O grupo de trabalhadores de uma empresa multinacional instalada em Lucas do Rio Verde e que iniciou greve nesta segunda-feira fechou as principais entradas de caminhões e ônibus no interior da indústria. Eles reivindicam melhorias salariais, auxílios habitação e alimentação, entre outros benefícios.
Pela manhã, o grupo se posicionou no portão de entrada do pessoal, procurando ganhar a adesão dos demais trabalhadores. À tarde, vendo que ônibus transportando trabalhadores buscaram entradas alternativas, os manifestantes decidiram bloquear as entradas de veículos, tanto de transporte de pessoal, como de insumos. Outra medida adotada foi posicionar os trabalhadores na rotatória de acesso à indústria. Eles fizeram um cordão na rodovia, estendendo a faixa que declarou a greve.
Uma guarnição da Polícia Militar está no local desde o início da manifestação, ocorrida na troca de turno da madrugada. Às 03 horas da madrugada, houve a maior aglomeração do movimento. Na ocasião, cerca de 2,5 mil trabalhadores fizeram parte do piquete, segundo coordenadores do movimento. No final da tarde o número de grevistas diminuiu, já que os grupos passaram a se revezar. A PM deve ganhar reforço de policiais de outras cidades da região, para garantir a presença de pelo menos uma guarnição em período integral e mais policiais nos horários de trocas de turno. Segundo a PM, não foi registrado incidente.
Demissões
Os trabalhadores, que reivindicam reposição salarial de 16%, melhorias nos tíquetes refeição e passe do transporte além do repasse das moradias que ocupam no bairro Tessele Junior, voltaram a falar em pressão por parte da empresa para que não venham a aderir ao movimento grevista. De acordo com trabalhadores, já houve desligamentos provocados pela greve e há ainda, segundo afirmam, uma lista de dispensa que afeta os grevistas que forem identificados.
Eles prometem prosseguir com o movimento enquanto a empresa não iniciar as negociações para contemplar a pauta de reivindicações defendida pelos trabalhadores. Segundo os trabalhadores, a decisão de deflagrar a greve foi tomada ainda no mês passado e comunicada à empresa. O sindicato da categoria não tem envolvimento com o movimento.
Nota
A empresa divulgou nota no início da noite afirmando que o movimento é ilegal, uma vez que está negociando junto ao sindicato da categoria o dissídio coletivo. Além disso, assegura que a maioria dos manifestantes não tem qualquer relação trabalhista com a empresa e que a produção não foi afetada.
Íntegra da nota divulgada pela empresa.
Com relação ao movimento ocorrido nesta segunda-feira (16/09), próximo às instalações da unidade da BRF em Lucas do Rio Verde, a empresa informa que:
· Trata-se de movimento ilegal, uma vez que estão em andamento, com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (Sintralve), as negociações do próximo dissídio da categoria e as pessoas que encabeçam o movimento são estranhas ao processo;
· a data base da categoria é a partir de 1º de outubro, portanto, esta mobilização é imprópria, inoportuna e fere todos os princípios da liberdade nas relações do trabalho entre empresa e trabalhadores;
· a grande maioria dos manifestantes é formada por ex-funcionários e pessoas que sequer trabalham ou trabalharam na empresa;
· as operações na unidade não chegaram a ser afetadas e continuam em ritmo normal.
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