Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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Brasil não se prepara para tragédias, diz perito de avião abatido na Ucrânia

23.06.2015
09:37
FONTE: G1

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  • Perito criminal brasileiro Carlos Palhares (na linha de baixo, o segundo da direita para a esquerda) no grupo da Interpol que identificou os mortos em voo derrubado na Ucrânia
Um perito que viu de perto tragédias recentes da aviação em vários países diz que a falta de preparação é o "calcanhar de aquiles" do Brasil. Carlos Eduardo Palhares, coordenador do grupo de identificação de vítimas da Interpol (a polícia internacional), afirma que equipes de socorro e perícia do país não estão prontas para atuar juntas após desastres.

Ao G1, em sua primeira entrevista após retornar do trabalho na Ucrânia e na Holanda, onde analisou os corpos do avião abatido por um míssil no ano passado, deixando 298 mortos, o perito criminal brasileiro disse que o problema no país é cultural.

“O Brasil não tem uma cultura de treinar para uma situação de desastre. Este é o nosso calcanhar de aquiles. Se espera acontecer para pensar no que vai fazer", afirmou. "Eu vi isso em todas as grandes tragédias: enquanto o pessoal já devia estar se mobilizando, ficam se digladiando para saber quem vai fazer o que, quem vai coordenar."

"A cultura brasileira não é uma cultura que favoreça uma ação adequada de integração entre todas as forças no momento da tragédia, principalmente no contexto em que faço parte", diz.

Segundo Palhares, falta integração entre todas as instituições que atuam no momento de uma grande tragédia, como Corpo de Bombeiros, equipes de resgate, policiais e peritos. "Cada instituição tem seu plano de ação, e o processo de identificação de corpos é discutido caso a caso."

O perito afirmou ainda que a prioridade deve ser o atendimento aos feridos, mas as equipes não podem se esquecer da perícia, que, além de confirmar quem são as vítimas, trabalha para entender as causas do acidente.

Durante a Copa do Mundo, a atuação em conjunto funcionou, reconheceu Palhares. "Realizamos uma mobilização nos estados-sede dos jogos para preparar equipes para um eventual desastre. Mas, via de regra, os grupos não estão preparados para trabalhar juntos."

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