Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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Riva confirma que recebeu propina por meio de ex-governador, diz polícia

04.05.2016
09:55
FONTE: Renê Dióz | Do G1 MT

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  • Silval Barbosa e José Riva
A Polícia Civil divulgou nesta terça-feira (3) que o ex-deputado estadual José Riva, um dos novos denunciados da operação Sodoma, admitiu em depoimento prestado espontaneamente à Delegacia Fazendária (Defaz), na última semana, ter recebido do então governador de Mato Grosso Silval Barbosa, durante exercício do mandato (2011 a 2014), dinheiro oriundo de um esquema de fraudes e cobrança de propina com base em contratos do estado. A defesa do ex-governador, preso desde setembro de 2015, não comentou o teor do depoimento de Riva.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, os advogados de José Riva procuraram a Defaz para que o ex-deputado se apresentasse e prestasse um depoimento a respeito das investigações em curso na operação Sodoma. Na oportunidade, ele confirmou em partes uma passagem já abordada na ação penal oferecida pelo Ministério Público (MP) com base nas novas investigações da operação Sodoma, a qual denunciou Riva, Sival Barbosa e outras 15 pessoas.

Esta não é a primeira ocasião em que Riva admite participação como beneficiário em algum esquema de corrupção. A primeira vez foi no dia 15 de abril, quando ele confessou ter recebido parte de verba desviada da Assembleia Legislativa de Mato Grosso em esquema apurado pela operação Ventríloquo.

Propina
Desta vez, Riva explicou que, de fato, recebeu do então governador Silval Barbosa mais de R$ 2 milhões pagos pelo empresário Willians Paulo Mischur, que pagava propina ao grupo do governador a fim de manter o contrato de sua empresa com o estado, conforme as investigações.

Seguindo o esquema que então vigorava, o valor deveria ser direcionado ao grupo liderado por Silval Barbosa, mas este resolveu destiná-lo a Riva a fim de pagar uma dívida que tinha com o ex-deputado. Aos delegados da Defaz, Riva afirmou na semana passada que Silval Barbosa lhe destinou a propina paga por Mischur porque devia ao ex-deputado uma parte do pagamento de sua cota na aquisição de uma fazenda em Colniza, município a 1.065 km de Cuiabá.

À época, o então governador e o então deputado estadual haviam adquirido a propriedade rural em sociedade e registrado suas participações em nomes de terceiros (tanto pessoas físicas quanto jurídicas). Entretanto, até então, Silval Barbosa não havia quitado sua cota na aquisição da área e usou a propina paga por Mischur para saldar a dívida.

O termo de declarações de José Riva foi juntado à ação penal que tramita na 7ª Vara Criminal por força da operação Sodoma.

Procurada, a defesa de Silval Barbosa afirmou que ainda não teve acesso ao teor das novas declarações de Riva e, por isso, não poderia ainda se manifestar a respeito. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Riva para falar acerca do depoimento.

Operação Sodoma
A operação Sodoma combate uma suposta organização criminosa que teria sido liderada entre 2011 e 2014, segundo o MP, pelo então governador Silval Barbosa (preso em setembro de 2015), contando também com a participação do filho Rodrigo da Cunha Barbosa (preso na última segunda-feira), de ex-secretários e outros agentes públicos.

De acordo com o MP, o grupo fraudava atos de concessão de incentivos fiscais bem como processos e licitações da Secretaria estadual de Administração (SAD) a fim de cobrar propina dos empresários envolvidos. O dinheiro teria servido para os mais diversos fins, até mesmo pagamento de dívidas de campanha eleitoral. Pelo menos R$ 17,6 milhões teriam chegado como propina a Silval Barbosa e seu grupo.

Em decisão que negou a revogação da prisão do filho do ex-governador Rodrigo Barbosa, o desembargador Alberto Ferreira de Souza, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, comparou a atuação do grupo acusado pelo MP às atividades do braço político da máfia italiana, combatida nos anos 1990 durante a operação Mani Pulite. De acordo com o magistrado, as investigações "revelam um hipotético, porém tenebroso, quadro de corrupção sistêmica, corporificado nos meandros do Poder Executivo estadual entre os anos de 2011 e 2014".

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