Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Réu acusa delegado de ameaça e diz que não mandou explodir carro-forte

29.07.2014
09:11
FONTE: Carolina Holland/G1 MT

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Lindomar Alves de Almeida, o ‘Nenezão’, negou em depoimento à Justiça na tarde desta segunda-feira (28) a participação na explosão e roubo de R$ 1,5 milhão de um carro-forte, na BR-364, em junho de 2012. Em audiência no Fórum de Cuiabá, o réu, apontado pelo Ministério Público do estado (MPE) como o mandante do crime, acusou o delegado Flávio Stringueta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, responsável pelas investigações, de ameaças a si e à família. Procurado pelo G1, Stringueta negou ter ameaçado o acusado. A mulher do suspeito e outras duas pessoas também respondem pelo processo criminal.

'Nenezão', que está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), foi ouvido por pouco mais de uma hora na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica. Ele disse que não participou, planejou ou financiou a explosão seguida de roubo, e que não tem armamento pesado, como sustentam o MPE e Polícia Civil. "Eu nem sei por que estou sendo processado, não sei quem cometeu. Eu não estava aqui no dia do crime, estava em Goiânia", declarou o réu, que estava foragido da Justiça quando o crime ocorreu. Ele fugiu do Centro de Ressocialização de Cuiabá (antigo presídio do Carumbé) em 2004 e só voltou a ser preso em 2012, na Bahia.

Ameaças
O acusado foi ouvido duas vezes por Stringueta quando estava no estado nordestino e afirma que foi ameaçado pelo delegado, que queira saber onde estava uma metralhadora antiaérea ponto 50 que seria de 'Nenezão'. "Ele fez várias ameaças à minha família, disse que se eu não entregasse essa possível arma a minha família podia correr risco de vida", declarou

O réu contou ainda que o próprio pai foi assassinado em uma fazenda tempos depois por uma pessoa que estava com um colete da Polícia Civil. "Chegaram perguntando das armas, mas meu pai não tinha arma nenhuma e executaram ele". Segundo Lindomar, Stringueta voltou ao presídio baiano cerca de 15 dias depois do homicídio.

"Ele perguntou se, caso eu não entregasse essa possível arma que ele estava querendo, se eu não tinha medo de acontecer esses mesmos fatos com a minha família", disse. Ele acusou Stringueta também de não ter oferecido um advogado antes de ser ouvido na Bahia e de ter expulsado um agente prisional de dentro da sala onde ocorreu a conversa entre delegado e réu.

Áudio e contradição
No começo do depoimento, o acusado disse que tinha estudado somente até a 1ª série do Ensino Fundamental. Depois, disse que não sabia sequer ler. Porém, ao ser questionado pela promotoria de Justiça sobre como ficou sabendo da explosão do carro-forte, disse que viu em páginas de jornais locais na internet. Durante o depoimento, o réu ainda negou conhecer o homem identificado como 'Velhinho', que em uma gravação obtida pela Polícia Civil teria falado sobre o crime e os envolvidos.

O áudio foi juntado ao processo nesta segunda-feira. A juíza Selma Rosane dos Santos Arruda deu prazo de cinco dias para que sejam juntadas ao processo as cópias dos diálogos. Depois, a ação segue para diligências das partes e, em seguida, para decisão.

Defesa
O advogado Luis Carlos Rotta Filho afirma não haver elementos concretos para a condenação do réu. "O conjunto probatório é muito vago, o que há são suposições levantadas pela autoridade policial. Não há provas", considerou. A defesa pediu à Justiça a degravação das audiências realizadas nos dias 25 e 28 de julho, e que seja enviado ofício ao diretor do presídio de Serrinha, onde Lindomar estava, para que sejam informadas 'em que condições, datas e se na presença de alguém' foram realizadas as conversas entre o delegado e o réu.

Outro lado
Stringueta disse ao G1 que o réu está tentando desqualificar a autoridade policial, o interrogatório e o depoimento do delegado, que foi ouvido na última sexta-feira (25) como testemunha no processo. "É óbvio que não o ameacei. Por que ele só questiona isso agora? Se isso tivesse ocorrido, ele já deveria ter denunciado então. Por que esperou tanto tempo? Isso é um ataque desnecessário à figura do investigador e não vai mudar em nada a situação criminal dele", afirmou.

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