Mato Grosso, 29 de Março de 2024
Nacional / Internacional

Amor com gosto de bolinho de chuva e chá de cidreira

26.07.2016
11:44
FONTE: Sanny Lisboa

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  • Sanny Lisboa
Hoje (26-07) os fogos de Sant’Ana e São Joaquim me acordaram de madrugada. As tradições da comunidade chapadense em saudar os avós de Jesus neste Dia deles fizeram do barulho, na maioria das vezes incômodo aos meus ouvidos, uma lembrança agradável.

Ainda com os olhos fechados no conforto do meu travesseiro (pois neste ano não tive disposição de participar dessa parte da comemoração da Festa da padroeira de Chapada) imaginei os fiéis alegres na Matriz saboreando o tradicional chá com bolo da avó Sant’Ana...

E num instante meus pensamentos fez uma relação rápida com minha infância, que posso chamar de momento divino, pois nestes dias de festejos Sant’Ana tem nos presenteado com amor de avó com pequenos e grandes milagres.

Foi um reviver de carinhos, que só avós podem dar... A casa era simples, da “vó Maria”. Ela sempre estava no quarto. Gostava de ficar “escondida”.

Enrolada aos lençóis. Sempre com aspecto de fraqueza. O humor não era dos melhores...todos sabiam. Hoje eu sei o mal que ela sofria. Mesmo assim, vencia a depressão e cumpria seu papel quando eu chegava. Ela saía do seu mundinho. Me abençoava, beijava minha mão.

Mandava eu sentar na beira da cama.

Logo ela já vinha com aquela história: “ Minha filha, você está muito magrinha.” Saía dos seus lençóis. Corria na cozinha, esquentava um leite, adoçava, muito! Pegava seus biscoitos como se fossem tesouros escondidos em suas mãos. E corria no quarto para me dar. E eu precisava comer. Não importava a hora do dia. Não importava se tinha feito a principal refeição há alguns minutos...Isso se repetia todas as vezes que a visitava. Na infância, na adolescência. E tenho certeza que se ela alcançasse minhas outras fases seria assim...mesmo hoje eu “estaria magrinha demais” e teria que beber seu leitinho e comer seus biscoitinhos.

Cidade pequena do interior, onde nasci. O cheiro era convidativo, não consigo lembrar se era de comida, se era de doce, se era de bolo. Só tinha uns três ou quatro anos. Sei que era casa da vovó “Lena” e do vovô “Tal”. Ah...como eu adorava chegar lá! Um pé de amora nos fundos.

Muitas árvores. Tudo muito limpo. Em metros quadrados hoje sei que não passava de um lote comum de uma família pobre. Mas para mim era o maior e o mais interessante quintal do mundo. Eu e minha prima Elenilza passávamos horas em cima daquele pé de amora...e como era divertido.

Melhor mesmo quando a vovó Lena chamávamos para comer bolinhos de chuva com chá de cidreira. E o vovô “Tal” me colocava sentada em cima da mesa da cozinha para total descontentamento de minha mãe. De “lá de cima” eu podia olhar as chamas do fogão à lenha e ver os bolinhos dançando, mergulhados na banha, dentro da frigideira, enquanto a vó Lena mexia, tirava e colocava-os no prato.

Do vô Eduardo eu não tenho palavras, só sentimentos. Não me viu nascer...infelizmente. Digo isso porque sei que perdi muito por não ter convivido um pouquinho só com ele.

Pois amor de vô e de vó é como leite quente e biscoito doce. Esquenta a alma, alimenta sonhos. É bolinho chuva que assanha sentimentos, desperta para a vida...

É como sentar láaaa... em cima da mesa. E ver um mundo cheio de amor e de afeto, onde você se sente a pessoa mais feliz, mais amada e mais segura do mundo!

Os avós têm esse poder. Eles nos fazem sentir seres únicos, importantes, amados, queridos...

Amor de vô e de vó é assim, não tem igual!

Parabéns aos queridos avós. E viva Sant’ Ana e São Joaquim!!!

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