O pecuarista e empresário do setor sucroalcooleiro José Carlos Bumlai se preparava para tomar café da manhã no hotel Royal Tulip, em Brasília, onde estava hospedado junto com seus dois filhos, quando a Polícia Federal chegou, por volta das 7h40 desta terça-feira (24), para prendê-lo.
Em seguida, ele foi levado para a superintendência da PF, em Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Operação Lava Jato, que apura desvio de recursos da Petrobras.
Bumlai estava em Brasília para prestar depoimento à CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), na Câmara dos Deputados. A comissão apura suposto tráfico de influência do pecuarista em contratos firmados pelo banco estatal. Bumlai é amigo de Luiz Inácio Lula da Silva e supostamente tinha acesso ao gabinete presidencial no período em que ele era presidente da República.
No hotel, a polícia apreendeu computadores e documentos, material que Bumlai trouxe para apresentar à CPI. Segundo amigos da família, esses documentos são extratos bancários e recibos que serviriam de argumento para o empresário afirmar à CPI que os empréstimos com o BNDES foram legais e que nenhuma dívida foi perdoada.
Esses mesmos amigos dizem que ele tinha recomendação médica de não comparecer à CPI porque nesta semana passou mal, com pressão alta.
Os dois filhos de José Carlos Bumlai, Maurício e Guilherme, prestaram depoimento à PF, em Brasília. O depoimento de Maurício Bumlai começou por volta das 10h e e durou cerca de uma hora e 20 minutos. Guilherme depôs em seguida e deixou a PF por volta das 12h50. Na saída, nenhum dos dois quis dar declarações.
Eles prestaram depoimento porque, como sócios da usina de açúcar e alcool São Fernando, de propriedade da família, assinaram contratos de financiamento da empresa com o banco.
Em nota divulgada nesta terça, após a prisão de Bumlai, o BNDES informou que agentes da PF estiveram na sede do banco e pediram documentos das operações de financiamento do grupo São Fernando, dos Bumlai. Segundo o BNDES, "não houve qualquer irregularidade nas operações".