai recorrer da decisão. O dentista  é casado e tem duas filhas.

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ENVIE SEU COMENTÁRIO