Uma jovem que saiu de Lucas do Rio Verde há mais de dois anos para tentar a vida de modelo em São Paulo é capa regional da Revista Veja São Paulo. Loemy, que tem 24 anos, chamou a atenção dos jornalistas da revista. Loira, magra, 1,79 metro, a ex-modelo luverdense perambula pela região conhecida como cracolândia, onde os viciados passam a maior parte do dia.
Segundo a revista, houve algumas tentativas de conversa com a ex-modelo, já que, arredia, sempre rejeita o contato de pessoas que não fossem os próprios viciados. Em três sessões de conversa, Loemy reviveu o sonho de brilhar nas passarelas, que a motivou a tentar a sorte em São Paulo. Quando não está sob efeito das drogas, a jovem mostrou lucidez em relação ao seu estágio de degradação física e moral provocado pelo vício. “Quando me mudei para São Paulo e descobri que existia um lugar como a Cracolândia, fiquei horrorizada com aquelas pessoas na rua”, lembra. “Hoje, eu é que estou nessa situação”, disse à Revista Veja SP.
Ela confessou que consome em média cinco pedras de crack e que para bancar o vício acaba se prostituindo para conseguir o dinheiro. Antes, ela chegou a pedir esmola e até roubar, mas entrou em desespero ao tentar roubar uma mulher.
A revista ainda falou da infância de Loemy ao lado da mãe e da irmã, que ainda residem em Lucas do Rio Verde. O pai abandonou a família quando a ex-modelo ainda tinha dois anos de idade. Quando criança foi molestada sexualmente pelo padrasto. Ela chegou a relatar para a mãe, que dias depois flagrou o abuso, expulsando o ex-companheiro de casa.
Foi em Lucas que ela iniciou a carreira de modelo, até ser descoberta por um produtor de moda que a incentivou a tentar a vida em São Paulo. Segundo produtores de moda ouvidos pela revista, faltou foco e disciplina à Loemy, que passou a beber e fumar com frequência, perdendo os compromissos. Ela atribui parte desses problemas à frustração de não ver as coisas andando no ritmo com que sonhava. “Desafogava frequentando muitas festas”, disse. Em sua cidade, ela já havia experimentado maconha. Na capital, foi apresentada à cocaína pelos promoters das baladas.
Loemy passou a usar crack em setembro de 2012, após ser assaltada. Ela foi comprar maconha e acabou tendo a bolsa roubada. A partir desse dia, a substância se tornou parte de sua vida, pois a ajuda a ficar tranquila, sem se importar com a realidade.
A ex-modelo recebeu ajuda para abandonar o vício e chegou a voltar para Lucas. A mãe chegou a ir para São Paulo resgatar a filha. “Já tentei interná-la, mas não deu certo. Toda noite fico de joelhos e oro por duas horas, pensando quantas noites ela não dorme com fome. A única solução é conseguir um tratamento em São Paulo”, diz a mãe de Loemy, Elizabeth, que é fiel da igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil.
No ano passado, por duas vezes, Loemy chegou a passar pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no Bom Retiro. Não aceitou ser internada e acabou direcionada para uma unidade de atendimento psicossocial.
Durante a conversa com a reportagem de Veja SP Loemy revelou o desejo de mudar de vida, voltar a estudar e se formar engenheira, pois se considera velha demais para ser modelo.
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