Mato Grosso, 20 de Abril de 2024
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Profissionalização altera cotidiano de reeducandos

06.05.2016
09:28
FONTE: Viviane Moura | Coordenadoria de Comunicação do TJMT

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Marcenaria, serralheira, corte e costura e serviços gerais são algumas das profissões que estão trazendo a dignidade de volta aos reeducandos da penitenciária regional Major Eldo de Sá, mais conhecida como Mata Grande, localizada no município de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá). Graças a um projeto de ressocialização, mais de 200 recuperandos que receberam qualificação profissional realizam atividades remuneradas, intra e extramuros.
 
Trabalhando dentro do presídio, o coordenador da marcenaria, Paulo Henrique Cabral Cardoso, ensina a atividade a outros quatro colegas. Juntos, eles produzem armários embutidos, guarda-roupas, mesas, portas de correr, entre outros móveis em madeira e MDF.
 
“Deixar a ociosidade de lado é essencial para refletir sobre o crime que cometemos. Trabalhar faz a pessoa se sentir melhor porque o tempo aqui passa mais rápido, além de contribuir financeira e psicologicamente. Para mim, em especial, é muito bom poder colaborar com a profissionalização dos colegas que vem para a marcenaria”, pontua Cardoso.
 
Cultivar legumes e hortaliças é outra função ocupada por três reeducandos da penitenciária. Eles são responsáveis pelo plantio e colheita de tomate, couve, pimentão, coentro, quiabo, alface, maxixe e outras leguminosas. Todas colhidas para consumo dos apenados.
 
Segundo o coordenador da horta, Antonio Alexandre Moreira da Silva, esta é uma chance que não irá perder. “Não tenho muita instrução, mas sei lidar bem com a terra. E não vou perder essa chance de me recuperar. Todos nós queremos mudar de vida e voltar à sociedade”.
 
A produção de uniformes dos reeducandos da unidade, no ateliê de costura, é outro trabalho realizado por três internos da penitenciária. Juntos, eles confeccionam em média 20 peças por dia. A função foi aprendida dentro da unidade prisional, segundo Gerson Figueiredo Dias, de 50 anos, que antes de ser preso trabalhava com pintura. “Para mim foi extremamente importante fazer o curso de alfaiataria e ter uma nova profissão. Sou grato à direção por poder influenciar outras pessoas. Hoje há outros recuperandos que desejam aprender este ofício e eu pretendo ensiná-los”.
 
Contudo, a maior prova de confiança aos apenados do regime fechado partiu da juíza responsável pela Corregedoria dos presídios da Comarca de Rondonópolis, Tatyana Araújo Borges, que instituiu em setembro de 2014 o primeiro projeto de trabalho extramuro do País, com acompanhamento realizado por meio da tornozeleira eletrônica e sem escolta policial.
 
“A ressocialização por meio do trabalho foi a maneira encontrada para reinserir os reeducandos à sociedade. Valeu a pena os deixar trabalharem também fora da penitenciária, a mudança de vida foi surpreendente para aqueles que levam a sério esta oportunidade. O trabalho recupera a autoestima, na medida em que podem ajudar suas famílias com a remuneração que recebem”, argumenta ela.
 
E as vagas extramuros surgem em várias empresas privadas instaladas na cidade. Um exemplo é uma construtora de pavimentação asfáltica, que tem entre seus funcionários quatro recuperandos que realizam serviços de encanamento, manutenção de redes de água e esgoto, construção de meio-fio e serviços gerais. Eles trabalham de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h e recebem um salário mínimo mensal. Em função do seu empenho, a previsão é de que permaneçam contratados mesmo após o cumprimento da pena.
 
Márcio Firmino Rodrigues, que está há dois anos prestando serviço para a construtora, reconhece que através do serviço externo está se recuperando. “Ter um emprego é uma chance de vida, muitas pessoas livres hoje estão desempregadas. Agora sim, sei o que é melhor para mim. Entendi finalmente que o crime nunca me deu nada, pelo contrário, tirou tudo que eu tinha”.
 
Com menos tempo de empresa, Alexandre Lima Santana, contratado há três meses pela construtora, para realizar serviços gerais, justifica que honrará a confiança depositada nele. “Fiquei muito satisfeito de ser escolhido para trabalhar fora do presídio e vou mostrar que posso ser melhor no agir. Todos vão ver que podemos mudar e ser alguém na vida”.
 
Todos os recuperandos que trabalham são beneficiados com a remição de pena, a cada três dias trabalhados, um é abonado da reclusão. Além disso, os integrantes da marcenaria ficam com 50% do valor dos móveis produzidos quando vendidos para pessoas de fora da unidade.

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