Na Cuiabá de outrora, nas décadas de 60, 70 e 80, antes do raiar do dia, acompanhando o aroma do café coado no pano, uma voz se fazia companhia dos trabalhadores e das donas de casa. Com um jeito todo irreverente, alcançando os aparelhos de rádio de todas as classes sociais, o radialista Antônio de Moraes, conhecido como Nhô Boró, anunciava o dia.
Dos mais respeitados e queridos profissionais do rádio na baixada cuiabana, Nhô Boró fez história na comunicação de Mato Grosso. Consagrou o programa “Ranchinho do Boró”,no estilo sertanejo, e seus “recados” cumpriram uma das principais missões do rádio que é a prestação de serviços ao cidadão. Sua trajetória começou na rádio Voz do Oeste, sendo um dos poucos profissionais do rádio que teve a oportunidade de apresentar um programa de auditório aqui no estado.
Em 30 anos, o “Ranchinho do Boró” esteve presente nas madrugadas dos mato-grossenses em diferentes emissoras: Voz do Oeste, Difusora, Atividade e A Gazeta. E é justamente Nhô Boróo nome do Troféu que homenageia os profissionais do rádio de Mato Grosso.
Desta vez, serão homenageados os radialistas Samuel Levy; Cícero Tavares da Silva e Toninho Triunfo. A cerimônia de entrega acontece na quarta edição do Seminário do Rádio, no dia 7 de novembro, às 20h30, no auditório “Liu Arruda” do Tribunal de Contas do Estado – TCE MT, como parte da programação cultural do evento.
Criado pelo Escritório do Rádio, em 2011, para comemorar o Dia do Rádio, o objetivo do troféu é reverenciar os profissionais que dedicaram boa parte da vida para construir a história do Rádio em Mato Grosso. O jornalista e radialista Glaucus Samuel Levy, 80 anos, iniciou sua vida profissional como Radialista no Rio de Janeiro, trabalhando na extinta rede Tupi e na Rádio Globo. Depois se mudou para São Paulo, onde atuou como redator chefe do Jornal Falado, na TV Record, na Rádio e TV Excelsior, em seguida, veio para Mato Grosso. Nestas terras, trabalhou na Rádio A Voz do Oeste, Rádio Difusora e no Jornal Diário de Cuiabá.
Samuel Levy fundou o Sindicato dos Radialistas, registrando todos os profissionais do estado, beneficiando a categoria com o piso salarial e outros direitos para os trabalhadores da radiodifusão. Agora o radialista está aposentado, mas mantém sua paixão pela comunicação.
Nascido no Paraná, e há 30 anos em Alta Floresta, o radialista Cícero Tavares faz parte da comunicação do norte do Estado. Aos 51 anos, destes 34 dedicados ao rádio, Cícero é um dos homenageados do IV Seminário do Rádio.
Desde a adolescência trabalhava na comunicação, começando aos 13 anos no serviço de alto-falante TUPI em Ubiratã, no Paraná, onde aos 15, foi aprendiz de sonoplastia na Rádio Difusora. Em 1979, atuava como sonoplasta e locutor nos finais de semana, inicialmente com os nomes Cid Corrêa e depois Sandro Silva. A mudança para o nome próprio aconteceu após o primeiro troféu de liderança de audiência, programa Show da Noite, ainda como Sandro Silva. No entanto, muitas pessoas da região o conheciam como Cícero Tavares e na cerimônia realizada no Lyons Clube, de Ubiratã (PR), o apresentador falou sobre a mudança do nome artístico.
Após três anos na Rádio Difusora, seguiu para a Rádio Cultura de Iporã, também no Paraná. Em 1983, a Rádio Celeste de Sinop foi inaugurada e a convite do advogado Ricarte de Freitas, aceitou integrar a equipe ao lado de José Pedro Serafini, Juarez Costa, Pedro Porto, Jota Gonçalves, entre outros. Em 1984, Cícero mudou para Alta Floresta, para trabalhar na Rádio Progresso, onde acumula 30 anos como locutor, apresentando os programas Cícero Tavares, das 8h às 11h,e o Jornal da Progresso, das 11h30 às 12h30.
O terceiro homenageado da noite é o paulista Antônio Gomes Triunfo, cuja carreira de técnico em telecomunicações começou aos 25 anos na empresa Sociedade Técnica Paulista, especializada na montagem de torres de transmissão, com sede em São Paulo.
Em 1972, veio para Mato Grosso e montou a primeira emissora de Rádio: a Rádio Cultura de Cuiabá. Desde então são mais de 40 emissoras de rádio de Mato Grosso, que surgiram pelas mãos do técnico em telecomunicação, Toninho Triunfo, dentre as quais: Rádio Industrial de Várzea Grande, Pioneira de Tangará da Serra, Difusora de Barra do Garças, Regional de Nortelândia e Rádio Clube de Arenápolis.
Toninho é uma espécie de “socorrista técnico” da maioria das emissoras do estado, muitas vezes resolvendo problemas técnicos até por telefone. Hoje, aos 75 anos de idade, casado, com três filhas, três netos e uma bisneta. Toninho Triunfo continua atuando e contribuindo com a radiodifusão em Mato Grosso, construindo, reformando e dando manutenção em emissoras de todo o estado.
Se hoje, emissoras irradiam sinal com ótima qualidade, boa música e muita informação, por esse Mato Grosso afora boa parte desse resultado deve-se ao esforço, a dedicação e ao profissionalismo do técnico Toninho Triunfo.
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