Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Delator da Lava Jato diz à Justiça Federal que 'teme' Eduardo Cunha

31.07.2015
09:24
FONTE: G1

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  • Júlio Camargo disse ter sido pressionado por Eduardo Cunha
O ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, réu em processos da Operação Lava Jato, afirmou que eventuais contradições nos depoimentos prestados em acordo de delação premiada são consequências de um “temor” em relação ao presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. A afirmação foi feita em documento enviado à Justiça Federal pela defesa de Júlio Camargo.

Em depoimento prestado para colaboração com a Justiça, Camargo afirmou que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o delator, Cunha disse que era "merecedor" de US$ 5 milhões.

Em depoimentos anteriores, Camargo chegou a dizer que não se lembrava de encontros com Eduardo Cunha. Posteriormente, ele afirmou que, além do receio de enfrentar influência do presidente da Câmara, acreditava que só deveria citar políticos se fosse ouvido no Supremo Tribunal Federal.

“Eventuais contradições de Julio Camargo, advém de seu justificado temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha, que hoje ocupa a presidência do Poder Legislativo Federal. A idoneidade da colaboração, deve ser avaliada por todo conjunto de elementos trazidos pelo colaborador, que demonstra que não houve arranjos ou conchavos para harmonizar versões e criar uma falsa imputação”, diz trecho das alegações finais da defesa em um dos processos a que o cliente responde.

O documento sustenta que a colaboração de Júlio Camargo foi minuciosa, corroborada por vários colabores e por outros meios de prova.

A defesa de Júlio Camargo ainda faz críticas à atuação da CPI da Petrobras, afirmando que se trata de uma “lógica de gangue”.

“Basta ver o que a CPI tem tomado uma série de medidas para desmoralizar a investigação, convocando familiares de colaboradores e pedindo a quebra de seus sigilos bancários e fiscais, além de medidas de coação contra Delegados Federais e advogados, a lógica da gangue continua vigorando: intimidação e corrupção”, diz trecho do documento.

Propina

Em depoimento, o delator afirmou que os outros US$ 5 milhões seriam pagos ao lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", um dos presos da Lava Jato.

"Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares e eu. [...] Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões", enfatizou Camargo.

"E que isso estava atrapalhando, que ele estava em véspera de campanha, se não me engano, era uma campanha municipal... e que ele tinha uma série de compromissos e que eu vinha alongando esse pagamento há bastante tempo e que ele não tinha mais condições de aguardar", complementou Camargo no depoimento dado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.

No relato à Justiça Federal, o ex-consultor da Toyo Setal afirmou que Eduardo Cunha era sócio oculto de Fernando Baiano.

“O deputado Cunha não aceitou que eu pagasse somente a parte dele. 'Olha, Júlio, eu não aceito que você faça uma negociação para pagar só a minha parte. Você até pode pagar o Fernando mais dilatado, mas o meu preciso rapidamente. Eu faço questão de você incluir no acordo aquilo que falta pagar ao Fernando'. E aí chegou um SMS: 'Entre US$ 8 milhões a US$ 10 milhões', uma coisa assim”, destacou Camargo no depoimento.

O ex-consultor da Toyo Setal afirmou que, sem ter recurso para pagar a propina, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o Tribunal de Contas da União (TCU).

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